Recomeço

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Ana Flávia

Finalmente em casa depois de duas semanas fora. Chegamos pela madrugada, eu e meu pai nem nos preocupamos em tirar as malas do carro, entrei em casa e o silêncio ecoava pelo ambiente, o cheiro leve de canela dos aromatizadores que minha mãe colocava traziam paz.

Que saudade que eu estava de tudo isso.

subi lentamente as escadas tentando não fazer nenhum barulho, me despedi do meu pai e entrei no quarto. Avisto um pequeno corpo encolhido na minha cama enorme e abraçado com um mini serzinho marrom que costumávamos chamar de "furacão" ou "leãozinho" sorri com a cena e peguei a coberta cobrindo a minha irmã e fazendo um carinho no José.

Eu estava exausta, mas antes de deitar precisava de um banho, então caminhei em direção ao banheiro e fechei a porta para não acordar a Antonella. Liguei o chuveiro torcendo para a água esquentar rápido o que não demorou muito, me joguei de cabeça deixando a água cair sobre meu corpo, suspirei alto aliviada.

- Aguentei mais duas semanas. - falei baixo tentando me convencer.

Parei por um segundo me lembrando de mais cedo quando estava no avião e li todos aqueles comentários sobre mim e sobre a minha família até do Gustavo.

Quando me dei conta já estava em meio as lágrimas que se misturavam com a água do chuveiro. Eram tantas perguntas. Será que eu sou uma pessoa tão ruim assim? Será que não fui boa o suficiente pro Gustavo? Eu só queria dar orgulho para os meus pais e exemplo para minha irmã.

Me sentei no chão do banheiro segurando meu cabelo dando leves puxadas e ali sabia que estava alem do meu limite. Passei um bom tempo lá até conseguir me acalmar, levantei, desliguei o chuveiro e me vesti colocando algo confortavel, peguei meu celular antes de deitar na cama e me assustei com o horário.

- Caramba, quatro horas da manhã! - disse deitando na cama e logo sentindo meus pés relaxando com uma vibração, me virei olhando para minha irmã e sorrindo.

- Te amo. - susurrei baixinho e logo avisto a pequena abrir os olhos com dificuldade.

- Tata, que bom que você chegou tava morrendo de saudade. - ela disse com a voz rouca se aproximando e me abraçando. 

- Eu prometo que vou fazer de tudo pra nunca mais ficar tanto tempo longe de vocês. 

Antonella era um verdadeiro anjinho que Deus mandou para nós sabendo que ela estaria aqui para curar qualquer coisa. A sua personalidade forte e difícil não quer dizer que ela não tenha o coracao mais lindo e puro e o sorriso que faz qualquer um transbordar. Às vezes me sentia culpada de não estar sempre por perto e meu coração quebra de saber que ela sente minha falta todos os dias. Sai dos meus pensamentos me aconchegando no abraço da minha irmã e ali ficamos até pegar no sono.

Acordei um pouco mais tarde do que o esperado, fiz minha higiene e desci encontrando minha irmã correndo pela casa com o José. Sorri passando por eles e indo em direção a cozinha vendo minha mãe e a Jana (moça que trabalhava em casa) conversando.

— Boa tarde, meu amor. Dormiu bem?- minha mãe diz se aproximando e me dando um abraço. 

— Boa tarde, mãe. Eu dormi muito, por que não me acordou? — retribui o abraço e fui até a geladeira procurar algo para comer.

— Eu ia, mas você tava em um sono tão gostoso e precisava descansar também né. Aí resolvi te deixar dormir. – concordei sentando do seu lado com um copo de suco. 

Ficamos nós três conversando por um tempo depois almoçamos e eu fui levar a Antonella para a escola, o que foi bem difícil pois ela queria ficar em casa comigo.

In Your Eyes - MiotelaOnde histórias criam vida. Descubra agora