As trevas que nos unem

Capítulo 1 | Arya Adelle

— Huff huff- Ack!
Sinto meu pé se prender a algo, o sangue flui perdidamente pelos meus lábios trêmulos, que procuravam ar desesperadamente. Minha cabeça parecia estar em uma montanha russa, fracamente eu sentia meu corpo cair sob a terra pisoteada, sentindo constantemente minha visão apagando, como se estivesse vendo fogos de artifícios, os fogos da morte.

Como tudo foi acabar assim? Estava tudo ocorrendo bem, mas em apenas dois segundos, eu apenas podia ouvir os gritos deles, meus companheiros. Como fomos localizados? Quem quebrou o feitiço? Eu tenho certeza que colocamos o feitiço de disfarce, então como...? Fomos dedurados? Mas quem...? Por Fens... Sinto minha cabeça latejar... Se eu desmaiar agora... Não posso! Agarro a adaga que se guardava no meu cinto, empunhando-a e em um movimento rápido cortando a vinha que havia agarrado meu tornozelo insistentemente, me levantando com pressa.

— eu vou... perder a consciência...

Já não estava claro? Merda... Preciso pensar rápido... Que inferno... Isso é estressante, por que, por que sequer tinham que começar essa guerra? O mundo estava em paz, então por que? Os magos não estavam satisfeitos? Eles tem tanta mana... Querem a magia dos elfos e as invenções dos humanos? Mas então por que uma guerra?! Eles podiam fazer uma aliança... Por que querem perder tantas vidas...? Eu não consigo pensar direito... Sinto meu corpo pesar...

Merlbin. A terra dos poderosos magos, criaturas feitas de mana, suas aparências são variáveis e as informações sobre eles são ralas, não importava quantos livros eu estudasse sobre eles, apenas conseguia a mesma informação: que nunca chamaram muita atenção para si, vivendo suas vidas em silêncio. Já Ephendel, a terra dos elfos, minha terra. era o completo oposto, famoso por ser o centro de todo o poder magistral desse mundo, uma terra pacífica, cada ser vivo deste lugar tem mágica dentro de si, principalmente os elfos, que tomaram a posição de liderança desse reino, ou de forma mais precisa: a realeza que controla esse continente. Ou pelo menos... Controlava, antes da guerra causar a inevitável morte da família real, foi extremamente difícil o reino conseguir se estabilizar sem eles... Não, foi um inferno. Nunca havia passado tanta fome na minha vida, foi como uma tortura antes da eminente morte. Antigamente a realeza era decidida por uma série de testes, costume inspirado em Homagna, o reino dos humanos, os cérebros desse mundo, mas também força bruta, eles tem a maior força armada de todos os reinos, e foi o que mais explorou tecnologias avançadas, são considerados responsáveis pela comercialização de bens materiais que apenas eles conseguem fazer, já que nunca compartilharam seus conhecimentos. Tudo estava pacífico, a economia estava estável, e todos estavamos vivendo nossas vidas confortavelmente, até a família real ter sido atacada por um feitiço de chamas avançado, que requeria uma grande quantidade de mana, não havia dúvidas de quem foi responsável pelo ataque, e morte da família real. Apenas os magos tinham tamanha mana, no entanto, o Reino havia entrado em um conflito, estávamos sem liderança... E isso era crítico, seja lá o por que, sabiam que sem a família real, estaríamos em um estado vulnerável.

Uma reunião oficial foi convocada, me lembro perfeitamente do alvoroço, os cidadãos gritando por ódio e medo, eu entre eles. os três reinos compareceram, e dali para frente, foi só para trás. Merlbin declarou guerra oficialmente com o mundo, ignorando os protestos do próprio povo, e assim a árdua guerra começou. Homagna tentou unir forças com Ephendel, mas nosso Reino, nunca pôde dar uma resposta, pois os magos de alguma forma impediram a mensagem. Foi desesperador, não tínhamos apoio, não tínhamos nada, nossos feiticeiros eram despreparados, e nosso exército era pequeno, o máximo que pudemos fazer era rezar de cabeça baixa... Me lembro perfeitamente, de todos os ataques, as vozes roucas de tantos gritos proferidos, maldições e lágrimas agoniadas. Nosso povo procurou desesperamente por guerreiros, e eu fui um deles, foi bruto, rude e cruel, o treinamento era infernal, eu não tinha uma boa motivação, apenas queria que aquele inferno acabasse, queria minha vingança, mas meus companheiros eram gentis... foram minha família, foi confortante por dias cruéis como aqueles, me tornei a general do nosso exército, com o apoio de todos eles, do nosso exército medíocre, feito as pressas em uma situação de vulnerabilidade, mas que de alguma forma se mostrou talentoso, estava tudo indo bem, estávamos avançando por uma floresta de Homagna, e então, fomos atacados.