Capítulo 6

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 — Caralho! — o gole de champanhe que Olga tinha acabado de dar voou longe quando ela esbravejou em Polonês.

— Laura... — seu tom de voz agora era mais ameno e aquele sotaque espanhol inesquecível quando ele falava meu nome fez o meu corpo inteiro se arrepiar.

A primeira coisa que me lembrei foi do beijo que ele me deu na praia, mas logo essa lembrança foi substituída pelo pesadelo que vivi na casa do pai dele, fazendo a raiva correr pelas minhas veias.

— O que está fazendo aqui? — fiz questão que ele sentisse minha irritação pela minha voz.

— Bom... é você quem está na minha ilha. — ele deu aquele sorriso torto, presunçoso, e acenou com a cabeça quase imperceptivelmente.

Caramba, Laura! Esse é o surfista tatuado? — Olga me perguntou em Polonês.

Agora não, Olo.

Se for ele, vá em frente. — ela disse meneando a cabeça positivamente e, enquanto dava um gole na sua champanhe, media Marcelo de cima a baixo. — Com ele vale a pena trair qualquer marido.

Você deve ser a Olga. — Marcelo disse a ela em Polonês e estendeu sua mão a ela.

Em Polonês!

Desde quando ele sabia falar polonês?

— Porra! — ela se engasgou mais uma vez com a champanhe e colocou a sua taça sobre a mesa.

— Desde quando você fala polonês? — indaguei a ele, completamente incrédula.

— Tem muitas coisas sobre mim que você não sabe, Laura. — seu tom deu um ar de mistério em suas palavras.

— Ainda não me disse o que está fazendo aqui. — mudei de assunto, fazendo questão de soar com rispidez.

— Precisamos conversar. — é tudo o que ele diz.

— Não temos nada para conversar. — me ajeitei na minha cadeira e me virei para frente, tentando fugir do olhar dele.

Nacho estava parado bem ao meu lado. Um pouco atrás do meu ombro direito.

— Laura, por favor. — ele tocou no meu ombro e eu desviei do seu toque. Não por rejeitá-lo ou qualquer outra coisa, mas porque Nacho sempre comoveu meu corpo ao tocá-lo. Desde o primeiro dia.

Eu já teria ido. — Olga murmurou em polonês fingindo que não estava ouvindo a nossa conversa.

Você como amiga é uma excelente inimiga. — rosnei para ela.

— Por favor, Laura. — Nacho suplicou ao se mover e parar na minha frente agora. — Me dê algumas horas e eu te deixo no seu hotel.

— Massimo está vindo para Tenerife. — falei para provocá-lo, erguendo o meu queixo e mostrando a ele me orgulho.

— Ele vai demorar, no mínimo, umas 6h para chegar aqui. — Nacho me estendeu sua mão e eu encarei Olga do meu outro lado.

Não me olhe assim, Lari. — ela fala se recostando em sua cadeira. — Eu já teria tirado a calcinha para ele.

— Você já entendeu que ele sabe polonês, certo? — a questionei, irritada.

— Foda-se! Eu não me importo. — ela disse se levantando e pegando sua pequena bolsa sobre a mesa. Segurou sua taça com força e derramou todo o conteúdo dentro da sua boca de uma só vez. — Vá com o surfista e chegue antes do seu marido. Se você não contar, eu não conto.

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