Encontro entre a Palavra e o Prazer - Jikook (BDSM)

003 - Capítulo três

Park Jimin estava acomodado no sofá, cercado por uma pilha de livros espalhados pela mesa de centro. O bloco de notas repousava em seu colo, enquanto mergulhava em uma pesquisa sobre temas delicados: escravidão sexual, fetiches que envolviam dor e jogos de poder. Surpreendentemente, ao ler os detalhes, ele próprio começou a sentir um eco dessas sensações. Visualizava-se em diferentes cenários: amarrado, recebendo tapas, até mesmo sendo chicoteado. Uma pulsação entre as coxas o fazia admitir essa excitação. Se quisesse mentir para si mesmo, poderia culpar apenas isso.

No entanto, os parceiros em suas fantasias não eram rostos desconhecidos. Jeon Jungkook estava presente em cada cena, suas mãos, suas ordens, tudo parecia tão real.

Um suspiro escapou dos lábios de Jimin quando pegou sua xícara de chá e deu um gole. Sentiu o calor acalmar sua garganta, mas o resto do seu corpo estava tenso como um arame esticado.

Já se passavam três dias desde que falou com Jeon Jungkook e ainda não havia recebido notícias. Jimin se perguntava se essa ausência fazia parte de um jogo de poder que Jungkook estava jogando ou se ele estava simplesmente ocupado demais. De qualquer forma, não estava gostando da sensação. Não queria alimentar esse comportamento dominante.

Ele sabia que estava gastando tempo demais pensando nisso. Mas não conseguia evitar. Afinal, Jimin não era um homem passivo, nem um submisso qualquer, que ia se derreter aos pés dele, disposto a fazer tudo que aquele homem pedisse. Que ficaria sentado ao lado do telefone, como um cãozinho, esperando que ele ligasse.

Então, por que se encontrava nessa situação? Jimin havia saído com diversos homens e nunca se viu envolvido nesse tipo de dinâmica. Não precisava esperar por ninguém. Ele sempre foi aberto em relação ao sexo e não hesitava em mostrar interesse quando queria. Com ele, não havia joguinhos, não havia necessidade de manipulações. Mantinha uma certa distância para que seus parceiros não pensassem que o tinham conquistado de fato. E, de fato, nenhum deles jamais o teve. Ele também não se envolvia em jogos de poder. Mas Jeon Jungkook havia conseguido prendê-lo de uma maneira estranha que ele não conseguia entender...

Ignorando sua xícara de chá, Jimin pegou um dos livros e começou a folheá-lo, tentando se concentrar na leitura. Estava em busca de uma explicação mais profunda sobre a psicologia e a química do subespaço: aquele estado semelhante ao transe em que muitos submissos mergulham durante o jogo da escravidão sexual e do sadomasoquismo. Compreendia o processo químico, como as endorfinas eram liberadas no corpo em resposta à dor ou à estimulação sexual, mas a parte mental e emocional do processo ainda lhe escapava.

Por que algumas pessoas reagiam de determinada forma e outras não? Ele leu diversas vezes que alguns submissos podiam entrar no subespaço apenas por serem comandados, mesmo sem qualquer estímulo físico.

A voz suave e constante de Jungkook ecoava em sua mente, percorrendo sua pele como uma corrente elétrica. Era como se ele pudesse sentir a sutil vibração daquela voz. Jimin apertou as coxas ao sentir uma dor súbita ali. Tudo bem. Talvez ele pudesse compreender essa parte.

Voltou ao livro, pousando o olhar sobre a fotografia de um homem preso com cordas, algo semelhante a um complexo arreio. Mas não foram as cordas que chamaram sua atenção, nem a carne nua do homem ajoelhado, sem nada além das cordas. Foi a mão de um homem que estava fora do alcance da câmera e a maneira como ele acariciava o rosto do outro. O gesto parecia gentil. Jimin gostou do contraste, da ideia de que aquela mão poderia ser a mesma que o amarrara e agora tinha total controle sobre ele.

Park Jimin sentiu um calor intenso percorrer seu corpo, um desejo ardente que o consumia. Uma pequena parte dele desejava ser aquele homem. Se apenas Jeon Jungkook estivesse ali. Com um suspiro, fechou o livro abruptamente e se levantou do sofá. Ridículo! Ele era um homem forte, independente. O desejo por Jungkook era apenas uma reação à estimulação. Não passava de permitir-se ser envolvido, de se deixar levar. Gemeu de frustração. Essa linha de pensamento só o perturbava mais.