O tesoureiro e o recrutador: único.

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comecei isso aqui empolgada, terminei como pude. perdão se do meio pro fim ficar desconexo, sem graça, escrita decair. só postei porque os 8k iniciais não mereciam ficar guardado em meus rascunhos.

parte da personalidade de gojo além de ter sido inspirada por uma criança encapetada, também foi inspirada na música amante amado do último romântico: jorge ben jor.

< https://www.youtube.com/watch?v=Ws3r24Uhu74 >

perdão pelos erros e boa leitura.


Nanami olhou para o lado extremo da sala — o lado oposto do qual estava — onde, geralmente, havia uma cafeteira automática trabalhando copiosamente.  Era por volta das 10hrs da manhã, nem muito cedo ou muito tarde; o limbo de tal horário era a desculpa perfeita para uma segunda xícara de café. 


Em dias comuns ele não hesitaria em levantar e tomá-la, mas havia um detalhe — a ausência da cafeteira — do qual ele parecia ser o único incomodado. 


Diferente dele, seus colegas de sala (um grupo de quatro pessoas do qual dois faziam parte do Departamento Pessoal; Mei Mei do almoxarifado e Miguel da Segurança do Trabalho) não pareciam incomodados em ter que se levantar e ir até a copa ou outro departamento mais próximo e preparar o café manualmente — o que não era o problema, realmente. Nanami preferia o café preparado na hora ao das máquinas automáticas, mas a ideia de perder alguns minutos que poderiam ser gastos na conclusão da planilha de holerite era, no mínimo, irritante. 


E esse sentimento crescia toda vez que olhava em direção a ela e não encontrava. Kento grunhiu, levantando-se. Ajeitou mecanicamente os amassados — inexistente — da camisa social, atravessando a sala em direção à porta; Nanami a abriu e fechou. Ele viu algumas cabeças virarem em sua direção, seguindo seus passos ao longo do trajeto até a copa e alguns buchichos ao finalmente chegar a ela, Kento não os julgava. Se ele fosse outro funcionário, de um setor diferente que não o Departamento pessoal, ele também ficaria com os olhos e ouvidos atentos próximo à data de pagamento. Mas ele não era e, para sua infelicidade, estava sujeito a esse tipo de atenção e ao medo eventual que os novos funcionários sentiam do seu departamento, no geral e, às vezes, ao medo dele, em específico.


A copa era um espaço mediano com mesas espalhadas ao longo dela, alguns eletrodomésticos essenciais sobre um balcão, a cafeteira era essencial na sua concepção e um ventilador de teto. Às vezes, os funcionários precisavam fazer rodízio para saber quem ia almoçar primeiro e por último — aqueles que não faziam questão almoçavam fora, ou ia comer na sala de descanso, desrespeitando as regras básicas de convivência e algumas leis sanitárias também. 


Possivelmente existiam mais ácaros andando naqueles sofás do que nos tapetes. 


Pela primeira vez ela estava incomumente vazia, quase sempre havia um ou dois funcionários conversando entre si, com uma xícara de café ou qualquer outra bebida energética presa entre uma das mãos. A coluna levemente curva e a mão desocupada tampando a boca impedindo o bocejo, era outro visual comum que todos — com exceção de seus superiores — compartilhavam. 


Nanami lavou a chaleira elétrica, por mais que ela já estivesse limpa, colocou água, pó no coador e esperou. Ele estava de costas para o escritório — qualquer um que olhasse para a copa o veria através das paredes de vidro — braços cruzados e o pé batendo o pé no chão a cada 2 segundos. Quando finalmente ferveu, descruzou os braços tirando a chaleira do suporte, pegou um dos copos de plástico à disposição e despejou um pouco para si, até quase transbordar — 1 gota de adoçante e mexeu. 

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