𝚅𝙸𝚂𝙸𝚃𝙰 |27

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Ele mencionou que eu costumo pensar demais, que seria melhor me acalmar antes de agir, que eu precisava ser mais confiante e menos indecisa.

Ele disse tantas coisas, mas nada fez sentido.

— Você acredita que pode determinar quem merece sofrer, Lana? — ele questionou, fitando-me nos olhos, tentando capturar meus sentimentos e pensamentos.

Você já perguntou isso antes. — afirmo, balançando os pés que não alcançavam o chão enquanto eu estava sentada na cadeira rosa.

Sim, mas os pensamentos de todos nós podem mudar, principalmente os seus.

"Principalmente". Ouvi tantas vezes essa palavra quando se referiam a mim, como se eu fosse diferente. Eu não quero ser diferente, não quero ser tratada de forma distinta. Por que eles não podem me tratar como tratam as outras crianças?

Não acho que posso decidir isso. — menti.

Esta questão envolve casos específicos. Se alguém me fizer mal, sim, acredito que posso decidir se essa pessoa também irá sofrer ou não. Mas mamãe disse que eu poderia parar de tomar aqueles remédios quando melhorasse, e talvez melhorar signifique agir de forma diferente e responder de maneira diferente.


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  Preparo mais um chá de camomila, buscando acalmar a ansiedade que insiste em tomar conta do meu corpo. É um ciclo familiar, como se eu estivesse destinada a isso. Em um impulso, volto a verificar as redes sociais em busca de algum sinal dele, mas diferente de Alan, ele não se manifesta, o que me angustia e consome por dentro.

  Deveria simplesmente esquecer que me entreguei tão profundamente a alguém que parece ter desaparecido em questão de horas, deixando apenas solidão e curiosidade?

  Parar de procurá-lo... Não sei se estou pronta para isso, ou se sequer seria capaz.

  Brinco com o pingente preso à corrente em meu pescoço enquanto levo a xícara até meus lábios.

  Ele tem compromissos. Uma vida fora de Maryland. Mesmo que eu implorasse, ele não poderia ficar. Talvez... Se eu tivesse dito que o amava, ele teria reconsiderado? Mas e se eu estivesse mentindo? E se todo aquele calor no peito, toda aquela euphoria, fossem apenas uma busca cega por sentir algo que desconheço? E se minha fascinação fosse apenas uma breve obsessão que acabaria me machucando novamente?

  Mas a falta dele também está me machucando...

  O som do motor do carro, a porta sendo fechada e passos se aproximando me fazem levantar do sofá para abrir a porta.

— Espero que seja algo realmente importante. Não faz muito tempo desde a última vez que estive aqui. — Disse minha tia com seriedade, segurando firme a alça da bolsa de couro.

— Sim, é importante. — Respondi, abrindo espaço para ela entrar.

  Era estranho ouvir Eleonor falar assim, afinal ela já sabia do assunto, tínhamos conversado por telefone. Sua expressão preocupada agora era compreensível, mas algo nela parecia diferente do habitual quando se tratava da minha tia.

— Está muito melhor aqui. — ela disse, observando todos os lados do cômodo.

  Passei o sábado inteiro limpando a casa, só para ocupar a minha mente, então sim, estava realmente muito melhor.

"Querido Diário" de Lana BergerOnde histórias criam vida. Descubra agora