Point of view Mon
- Mon...desculpa...
Minha mão foi automaticamente em direção ao meu ventre, eu congelei em seu colo vendo o líquido vermelho escorrendo por seus dedos. Por instinto, meu coração acelerou bruscamente, e minhas pernas falharam, esperei as dores chegarem, porém nada aconteceu; bastou que eu pensasse um pouco para as coisas se organizarem em minha mente.
- Mais alguma dúvida?
Vivian, minha ginecologista, e também obstetra, perguntou, após me encher de recomendações. Era uma consulta semanal, que havia se tornado comum desde minha primeira consulta, a dois meses atrás, o diferencial dessa, era a ausência de Sam, que estava trabalhando e não podia sair.
- Uhmm... - Mordi a boca por dentro, pensando. - Acho que não...
- Certeza? - Insistiu.
- Acho que... - Hesitei. - Ah... tenho uma pequena dúvida... - Meu rosto inteiro ferveu de vergonha.
- Diga-me.
A mulher de meia idade, rosto fino, bem cuidado; cabelos Chanel, tingidos de vermelho, me fitou com seus olhos azuis. Por longos minutos eu fiquei pensando em como faria aquela pergunta um tanto indiscreta, se Sam estivesse comigo seria mais fácil, pois ela ia perguntar na lata.
- É que...Samanun e eu... - Fiz gestos apressados com a mão. - O sexo... é meio.... - Minha voz entalou na garganta.
- Intenso? - Induziu, exibindo nos lábios um sorriso divertido.
- Isso... intenso. E bom, eu queria saber se corro algum risco de sei lá, machucar o bebê ou de até mesmo perde-lo.
Senti doer em mim, fazer aquela pergunta.
- Claro que não! - Disse ela, ajeitando-se em sua cadeira, cruzando as pernas. - O que pode acontecer são pequenos sangramentos, pois essa região está em constante mudança e certamente ficará muito mais sensível.
- Mas, como irei saber que é apenas um sangramento normal?
- Se for algo anormal, seu corpo mesmo irá anunciar que tem algo errado com dores, pontadas e sangramentos intensos. Esses que podem ocorrer na hora do sexo, são simples, sangue vivo, porém, rápidos. - Explicou.
- Ah, entendi...
- AI-MEU-DEUS!
Samanun deu um solavanco na cadeira, levantando rapidamente, praticamente me expulsando de seu colo.
- SANGUE...MUITO...MON!
Perdida em total desespero, Sam agarrou seus cabelos, e me fitou com pânico.
- Eu te machuquei...meu Deus! Me perdoa!
Lágrimas romperam seus olhos, e por uns instantes eu quis rir de puro nervosismo.
- Amor... - Segurei seu rosto com minhas duas mãos, obrigando ela a me olhar nos olhos. - Calma.
- Calma? - Ela miou. - Você está sangrando! E se for algo com o bebê? Se sei lá...acontecer algo? Céus! Como você está nessa calmaria toda?
Suas últimas palavras foram gritadas.
- Samanun! - Falei alto; ela arregalou os olhos. - Calma! - Selei nossos lábios; ela nem se mexeu. - Eu já conversei com Song sobre isso, e com nossa médica, ambas disseram que isso pode acontecer, devido ao fato de eu estar com essa região muito sensível, o atrito pode ferir e etc.
Expliquei com imensa paciência, mas ela permaneceu irredutível. Seus olhos faltavam pouco saltar do rosto.
- Você tem que manter a calma, enquanto eu vou conferir se já parou, ok?
VOCÊ ESTÁ LENDO
The Last Coffee (Em revisão)
RomansaEla era uma escritora no auge de seu fracasso, não vendia mais livros, nem escrevia mais poemas, ainda não havia aprendido o quão bela era a poesia de um coração em desordem. Enquanto isso, do outro lado de um balcão, esperando-a com mais um café qu...