Apenas pense

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                     ~ Dois meses depois ~

Point of view Samanun

O tempo passou de pressa e aos poucos, as coisas tornavam-se ainda melhores. Entre Mon e eu, tudo estava indo de vento em polpa, a cada dia, eu encontrava um novo motivo para me alegrar em tê-la ao meu lado. Riamos muito, conversávamos muito, nos amávamos ainda mais. Nosso bebê estava crescendo rápido, mas ainda não sabíamos o seu sexo, pois minha querida esposa recusava-se a saber e eu aceitava, mesmo me roendo de curiosidade. Mon estava findando o quarto mês da gravidez, a barriguinha apesar de pequena, roubava-me suspiros; todas as noites eu ficava por horas acariciando-a e conversando com nossa filha ou filho.

E junto com o tempo da gravidez que avançava, uma espécie de loucura havia se instalado em minha menina, me fazendo rir a cada vez que lembrava do que Nam dizia. Embora eu compreendesse que era efeito dos hormônios, as mudanças de humor de Mon estavam sendo uma grande dor de cabeça. Digo dor de cabeça, pois no dia anterior, ela teve o prazer de me acertar com o controle da TV, por eu estar prestando mais atenção no filme do que nela. Depois disso, ela chorou e repentinamente me olhou e começou a rir.

Mas, fora essas loucuras, tudo estava indo bem. Eu passava quase todos os dias na cafeteria, Mon tinha voltado a trabalhar no jornal e, por sorte, havíamos conseguido folgas em dias iguais, onde sempre arrumávamos algo para fazer. Rotina era algo que nunca caíamos.

(...)

A cafeteria estava bastante calma naquele final de tarde, poucos clientes e bastante silêncio. O movimento de manhã tinha sido intenso e por isso, eu estava dando graças aos céus pela folga ter vindo pela tarde, pois eu já estava ficando louca. Odiava quando era meu dia de ficar lá sozinha. As pessoas achavam que eu tinha mais de dois braços, pois pediam tudo ao mesmo tempo e ainda agiam com impaciência. Bufei alto, relembrando-me dos clientes mal-educados e apoiei meus cotovelos no balcão, para massagear minhas têmporas.

- Atrapalho? – Indagou uma voz que eu por incrível que pareça, já conhecia.

- Nita? – Arregalei meus olhos, descrente de que estava realmente vendo aquilo.

- Eu mesma! – Ela sorriu. – Vou querer um macchiato com caramelo. – Ela acrescentou logo depois.

A contragosto e agindo com extremo profissionalismo, eu peguei o copo e fiz seu macchiato, tampei, escrevi seu nome e a entreguei.

- Três dólares. – Falei sem tirar a atenção da digitação que fazia no computador. Nita me deu o dinheiro, imprimi sua nota e entreguei junto com o troco.

- Posso me sentar aqui? – Perguntou ela, apontando para o banco perto do balcão, cujo qual ficava bem perto de onde eu estava.

- Tem cadeiras vazias para lá. – Fiz um movimento com as mãos, como se quisesse enxota-la, Nita riu. Não entendi qual foi a graça.

- Eu quero ficar pertinho de você, Sam. – A voz que saiu pelos seus lábios foi maliciosa. Franzi o cenho e a olhei.

- Bebeu? – Indaguei erguendo o lábio, demonstrando minha total estranheza com sua aparição ali.

- Estou bebendo. – Ela sorriu cinicamente e deu um gole em seu macchiato.

Dei de ombros e voltei à minha inércia. Péssimo dia para estar sozinha ali, nem ler eu podia.

- Mas então, Sam, o que tem feito?

Eu olhei para Nita, querendo acreditar que aquilo tudo não passasse de uma pegadinha. Mas não era.

- Como pode ver, estou trabalhando. – Respondi secamente.

- Você fica mais bonita a cada vez que a vejo.

The Last Coffee (Em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora