4 - "When the lights fade out, all the sinners crawl"

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Certamente se Dazai estivesse passeando em um zepelin e observando o mundo abaixo de si, seria como olhar para o interior de um formigueiro espetacularmente grande.

A manhã mal iniciara e as ruas da cidade estavam lotadas. Um fluxo constante de homens com bengalas e mulheres de chapéus amarrados com fitas embaixo do queixo. Não se incomodavam com o topo dos prédios escondidos por uma névoa densa e gélida, ou mesmo o chão se afundando em camadas e mais camadas de neve.

Seguindo a informação de Nakahara, Dazai se encontrava na terceira rua atrás do sino. Onde as zonas baixas da cidade davam seu indício. A plebe maltrapilha andava de cabeça baixa, sujeitos mal-encarados limpando a barba suja na manga da camisa, moscas voejavam aos montes nas lixeiras e ratos disparavam por entre os pés dos pedestres apressados.

Graças à multidão, Dazai passava despercebido. Parado na calçada, fitando a torre do sino. Era um pouco mais alta do que a maioria dos prédios e, no entanto, a névoa não a cobria por completo. Dazai adivinhou que o cuidador responsável era, muito possivelmente, detentor de magia.

"Sabia que o sino só toca quando precisam alertar a cidade sobre um confinamento urgente?" — Dazai comentou, o vento soprava seu cabelo sobre o rosto. Frio como agulhas tentando penetrar suas bandagens.

Dazai nem sentia. Não era nada para ele. Não havia nenhum frio como o que um fantasma trazia consigo, o gelo sobrenatural que se acomodava nos ossos e nenhuma lareira era capaz de amenizar.

"Então é bom que esteja podre." — Oda respondeu.

Oda não gostava muito de bailes e por isso não apareceu na noite anterior. Preferia beber seu uísque em bares vagabundos e perambular pela noite como um cão vira-lata.

"Está aberto." — Oda avisou.

Dazai deu as costas para a torre do sino.

A loja que procurava era uma coisinha minúscula. Espremida entre uma chapelaria e uma botica, passava despercebida pela maioria das pessoas — o que deveria ser o objetivo, para evitar problemas com a lei.

Dazai empurrou a porta encardida e Oda ficou do lado de fora, checando o perímetro e se certificando de que não seriam interrompidos.

O dono da loja, um sujeito de mãos manchadas de pólvora e costas curvadas, exibiu um sorriso cheio de travessura para Dazai.

"Muito bom dia, meu bom senhor." — foi logo dizendo — "Precisando de alguma coisa específica?"

Dazai apoiou, no balcão precário, uma bolsinha de couro cheia de moedas. Os olhos pequenos do homem brilharam.

"Me mostre sua coleção de revólveres." — Dazai falou.

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"Então, onde está?" — Nakahara indagou.

Aninhado entre edifícios de negócio e a maior catedral da cidade, ficava o viaduto ferroviário. A passagem constante da locomotiva fazia as construções chacoalharem e ensurdecia os desafortunados.

O trilho do trem fazia curva pela torre mais alta da catedral. Devia ser um inferno para os fiéis se concentrarem com o barulho da ferrovia.

Abaixo da ponte, entre os arcos de pedra, ficava uma extensa rua suja e isolada. Além de alguns dejetos, nada mais era visto. O ar taciturno compelia os Mundanos a darem meia volta ou simplesmente tomarem um caminho mais longo, apenas para não entrarem naquele lugar.

"Não vejo nada." — Nakahara continuou sua reclamação.

"Ora, é claro — disse Dazai solenemente — você precisa acreditar."

What The Dead WhisperOnde histórias criam vida. Descubra agora