Capítulo 46

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Fui, completamente, consumida pela ansiedade durante os últimos dias. Não só pelos últimos acontecimentos, mas também porque hoje era a consulta com o Dr. Baellis.

Ele, finalmente, teve os exames em suas mãos e nos confirmou que a bebê que eu espero não tem, sequer, o traço da condição genética do Luca.

E isso era uma chama de esperança, calculada pela ciência em 75% dela ser compatível com o irmão.

Dr. Baellis nos disse que a coleta das células-tronco do cordão umbilical da bebê não interfere na escolha do parto e eu expliquei para ele que isso era o menor dos meus problemas, eu só torcia para que tudo desse certo e meu filho ficasse curado.

Deixamos uma cesariana agendada para daqui a 5 meses, quando eu completarei os 9 meses de gestação, e a internação do Luca também. Dr. Baellis achou melhor que ele esteja internado para o transplante, devido todo o seu histórico hospitalar.

— Daria o mundo pelo seu pensamento. — ouvi a voz do Massimo e em seguida o seu aperto suave na minha mão que ele estava segurando.

— Se eu pudesse explodiria de felicidade. — sorri para ele e entrelacei os nossos dedos.

Estávamos no carro, voltando da consulta para a nossa casa. A vontade de estar com o Luca e segurá-lo até tudo isso passar chegava me sufocar.

— Obrigado. — Massimo acompanhou o meu sorriso e olhou, profundamente, nos meus olhos. — Não sei como eu pude viver sem vocês durante todo esse tempo.

Me aproximei dele quando deslizei pelo banco do carro e me aninhei em seu peito. Massimo me segurou firme contra ele e beijou com suavidade o topo da minha cabeça.

Fizemos o rápido trajeto até a nossa casa em silêncio, mas Massimo não me soltou em nenhum minuto.

Quando o carro entrou pelos portões da propriedade e parou no jardim perto da piscina, a porta do meu lado foi aberta rapidamente. Assim que pulei para fora, Massimo já estava lá para me receber.

— Por que está tudo fechado? — estranhei o fato das portas de vidro e as longas cortinas estarem fechadas. Isso nunca acontecia.

— Loretta deve ter fechado por causa do barulho. Luca deve estar dormindo.

Massimo já me puxava com delicadeza pelo quintal de casa. Caminhamos alguns passos bem ao lado da piscina até ele abrir as portas duplas de vidro que nos levariam direto para a sala de estar e indicar com as mãos que eu deveria entrar antes dele.

Quando dei dois passos para frente e entrei na sala meus olhos se encheram de lágrimas. Toda a minha família estava na sala da minha casa, decorada com balões dourados e fitas penduradas no teto, incluindo minha mãe, meu pai e meu irmão. Emy também estava, mas quem segurava o Luca fez o meu coração saltar de alegria... era Isabel, a médica que cuidou dele o tempo todo que ele esteve internado em Tenerife.

— Feliz aniversário! — eles gritaram em uníssono.

Meu Deus! Meu aniversário de 30 anos!

Eu esqueci completamente.

Sorri emocionada e caminhei até a Dra. Isabel. Ela foi a primeira pessoa a quem eu cumprimentei e de quem eu recebi o primeiro abraço.

— Obrigada por tudo. — sussurrei quando me afastei do abraço dela.

— Eu estou muito feliz de te ver tão bem, Laura. — ela disse ao me entregar o Luca e eu senti a sinceridade em cada uma das suas palavras.

— Deixa eu ver a minha filha. — me virei assim que ouvi a voz da minha mãe e recebi um abraço duplo dos meus pais.

— Feliz aniversário, querida. — meu pai desejou quando afagou minhas costas.

— Apesar de ficarmos sabendo da sua vida somente por telefone... nós ainda amamos você.

Mamu... — a repreendi com divertimento, mas a apertei no meu abraço.

— Eu amo vocês. Obrigada por terem vindo.

Depois dos meus pais recebi o abraço e as felicitações da Olga, Domenico, Tomasso e sua esposa, meu irmão, Loretta, Emy e o namorado e mais algumas poucas pessoas da família que eram importantes para o Massimo.

Nós almoçamos sentados a imensa mesa de jantar e eu não podia estar mais feliz. Apesar de ter esquecido completamente o dia do meu aniversário.

— Está feliz? — Massimo me questionou sentado do meu lado e eu desviei os meus olhos das pessoas ao redor da mesa e suas conversas paralelas.

— Foi você quem organizou isso tudo? — perguntei a ele, incrédula.

— Olga me ajudou um pouco. — ele sorriu um sorriso bonito e eu fiz um carinho no seu rosto.

— Obrigada.

— Eu faria qualquer coisa por você, Laura. — me estiquei na direção dele e encostei os meus lábios nos seus. Quando me afastei ele disse: — Não tive tempo de comprar nada para te dar de presente, mas o que você quiser será seu.

Suas palavras me fizeram lembrar que eu ainda não tinha contado a ele sobre o teste de DNA e eu não podia mais adiar isso. Estava guardado nas minhas coisas desde quando o busquei no laboratório e eu precisava contar a ele.

— Eu tenho que te dar uma coisa. — me levantei e, consequentemente, desviei a atenção de todos para mim. — Nós já voltamos. — avisei aos convidados quando estendi minha mão para o Massimo. Ele a segurou e se levantou em seguida.

Caminhei de mãos dadas com ele até o nosso quarto e o deixei perto da cama quando fui buscar o envelope na minha parte do closet.

— Me espere aqui. — o avisei.

— O que está acontecendo? — Massimo me questionou quando voltei para o quarto. — O que é isso? — ele apontou para o envelope.

— Quando fizeram o exame na bebê eu pedi que fizesse um exame de DNA. — expliquei e vi sua feição mudar. — Não me condene, Massimo. Sei que isso ainda te atormentava. — ele pegou o envelope da minha mão quando eu o estendi para ele.

— Eu não preciso disso para saber que ela é minha, Laura. — ele se moveu e se inclinou para colocar o envelope sobre o colchão, mas eu insisti:

— Por favor, abra. É importante para mim.

Massimo então, sem hesitar, fez o que eu pedi. Abriu o envelope enquanto olhava nos meus olhos e só desviou sua atenção de mim quando olhou para o papel, para ler o que estava escrito.

— Eu não tinha a menor dúvida disso. — seus olhos, brilhando, voltaram aos meus e ele jogou o papel sobre a cama. — Eu estava cego quando fiz essa acusação infundada, Laura. Jamais vou me perdoar por isso.

— Eu te perdoo. — sorri para ele com ternura. — Falamos muita besteira quando estamos nervosos, isso não é exclusividade sua.

Massimo riu e se aproximou de mim. Suas mãos grandes emolduraram o meu rosto e ele olhou profundamente nos meus olhos.

— Sabe que dia é hoje? — ele me perguntou com um sorriso nos lábios.

— Meu aniversário. — provoquei.

— Além disso? — Massimo instigou.

— Seus 365 dias acabaram, Don. — uma risada rouca escapou dos seus lábios e ele beijou minha boca com carinho.

— Aqueles 365 dias... — ele apontou quando se afastou da minha boca. — Agora temos uma vida inteira pela frente.

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