𝙼𝙸𝚂𝚃𝙴𝚁𝙸𝙾𝚂𝙾𝚂 |29

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Ao pesquisar "Eleonor Berger" em meu computador, me decepciono ao não encontrar nada, e me amaldiçoo brutalmente por não lembrar de jeito nenhum o sobrenome do seu marido.

Faz algumas semanas que encontrei o Instagram de Ivan, pesquisando apenas pelo seu sobrenome. O mesmo perfil para o qual tentei ligar algumas vezes, mas não fui atendida. Minha intenção era fazer perguntas, mas... No fundo, eu realmente estava sedenta por ouvir sua voz outra vez.

Já eram por volta das quatro da tarde. Posso dizer que fiquei horas criando histórias na minha cabeça que tivessem alguma ligação com tudo que minha tia disse.

Me afasto do computador, frustrada com a falta de informações. Sempre foi tão fácil achar informações sobre famílias alheias, por que sobre a minha tem que ser tão difícil?

Sobre a mesa à minha frente havia uma folha de ofício com os seguintes tópicos: Cabana, homem misterioso, Lurci Bueno e França.

Sob o nome da minha falecida vizinha, começo a anotar o infeliz detalhe de que minha tia teve um caso com o marido dela e também que a infeliz alma matou o meu inocente gatinho. Isso me faz pensar que talvez seja por isso que a velha não gostava muito de mim, por causa de Eleonor.

Pego meu celular e visualizo a mensagem de minha tia, que indicava a hora e o lugar onde teria minhas aulas de tiro. Saindo do seu contato, percebo que tenho mais umas 10 mensagens de Charlotte. Isso me faz levantar da cadeira e ir tomar banho, pois ela havia pedido para que a encontrasse na casa dela.

Observo as flores de cerejeira estampadas no objeto à minha frente. Ivan seria uma fonte perfeita para minhas respostas, se não fosse tão difícil arrancar palavras daquele infeliz quanto é de minha tia.

Impulsivamente, agarro o sabonete líquido que estava sobre a prateleira e começo a despejá-lo no chão, sendo levado no mesmo instante pela água do chuveiro.

Se lembrar de Ivan está sendo insuportável, imagina lembrar das coisas que o mesmo fez.

Rio do meu próprio pensamento tolo enquanto vejo a última gota do sabonete se ir ao ralo. Adeus aos apelidos idiotas e pensamentos indesejados sobre seres intrusivos.

Eu realmente preciso esquece-lo.

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Aos poucos, sentia uma brisa gélida contornar a minha pele enquanto esperava pacientemente que Charlotte abrisse a porta de sua casa.

- Está atrasada. - A garota pronunciou assim que abriu a porta, cruzou os braços e forçou uma expressão carrancuda.

- Olá para você também, Charlotte querida. - Sorri enquanto abraçava o meu próprio corpo, tentando me proteger do vento frio que continuava atormentando o lindo dia de hoje.

Ela cedeu, esboçando um sorrisinho e então liberou o caminho para mim, que não pensei duas vezes antes de adentrar a sua moradia, acolhedoramente quentinha.

O interior da casa dos Vitali se diferenciava pelo tanto de plantas que havia ali, além de diversos móveis antigos que serviam mais como decoração. Desde que vim aqui pela primeira vez, a casa da Char se tornara mais interessante que a minha. Até os sapinhos de porcelana da sua janela pareciam mais coloridos que os meus.

- O meu quarto está uma bagunça. Não diga nada e preserve a paz entre nós. - Ela falou de forma séria, mas sua expressão descontraída entregava sua brincadeira.

"Querido Diário" de Lana BergerOnde histórias criam vida. Descubra agora