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Crystal
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Risadas soaram no ambiente, algumas meninas sentadas no grande sofá branco, no meio da sala, pareciam animadas com a conversa.
De repente uma saudade de casa me invade, saudades das brincadeiras bobas de Miguel, que sempre acabavam em nós dois morrendo de rir… saudades de acordar pela manhã com o cheirinho de bolo recém saído do forno, que mãe fazia todas as sextas… tô com saudades até das piadas ruins que meu pai fazia, toda vez estávamos todos juntos.

“Será que eles também sentem falta de mim?...”

Me encolhi no cantinho sentada em um puff, tentando voltar a ler o livro que peguei emprestado na biblioteca, mas na verdade não conseguia prestar atenção mesmo que tentasse.

Vi de canto de olho Hellen conversando no corredor com Brenda, que falava enquanto mexia as mãos sem parar, estava longe e não conseguia ouvir o que elas falavam, mas claramente ela estava nervosa com qualquer que fosse o assunto. Depois da conversa de hoje cedo, a loira não dirigiu a palavra para mim, na verdade sentia que ela estava evitando de me olhar desde então…

A porta se abriu, trazendo para dentro o vento fresco de começo da noite, carregado com o cheiro de grama do jardim se misturando com aquele perfume, que aprendi a identificar tão rápido, quase como se fosse instintivo, ainda me lembrava a canela. Fitei a garota que acabava de entrar, com os cabelos presos em um meio rabo de cavalo, bagunçado, segurava em sua mão esquerda seu skate, a mesma passou pelas as meninas que conversavam no corredor perto da porta. Hellen parecia ter dito um oi, enquanto Brenda só fez um movimento de cabeça.

Senti meu coração dar um mortal duas vezes seguidas quando a garota que observava desde que entrou me olhou, com aquela intensidade, que já estava começando a ser corriqueira para mim “será que ela olha pra todo mundo assim?!” seus olhos se estreitaram para mim, me dando a certeza que eu tinha sido pega no flagrante…

Aquele sorriso de canto, se fez presente em seus lábios, quando a mesma caminhava em minha direção, desviei os olhos dela para o livro tão rápido, que senti meu olho doer, torcia mentalmente para que ela não tivesse percebido, que estava lhe encarando igual uma boba todo esse tempo, mesmo que não a estivesse a olhando agora, tinha certeza que ela estava “céus… como é possível sentir o olhar de alguém dessa maneira?” senti meu rosto começar a esquentar, porque toda vez que havia isso acontecia…

— Lendo Duarte?! – desviei os olhos das páginas para olhar para cima, a mesma inclinou a cabeça para o lado.

“Para de sorrir assim! Você deveria ser presa por isso!!!”

— É… ãn… sim – gaguejei igual uma boba…

“meus Deus que humilhação…”

— Vive na biblioteca e ainda carrega os livros contigo. – estala a língua — Será que estou diante da garota que rouba livros? – seus olhos não saiam dos meus.

— Bom… talvez – entro na brincadeira — O que posso fazer? Eu amo ler! – dou de ombros, o que a faz rir um pouquinho alto — Assim como você ama seu skate!

Apontei para o skate encostado em seus pés, Kyra balança a cabeça achando graça, se sentando no outro puff, perto de mim.

— Ok!  Realmente você ama os livros.

(Nem) Todos os Clichês São IguaisOnde histórias criam vida. Descubra agora