Capítulo 27

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 — 3 semanas depois:

Eu não podia estar mais feliz. Talvez, se eu pudesse, explodiria de tanta felicidade.

Luca evoluiu rápido e consideravelmente nas últimas semanas. Passamos de um prematuro extremo a beira da morte, para um neném ficando bochechudo e respirando sozinho.

Sim, há alguns dias Dra. Isabel conseguiu retirar completamente a sua sedação e ele finalmente pôde sair daquele tubo e respirar com os seus próprios pulmões. Um verdadeiro milagre.

Os médicos da UTI pediátrica dizem que meu filho não ter ficado com nenhuma sequela da prematuridade é um verdadeiro milagre. Eles acreditam que talvez, daqui a alguns anos, ele possa apresentar problemas de aprendizado, precisar de óculos ou quem sabe ter perdido um pouco da audição, mas nada disso me importava. Ele estava vivo! Meu filho está vivo!

Fui a UTI durante todos os dias desde a audiência, sem descansar. Sem parar para pensar se deveria ir ou não e agora com 4 meses de vida, no mês que ele deveria fazer um mês de nascido, finalmente recebi a notícia que eu mais esperava... Vamos poder ir para casa.

A transferência do Luca estava marcada para amanhã a tarde. Iremos de avião até o aeroporto de Roma e de lá um helicóptero nos levará até o hospital que Luca ficará internado apenas para fazer uma bateria de exames mais específica para a doença que ele tem.

Por conta da prematuridade ele não precisava mais ficar internado, então, seria apenas mais uns dias até podermos ir, finalmente, para casa.

Casa essa que Domenico comprou em Fiumicino, na província de Roma. Uma cidade praiana e pacata, perfeita para a minha nova vida. Para criar meu filho com liberdade e sem toda aquela influência da máfia e de armas.

E esse era o motivo da minha maior tristeza nas últimas semanas. Massimo havia sumido. Ele nunca mais me procurou, nunca mais me deu um telefonema. Eu sei que ser ameaçado e humilhado por seu inimigo deve ter sido pior do que a morte para ele, mas, ainda assim, essa constatação de que ele desistiu, definitivamente, de mim me machucava como o inferno.

Eu tentava com todas as minhas forças não pensar nisso.

Tinha dinheiro suficiente para viver bem por uns meses e Domenico me ofereceu ajuda, caso eu precisasse, até a saúde do Luca estar reestabelecida.

Eu tinha acabado de voltar do hospital, era o final da tarde e o sol estava se pondo. Passei metade do meu dia na UTI com o meu filho no colo, atenta a cada sorriso sem dente que ele me dava, cada som que a sua garganta emitia, cada movimento dos seus dedinhos perfeitos e gordinhos. Até banho nele hoje as enfermeiras me deixaram dar. A única coisa que eu ainda não podia fazer era alimentá-lo. Luca ainda usava uma sonda fina em seu nariz para levar o leite direto para o seu estômago, ele ainda não conseguia sugar sozinho, então precisava da sonda para se alimentar e ficar forte. Isso também não o impedia de ir para casa. O hospital de Roma disponibilizaria uma enfermeira para ficar em casa com ele durante as 24h do dia.

— Vejo que as notícias são boas. — Nacho disse da varanda, aumentando o tom de voz para que eu ouvisse, pois ainda estava na porta de entrada. Eu chutei as sandálias dos meus pés e fui até ele.

— Melhor impossível! — rebati, animada, quando o abracei. — Luca será transferido amanhã. — senti seu corpo enrijecer encostado ao meu e seus braços ao meu redor me apertaram com mais força. — Está tudo bem? — o questionei me afastando um pouco do seu peito para encará-lo. Nacho assentiu com seus olhos verdes presos aos meus.

— Vamos jantar, você deve estar faminta. — ele me soltou e se afastou, se sentando em uma das cadeiras a mesa da varanda. — Fiz pasta ao sugo, como você gosta, e um pouco de vinho tinto. — ele disse quando pegou a garrafa e derramou o líquido carmim em duas taças, uma de cada vez.

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