Casa nova

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Está vendo esse traste largado sobre o sofá, com uma camiseta cinza fedida e um moletom que não é lavado a semanas? Esse sou eu, Sasuke Uchiha. 

No geral não sou sempre assim. Estou gripado. E isso nem tem um som legal. Gri-pa-do. Percebe? Não soa bem. 

Eu moro com o meu irmão mais velho, e como ele passa a maior parte do tempo em um escritório de advocacia, onde vem tentando a dois anos ser sócio, me dei ao privilégio de faltar a escola. Algo totalmente justo mediante minha terrível situação. Já comi metade de tudo que tinha na geladeira, vi todos os filmes pendentes e agora estou com o meu sabre de luz, girando de um lado para o outro, já que não tenho motivos nem força de vontade de levantar do sofá, imitando Luke Skywalker. 

Assisti desenhos animados como, Hora de Aventura e Kick Butowisck, agora estou pronto para o banho. Fui rastejante até o banheiro e tomei um banho de vinte minutos. Quando cheguei a porta do quarto, pelejando para segurar a porcaria da toalha no meu quadril, meu celular começou a tocar lá dentro. Tinha largado ele sobre a cama. 

— Onde você tá, cara? Tá perdendo a diversão na casa da Karin. 

Era o idiota do Suigetsu, um dos meus amigos mais próximos. Está um barulho dos infernos e tenho certeza que ele já está 50% bêbado. Karin, sua namorada, faz uma festa a cada três dias. Sendo sincero, não lembro de ter perdido alguma. Porque eu nunca, nunca fico doente, jamais. 

Mas aqui estou, com cada pedacinho do corpo doendo. O retrato de um homem catarrento. 

— Em casa. Acho que peguei uma virose. 

— Você nunca fica doente — Suigetsu parecia chocado e abalado. Viu? Nunca fico doente. 

— Pois é, mas agora fiquei. 

— Foda. 

— É. 

— Melhoras aí. 

— Tá. 

E ele desligou. 

Larguei o celular sobre a cama e vesti uma cueca. Voltei como um moribundo para sala e me larguei novamente no sofá com o controle na mão. Não faço ideia que horas eram quando Itachi chegou. Mas devia ser bem tarde. 

Ele entrou equilibrando um amontoado de papéis nos braços, passou por mim e voltou de costas. 

— Eu perdi seu enterro? — Olhei pra ele com a minha melhor cara de paisagem. — Cara, tem que dá um jeito nisso. Você tá fedendo. 

— Que fedendo o quê? Acabei de tomar banho. — Nem vou dar bola pro Itachi. Ele é perturbado. Fiquei zapiando pelos canais. 

— E esse bafo? — De algum jeito sobrenatural ele equilibrou a papelada toda em um dos braços e abanou o nariz. — Certeza que um gamba morreu aí dentro. 

— Vai à merda. Não tem ninguém pra você mandar pra cadeia? — Parei em um canal onde estava passando Resident 6.

— Sou advogado, não juiz e não ando trabalhando com esse tipo de caso. 

— Foda-se. 

— Foda-se é sua resposta pra tudo? — Espremi meus olhos olhando pra ele, me perguntando quanto tempo até ele ir tomar banho. — Vou tomar um banho — Aleluia — Você devia tomar um também. —Tenha a santa paciência. 

                     •••

Se eu achava que minha voz estava ruim antes é porque ainda conseguia falar, e agora que nem isso consigo, tenho certeza absoluta que devia ter ficado em casa mofando. 

Cor de RosaOnde histórias criam vida. Descubra agora