bye, london.

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Manchester, Inglaterra.
Julho de 2022.

London Madz  Blumer

"Tudo no mundo começou com um sim", li essa frase há sete anos atrás, e há sete anos tenho dúvidas e crises constantes relacionados a ela. Tanto arrependimento, raiva e dor causadas por um único sim, mas há e houve amor, felicidade, prazer, conhecimento e admiração, causadas por um único sim. E agora, numa noite quente de verão, estou um pouco arrependida de ter dito sim para um convite da minha mãe. Dirigi por cerca de cinco horas de Rye até Manchester, estava cansada e entendida, era o aniversário de Joy-Anne Blumer, minha mãe. Eu não sou dessas pessoas que gostam de festa, mas eu gostava de bolo de festa então estava disposta a aguentar mais um pouco. Mamãe sempre foi uma mulher sofisticada daquelas que estão constantemente adornados de jóias, roupas com estampas e pano leves e que mantém o mesmo corte de cabelo por anos, mas ela nunca gostou de festas grandes e espalhafatosos com muita gente e barulho, muito pelo contrário, sempre era algo "simples" com algumas de suas amigas do pilates e seus maridos europeus semi-carecas (sem seus filhos adolescentes, mamãe os odiava).

Eu estava na sacada, bebericando champanhe até que alguém parou ao meu lado, era meu tio Toni.

— Para aliviar esse seu humor deveria beber algo mais forte.

— Minha feição está tão ruim assim? – Ele concordou fazer careta, eu ri.

Tio Toni era o irmão mais novo da mamãe, ele era espontâneo e engraçado, mas às vezes adorava puxar o saco da sua irmã mais velha.

— Seu marido não vem? Qual o nome dele mesmo? Eu sempre esqueço. – Ele levou uma de suas mãos à cabeça como se estivesse pensando, revirei os olhos.

— Ele provavelmente está em algum lugar na Polónia tentando achar alguém melhor que eu, e eu e você sabemos que ele ira fracassar.– Brinquei.

— Você e sua mãe são iguais, duas destruidoras de corações. – Sorri amarelo.

As pessoas vivem dizendo o quão eu e ela somos parecidas, tanto na aparência quanto na personalidade, e eu de certa forma odeio isso. Ela não ligou nos meus dois últimos aniversários, e eu dirigi por cinco horas para vir ao dela posar de boa filha para essas pessoas quais eu não sei nem o nome.

— Ela está vivendo a vida dos sonhos, não é? Essa casa parece um labirinto de tão grande, Benjamim e Julie parecem o marido e filha perfeitos, tudo que eu e o papai nunca conseguimos ser para ela.

— O casamento deles estava complicado, é algo que eu e nem eu e nem você vamos entender. – Ele me abraçou de lado.

— Tio Toni, eu tinha dez anos, ele poderia ser o marido ruim dela, mas eu era uma criança, não deveria ser punida também.

— Ok, ok, querida! Vamos comer bolo. – Ele foi me guiando até a sala. — Benjamim é um chato que só sabe falar de negócios, e a Julie é uma criança dez vezes mais perturbada que você nessa idade. – Eu ri, a única coisa que me restava era rir.

Me sentei no sofá de canto da sala, eu me sentia uma completa estranha, enquanto minha mãe socializava com todos como se fosse um político. Eu estava disposta a sair dali o mais rápido possível, ela mal falou comigo desde que cheguei.

Caminhei discretamente até as escadas que davam acesso ao primeiro andar para que ninguém da família me visse, mas a minha mini versão me pegou no flagra.

— Você vai me deixar sozinha? Com todos esses adultos?

— Eu sou adulta também, julie.

— Nenhuma mulher adulta está usando laço de pano no cabelo igual eu e você. – Ela se virou e apontou para a parte de trás do cabelo, apontando o laço, eu me senti ligeiramente ofendida.

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⏰ Última atualização: Apr 19 ⏰

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