Crianças no laboratório

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Dois dias depois tinha acordado e fui ao trabalho, Jessy estava de folga. Na semana retrasada, meu chefe, Geraldo, avisou-me que hoje seria um dia diferente, iríamos receber visita no laboratório, para ser mais específico, um grupo de crianças de oito anos, no qual eu era a guia. Cheguei no meu trabalho já pegando o jaleco e um óculos de proteção, resolvi ir uma hora antes porque tive uma ideia, faria uma esperiência. Separei todos os produtos a serem usados. Levei sete minutos e funcionou, no canto da sala havia um balcão não muito grande mas o suficiente para deixar tudo separado.
Geraldo chegou depois de uma hora que eu estava lá e resolvi perguntar uma coisa:
- Bom dia Geraldo! Então... É hoje que as crianças vão vir certo?
- Bom dia senhora Torres! Isso mesmo, a escola ligou ontem e disse que sairiam da escola as nove da manhã, não é muito longe, talvez nove e meia eles chegam. O nome da professora é Caroline, o seu objetivo é transformar esse emprego divertido.
Meu chefe deu meia volta e foi ao seu escritório, nunca soube o que ele ficava fazendo o dia todo todos os dias, mas imaginei que fosse algo relacionado à contabilidade, sempre recebeu três ou quatro pessoas por dia, um deles eu conhecia, Marcelo, um senhor de cinquenta anos que era casado e tinha uma filha adolescente, trazia todas as semanas produtos químicos, como ácidos.
Às nove e vinte eu já estava esperando na entrada quando vi um ônibus mais à frente. "Deve ser eles" eu pensei. O veículo parou pouco depois que o vi, na esquina. Uma mulher alta e ruiva, de olhos castanhos apareceu junto com umas trinta crianças.
- Com licença, viemos para uma excursão no laboratório... - disse Caroline.
- Professora Caroline, sou Julis e irei guiar vocês. - virei para as crianças e continuei - Olá crianças! - todas tinha dito um 'Oi!' juntos - vamos entrando! Quero que façam duas filas, meninos e meninas, o.k. crianças?
Em segundos todos estavam dentro de uma sala não muito grande e formaram as filas.
- Professora, pode apresentá-los a mim?
- Júlia, Michelle, Débora... Lucas, Jonatan, Diego... - depois se 15 meninos e 15 meninas eu os levei para o laboratório.
- Uau!! - disse a maioria.
- Então crianças, sabem para que serve um laboratório? - menino alto para sua idade, de aparência japonesa levanta a mão. Fiz um sinal que podia me responder.
- Serve para mexer com coisas perigosas?
- Hum... Está certo... Mas nem tudo é perigoso, alguém mais?
- Fazer pesquisas e descobrir porque estamos dodói? - disse uma menina loira de olhos verdes e um óculos rosa, lembro de seu nome, Victória.
- Boa resposta mocinha! Aqui podemos fazer muitas coisas, até se divertir! Mas com muito cuidado... Que tal fazer uma esperiência? - vários sorrisos estavam em seus rostos e alguns responderam com um sim tão animado que fiquei imprecionada.
Caroline estava no final das filas cuidando para que nenhuma criança ficasse para trás. Segui um corredor pequeno na frente dos alunos e entramos na sala que eu estava testando a experiência.
- Crianças, se vocês quiserem se sentar em volta dessa mesa grande... Caso não, prestem atenção em mim está bom? - fui na direção dos materiais separados e coloquei na mesa, separando cada um. Mais dois potes de plástico e uma bandeja com três canetas e vários pedaços de papel.
- Para essa esperiência... Vou precisar de dois ajudantes... Quem me ajuda?
- Eu! Eu! Eu!
- Quem quiser participar pega um papelzinho e escreva seu nome. E depois as meninas coloquem o papel no pote rosa e os meninos no verde.
Se passou dez minutos e pedi para a professora sortear um papel de cada pote. Gabriela e Leandro eram meus ajudantes. Peguei um béquer e pedi para um dos ajudantes encher com água até onde estava marcado o número 100, em dez minutos estava pronto.
- Crianças, e agora, o que vai acontecer?
- Manchar a garrafa!
- Vai explodir? - pergunta o menino mais baixo da turma.
- Mais alguém quer dar uma opinião?
Caroline levanta a mão e diz:
- A água vai evaporar...
- Vai demorar um pouco para vermos o que vai acontecer, mas ainda temos alguns lugares para conhecer, o que acham deixar a resposta para o final?
Voltamos para o corredor e passamos de sala em sala, não havia muitas, mas em cada tinha um assunto específico, de física, anatomia e por último o de Análises Clínicas. Nele estavam a doutora Estela e meus colegas Matheus e Clarissa que estavam ajudando a doutora em um caso. Apresentei eles às crianças e deram uma ideia.
- Estão vendo esse negócio aqui? Se chama microscópio, alguém sabe para que serve?
- Pra olhar alguma coisa melhor Julis?
- Isso! Mas tem que ser algo pequeno... Querem olhar algo? - várias respostas vinham de suas bocas de novo, então Clarissa pegou o microscópio que ninguém estava usando e perguntou:
- O que vocês querem ver pequeninos?
Houve alguns minutos de silêncio, olhava para o rosto das crianças e elas estavam pensado, olhei a professora e ela me mostrou seu sorriso, parecia ter feito tratamento de branqueamento recentemente, mas aconteceu algo que não esperava, ela piscou para mim, não sei se entendi direito, mas acho que estava dando em cima de mim. E finalmente o silêncio foi quebrado por um menino loiro.
- Julis porque não um fio de cabelo?
Olhei para Clarissa e ela desceu a cabeça fazendo um movimento positivo.
- Alguém que dar um fio?
- Eu senhora Julis! - Disse a professora.
Minha colega de trabalho pegou o fio de cabelo ruivo e ajeitou na lâmina para as crianças verem, colocou os olhos para arrumar o zoom e pediu para a Caroline chamar cada aluno por ordem de chamada. A primeira a ir foi a Adriana, ela estava tão impressionada com a explicação que Clarissa havia te dado que saiu com um sorriso enorme no rosto.
- De uma olhada menininha, viu que tem duas cores no fio? A maior parte vermelha e um pequeno pedaço castanho? Isso mostra que o cabelo de sua professora foi pintado recentemente.
Passou meia hora e todos tinham ido, inclusive a professora.
- Julis quando vamos ver a garrafa azul?
- O que acham de vermos agora? - todos pularam e se despediram das três pessoas na sala e voltaram ao corredor, quando chegaram:
- Nossaaa! A água está amarela!
- Isso mesmo, ela muda de cor! Professora, vem aqui... Alguém tem celular ou câmera aí? Se tiverem podem filmar a garrafa. - uma menina tirou uma câmera e deu para ver uma luz vermelha no qual indicava que estava filmando. - Caroline balança a garrafa várias vezes... E vualá!
- Água ficou roxa! - disse a professora assustada.
Nesse momento minha amiga Fernanda bate na porta diz que minha esposa estava esperando.
- Você é casada? - disse uma menina que me parecia a mais interessada no passeio.
- Sim eu sou! E Fê... Avisa ela que da que cinco minutos estarei lá...
- O.k. Senhora Torres.
- Vocês estão com fome crianças?
- Sim Julis!
- Caroline que horas o ônibus chega?
- Meio dia. - enquanto ela falava percebi que ela estava piscando de novo para mim.
Fui até Caroline e perguntei se os alunos trouxeram seus lanches, ela disse que sim então fomos a uma sala do lado onde Jessy estava. Pedi licença para as crianças e fui ver minha esposa.
- Jessy meu amor o que faz aqui?
- Geraldo não te falou que podia sair assim que as crianças fossem embora?
- Não... Então por hoje já fiz minha parte?
- Sim, e nós vamos almoçar fora hoje e ir ao cinema.
- Nossa, hum... Vamos ao cinema é gatinha? Pisquei para ela e a puxei para um beijo, foi tão gostoso que fiquei excitada. Quando me virei vi Caroline ali nos olhando, e fazia uma cara diferente, não era de nojo, mas uma cara que parecia estar gostando do que via.
- Ah amor... Essa é a professora da turma, Caroline, e professora, minha esposa Jessy.
Ambas deram um aperto de mão.
- Julis as crianças querem conhecer sua esposa... Estão perguntando por você...
Fomos até a sala ao lado e vi alguns comendo um lanche e outros salgadinhos e doces. Eles olharam Jessy e arregalaram os olhos e deram palmas, não sei porquê. Quando terminaram a menina que me havia perguntado se era casada foi falar comigo:
- Julis, ela é muito bonita, eu quero ser como você quando eu crescer, trabalhar em um lugar como esse...
Olhei Jessy brincando com as outras crianças enquanto eu estava ao lado da professora, então respondi a menina.
- Nossa que legal, quer uma dica? - ela levantou a cabeça positivamente - Estude bastante, preste muita atenção na escola, e quando tiver quinze anos, no ensino médio, goste de química.
A menina agradeceu e virou para ficar com minha esposa.
- Nossa, você é muito atenciosa com crianças... Vocês duas tem filhos?
- Não Caroline, mas pensamos em ter logo, nosso sonho é ter dois filhos, desde quando a conheci penso em ter gêmios, mas com o DNA de minha família a chance é mínima...
Ela me olhou e segurou minha mão, senti que era outra intenção, olhei a Jessy e ela viu que estava nervosa, com um olhar vago, então estreitou os olhos como se tivesse forçando a vista, mas percebi que ela estava desconfiada de algo. Caroline foi até a rua e vi que estava com uma caneta em sua mão, olhou para frente como se estivesse procurando algo e voltou com um papel na mão dizendo que o ônibus chegou. Eu peguei minha bolsa no armário da sala ao lado e guardei o jaleco junto ao óculos, vi que a bolsa se Jessy também estava ali então a peguei.
- Querida, vamos até o ônibus com as crianças e vamos almoçar.
Ela se despediu dos alunos e pegou sua bolsa, seguimos a rua até chegar onde queríamos e foi quando comecei a me despedir daqueles pequenos. Fiquei triste, mas continuei me despedindo.
A professora chegou perto de mim e me abraçou:
- Julis, foi bem divertido esse passeio! - ela pegou minha mão e colocou o papel - Me ligue...
Eu a olhei com uma cara de boba e percebi que estava sendo cantada pela professora. Virei meu rosto para Jessy e ela me olhava como se estivesse me fuzilando com os olhos. A Caroline entrou no ônibus e se foi, fui até minha esposa e ela perguntou:
- O que está acontecendof com vocês duas? Estão saindo é?

Love Be Here ( romance lésbico )Onde histórias criam vida. Descubra agora