OBS.: Esse capítulo é como se fosse um epílogo de como foi o primeiro natal Monsam. A cronologia é de Mon grávida de cinco meses, John (filho de Nam e Song) está com dois meses. Isso tudo aconteceu um mês depois do casamento Monsam.
____________________________________
Samanun Anantrakul
Dezembro, domingo de manhã, muito frio e uma caixa cheia de coisas natalinas depositadas sobre a mesa onde eu estava tentando tomar meu café da manhã. Ainda meio zonza pela noite mal dormida devido aos enjoos de Mon e pelo trabalho exaustivo na cafeteria, eu tentava, com todas as minhas forças, me conscientizar do que estava acontecendo a minha volta, mas tudo estava uma completa desordem. Eu estava em minha casa, isso eu sabia, mas o que Nam estava fazendo presente ou sobre o que Song tanto falava, eu não fazia ideia. Mon parecia perdida em sua própria cozinha, Sofia gesticulava apressadamente com as mãos tentando se explicar e minha sogra ria de alguma piada que sequer fui capaz de ouvir.
As vozes estavam misturadas num zunido angustiante, quase enlouquecedor.
- Pronto! Agora está linda. - Sofia pontuou ao meu lado, ao mesmo tempo em que pregou alguma coisa em minha cabeça. Todos ao redor explodiram em um coro de gargalhadas.
Pisquei debilmente por duas vezes e balancei a cabeça, com o ato, algo se derramou sobre meu ombro esquerdo. Olhei de esgueira da direção, encontrando um pompom branco e felpudo preso num tecido vermelhíssimo. Sofia havia me colocado um gorrinho de papai Noel, era isso.
Revirei os olhos, ignorando completamente aquele apetrecho em minha cabeça.
Ergui meus olhos em direção a Mon, encontrando-a perdida em gargalhadas. E, por alguns instantes quis esquecer todo meu péssimo humor somente para contemplá-la devidamente.
Ela é tão linda...pensei.
Esse era um fato que me despertava muita curiosidade, me era estarrecedor essa capacidade ressonante que ela tinha de triplicar sua beleza a cada dia que se escondia entre as montanhas. Era verdadeiramente impossível não reparar naquela mulher que parecia reluzir a beleza maior que de uma deusa do Olimpo. Afrodite estava perdendo seu reino para aquela deslumbrante mulher.
A gravidez, apesar de todos os sintomas, estava lhe fazendo muito bem. Ela estava vivendo uma constante transmutação, quanto mais feminina era, muito mais ficava. Todos seus traços delicados de mulher enalteciam-se e multiplicavam-se à medida que a lua se escondia para o sol.
A cada vez que via Mon, eu era atingida por um pontapé feroz de seu fulgor. Sua pele rejuvenescia a todo amanhecer, expulsando marcas de expressão e rugas que possivelmente viriam a blasfemar a venustidade retumbante daquele rosto esculpido a mão pelo astro onipotente. Os olhos cintilantes como a estrela mais brilhante, tomaram para nova ternura a coloração de mel. Eles irradiavam o vigor da paixão que lhe movia o respirar. Mon parecia o amor reencarnado.
- Já estou pronta para te ver performando jingle bell rock. - A voz de Nam surgiu em evidencia aos risos, suas mãos me sacudiam os ombros. - Acorda, mulher! Está a meia hora aí...
Encarei-a por milésimos de segundos, tempo suficiente para fazê-la retirar suas mãos de meus ombros e simplesmente desaparecer por minhas costas. Tornei a visionar Mon, que agora me observava de volta. O silêncio nos rodeou pela primeira vez desde o momento em que acordei.
O olhar de Mon transpassava um misto de compaixão e vontade de rir. Ela sabia que eu detestava ser acordada a grosso modo, principalmente por Nam pulando em minha cama feito uma criança enlouquecida. Ao mesmo tempo em que ela sentia pena de mim por ter sido acordada daquela forma tendo ido dormir tão tarde, sentia vontade de rir da minha cara de velório que, com aquele gorrinho ridículo, deveria estar ainda mais cômica. Por fim, ela expressou um sorriso singelo, mas que teria capacidade de iluminar toda uma cidade, e veio em minha direção.
VOCÊ ESTÁ LENDO
The Last Coffee (Em revisão)
RomanceEla era uma escritora no auge de seu fracasso, não vendia mais livros, nem escrevia mais poemas, ainda não havia aprendido o quão bela era a poesia de um coração em desordem. Enquanto isso, do outro lado de um balcão, esperando-a com mais um café qu...