Abrindo os olhos pela manhã, Heloísa procurou se situar, não reconheceu onde estava, mas sentiu sua perna, encaixada em outra, sua mão pousada em algo redondo e macio. Piscou várias vezes, até compreender, segurava um dos seios de Manu, devagar tentou se soltar, porém, com o movimento, apenas conseguiu que Manu se encaixasse mais a ela, contou até dez e fez uma nova tentativa, sem sucesso. Manu estava tão próxima que sentia o aroma que soltava dela, e o cheiro a fazia perder as forças. Novamente tentou se afastar, agora com sucesso.
O que fez Manu ficar de bruços, e se ajustar melhor na cama com isso seu cabelo cobriu seu rosto, Heloísa sentou e afastou as mechas que cobriam o rosto dela delicadamente com medo que pudesse acordá-la. Parecia tão serena em seu sono, o que fez brotar um sentimento de culpa nela.
Ao puxar a mão, sentiu que Manu a segurou.
— Bom dia, meu bem! — Falou, Manu sonolenta se espreguiçando.
— Bom dia! — respondeu inquieta.
— Aconteceu algo? — tocou na perna de Heloísa, que se afastou.
— Nós, precisamos conversar. — disse ficando em pé, precisava manter distância.
Manu notou a inquietação vinda de Heloísa, sentou trazendo o lençol cobrindo-se, naquela altura a realidade da situação atingiu a ambas, cada uma, a sua maneira, fizeram amor ou será que foi sexo, pensou. Não, foi bom demais para reduzir aqueles momentos em apenas, sexo. Tinham de fato se amado, mas isso para ela aparentemente e para Heloísa, era uma sensação diferente, pois andava de um lado para o outro, o que a ignorava ela, passava as mãos pelo cabelo, cabelo esse que Manu lembrou ter puxado, talvez por isso estava tão desalinhado, porém, não gostou do comportamento dela, parecia nervosa, mas pelo quê.
Então decidida perguntou, precisava saber qual motivo era aquela inquietação toda.
— Sobre o quê?
— Você sabe sobre o quê!
— Não sei, tanto que estou perguntando. — respondeu se encostando no encosto da cama, ela sabia sobre o assunto que Heloísa, queria discutir. Algo em seu coração, quebrou, pela maneira de se comporta dela, podia jurar que a noite anterior não havia significado nada, sentiu vontade de chorar, mas conseguiu prender o choro. Porque doía assim, nem quando encontrou Pedro enroscado em Francisco, doía tanto e eram anos de casamento, porque uma noite ia ser diferente, e, porque era diferente se perguntou.
Lembra, mulher sua natureza calma, não precisa demonstrar nada, Manu. Respirou fundo, se obrigando a colocar sua máscara e mantê a postura de calma, sem emoção e pacífica.
— Já sei! — disse por fim levantando, enrolou o lençol no corpo, como se assim pudesse se proteger daquela enxurrada de emoção. Heloísa parou olhando diretamente para ela, e aquele olhar parecia quebrar toda barreira imposta a si, seu coração disparou, porém, precisava ser forte. — Você esta arrependida né?
— Não! — respondeu enfática, indo até ela, mas parou no meio do caminho, como se algo a tocasse. — Claro que não! — coçou a cabeça. — Você se arrependeu?
— Não Heloísa, pelo contrário. — olhou para ela. — Se dependesse só de mim, estaríamos novamente nessa cama, contudo acredito que não é o mesmo que você deseja.
— Porque não é o certo! — Falou Heloísa exasperada. — Droga! Não é o certo! Somos mulheres, isso é contra a natureza.
— Certo! — se aproximou dela, a segurando pelos braços. — Certo, Heloísa! O que é o certo para você mulher?
— O que é certo para todo mundo.
— Que seria?
— Deus fez o homem e a mulher para coabitarem.
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Se Deixe Levar
RomanceManu é uma mulher casada e vive um casamento tranquilo, entretanto sua vida muda por completo, depois que descobre por Heloisa noiva do melhor amigo de seu marido, que as coisas não são bem assim. E que seu casamento não é um conto de fadas. Toda s...