Capítulo 29

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Fui em umas das SUVs dos seguranças do Nacho, uns três homens estavam dentro do carro comigo. Nacho foi no carro da frente e também tinha um outro carro atrás de nós. Era praticamente um comboio para me deixar no hospital.

O caminho, como sempre, foi curto e em poucos minutos estávamos parados na entrada principal do hospital.

A porta ao meu lado foi aberta e quando pus um dos meus pés para fora do carro vi que Nacho quem a mantinha aberta.

— Por favor, Laura, me ouça. — ele suplicou se colocando na minha frente quando desci do carro, impedindo minha passagem.

— Nada do que você disser terá alguma importância para mim. — me movi em direção a porta de correr da entrada do hospital, mas Nacho me segurou pela mão.

— Por favor, Laura.

— Adeus, Marcelo.

Puxei minha mão da sua e entrei no hospital o deixando para trás. Eu estava tão magoada e tão sentida, e com tanta raiva por ter sido tão estúpida, que ao parar para pensar vi que agora eu estava sozinha.

Perdi Massimo quando pedi a proteção do Nacho para ficar em Tenerife e Nacho, esse tempo todo, me apunhalava pelas costas.

Me identifiquei na recepção e enquanto esperava a liberação para subir, vi Nacho do lado de fora do hospital. Ele agora estava recostado em um dos carros e olhando, pela vidraça, cada movimento meu dentro do hospital.

Desviei meus olhos da sua figura, pois seu olhar demostrava todo o seu arrependimento e a sua dor, mas eu não me importava. Nada do que eu fizesse com ele seria pior do que ele fez comigo nos últimos meses.

Subi assim que fui liberada pela recepção e toquei a interfone da UTI quando cheguei no andar já bem conhecido por mim.

A entrada da UTI estava toda enfeitava com balões azuis e brancos e dezenas de fotos da evolução do Luca espalhadas pela parede, assim como o nome dele.

Quando terminei de lavar minhas mãos e deixei minhas bolsas no armário, caminhei para dentro da UTI e fui recepcionada por toda a equipe de pé, posicionados em um corredor para que eu passasse por eles. Eles me aplaudiram conforme eu entrava pela UTI e eu não consegui mais conter a emoção. Eram tantos rostos conhecidos. Tantas pessoas que, de alguma forma, me ajudaram nesses últimos meses que meu coração pareceu dobrar de tamanho.

Continuei caminhando até encontrar a Dra. Isabel segurando meu filho no colo enquanto sorria para mim.

A alegria da alta do Luca era mútua, a emoção também. Eu esperei tanto por esse dia que meu coração dói, mas dessa vez é de felicidade. Segurei Luca com o braço direito quando ela me ofereceu ele e a abracei como pude.

— Obrigada por tudo. — sussurrei para ela. — Sem você não teríamos conseguido.

— Não precisa me agradecer, querida.

Cumprimentei um por um da equipe. Principalmente as enfermeiras que sempre cuidaram tão bem do meu filho. Muitas vezes fazendo o papel de mãe para ele, porque eu não podia estar por perto.

Depois que as felicitações acabaram, Dra. Isabel me abraçou de lado e me puxou com delicadeza até onde ficava o berço do Luca. Ela apontou para poltrona que ficava do lado da incubadora e eu me sentei, ainda com o meu filho adormecido em meus braços.

— Marcelo Matos me contou tudo. — foi a primeira coisa que disse a ela. — Eu sinto muito que tenha passado por isso.

Dra. Isabel puxou uma cadeira de escritório que estava por perto e se sentou a minha frente.

— Eu sinto muito que você tenha passado por isso, Laura. — ela retrucou, triste. — Eu não podia dizer nada, sinto muito.

Neguei com a cabeça e olhei rapidamente para Luca, voltando logo os meus olhos para ela. Não consigo mensurar o medo e agonia que essa mulher deve ter passado com as ameaças do Marcelo, só de pensar me arrepio. As Canárias vai ser um capítulo da minha vida que quero apagar para sempre da minha memória.

— Eu só quero ir para casa... — sussurrei segurando as lágrimas quando olhei para o meu filho. — Começar tudo de novo, só eu e ele.

— Você é uma mulher muito forte, Laura. — ela se inclinou um pouco para frente e afagou o meu joelho direito. — Foi bom participar de todo esse processo. Não foi só o Luca que nasceu de novo... — quando olhei para ela, ela sorria de forma amorosa para mim.

— Vou sentir sua falta. — falei segurando a sua mão que estava no meu joelho. — Por um acaso você também não quer começar uma nova vida na Itália? — brinquei.

A médica riu e se levantou.

— Falando nisso. Finalmente temos um avião UTI para transportar o Luca.

— Por quê? — a questionei confusa e logo depois me lembrei da conversa entre o Marcelo e sua irmã. — Claro, o Marcelo...

— Ele dificultou bastante a vida do hospital nos últimos meses e por conta da influência dele, não conseguíamos fretar um avião.

— Como conseguiram então?

— Eles não te contaram? — ela me questionou e eu a encarei ainda mais confusa. — Quem mandou o avião foi a sua família. Inclusive, o avião já saiu da Itália. Deverá chegar em algumas horas.

Domenico deve ter feito isso. Olga deve ter contato a ele que Luca teria alta hoje e Domenico deve ter providenciado o avião.

— Preciso ver um paciente, já volto.

Dra. Isabel se retirou do leito do Luca e depois de alguns minutos uma enfermeira veio dar o leite a ele pela sonda. Ela me ensinou como dar o leite para ele, mas eu ainda tinha medo de machucá-lo, de prejudicá-lo, então deixei que ela desse.

Fiquei o tempo todo dentro da UTI com o Luca e umas 4 horas depois que eu havia chegado ficamos sabendo que o avião já estava em Tenerife. A enfermeira solicitou uma ambulância para o transporte até o aeroporto e quando ela chegou, foi a hora da despedida.

Enquanto a equipe da ambulância colocava Luca em uma incubadora para o transporte, eu me debulhei em lágrimas ao me despedi de todos. Era impossível não se emocionar.

Foram 30 minutos de ambulância até o aeroporto, mais 4 horas de avião entre o aeroporto de Tenerife e o de Roma. Depois, mais 40 minutos até o hospital.

Eu estava exausta, em todos os sentidos. Física, emocionalmente e, principalmente, do coração.

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