- Capítulo 29

245 28 8
                                    

Soraya pov_

Dirigíamos rumo à nossa fazenda, eu ainda permanecia estática, a ficha ainda não tinha caído.
Simone tinha uma das mãos firmemente sobre o volante da Silverado, enquanto a outra repousava suavemente em minha coxa desnuda, cujo decote generoso do meu vestido revelava. Ela soltou minha coxa por um momento apenas para ligar o som do carro, antes de retomar seu toque, fazendo um movimento suave e sensual ao longo da minha perna, dando leves apertões que enviavam arrepios pelo meu corpo. Estávamos caladas, apenas curtindo o momento, quando começa a tocar uma música aleatória da playlist de Simone... essa mulher é um tanto... pré histórica! Não posso negar... até que ela não tem um gosto tão ruim assim pra música... só um pouquinho, peculiar.

Eu ouvia atentamente a música, fitando Simone cantando a letra,um pouquinho desafinada... mais achei uma graça.
Mas que música estranha! Parece uma música evangélica, nada contra! Mas não apropriada...
Simone cantarolava a letra, eu ria disfarçadamente dos seus tropeços, quando chegou o refrão, Simone tirou sua mão que a acariciava minha coxa, e a fechou, na iniciativa de fazer dela um microfone.

| As noites sabem como eu te esperei
Não conto pra ninguém
A lua sabe que eu me apaixonei
Mas, se você é real, porque você não vem?
Uoh, sonho de amor...

Simone cantava e entercalava seu olhar entre a estrada e o vislumbre de meus olhos... senti meu coração palpitar com seu ato, confesso que eu não estava dando nada por essa música... mas até que gostei.

| Quando os dedos tocarem lá no céu
O universo vai todo estremecer *Simone gesticulava sua mão, apontando para cima*

E as estrelas rodando em carrossel
Testemunhas do amor, eu e você
E as batidas do nosso coração
Se acalmando depois da explosão
Quando o sol se prepara pra nascer

Oh oh, sonho de amor * Vi a morena repousar sua mão livre sobre seu peito, e senti o carro mais devagar*

As noites sabem como eu te esperei
*Simone tinha os olhos marejados, parecia emociona*
Não conto pra ninguém (pra ninguém)
- Pra ninguém *Repeti a frase a ela, com um sorriso bobo em meu rosto*

A lua sabe que eu me apaixonei
Mas, se você é real, porque você não vem?
Uoh oh, sonho de amor

- Te amo minha oncinha. - Simone segurou minha mãe, depositando um beijinho na mesma.

- Eu também te amo, minha pantera.

Assim que chegamos na nossa fazenda, trocamos alguns beijos e carícias mas logo entramos na casa.
Estávamos deitadas sobre a cama, eu possuía minha perna entrelaçada na cintura de Simone, que segurava a mesma enquanto a acariciava... estava tudo quieto, somente o barulho da TV ligada, quando o silêncio foi interrompido por um barulho alto, dei um pulindo da cama assustada.

- Que foi isso, Sisa? -  Vi Simone levantar da cama e colocar seu dedo indicador frente ao seus lábios, num gesto de alerta, pedindo pra que eu fizesse silêncio.

- Vamos ver o que é isso...

Simone pegou um casaco e o vestiu, logo após me entregou um moletom para que eu vestisse também, lá fora me parecia estar bem frio. Caminhamos em passos silenciosos até sua dispensa, onde vi ela abrir uma espécie de cofre, e retirar do mesmo um revólver. Abri a boca incrédula e Simone logo percebeu.

- Calma, So... é só por precaução.
Assenti com a cabeça, vi Simone checar se a arma estava carregada e logo saiu a minha frente, segurando minha mão firme.

- Sisa, eu estou com medo. - Sussurrei a Simone, apertando forte sua mão.

- Não precisa ter medo, So.... estou aqui com você,  não deixarei que nada te aconteça, ta bem?

- Huhumm...

Caminhamos lentamente, até que vimos uma luz refletir no gramado, Simone pediu para que eu ficasse escondida atrás da grade pilastra, eu mesmo sem concordar com a ideia, obedeci.
Logo ouvi um grito raivoso de Simone:

- Ahh! Peguei vocês! seus filhos da puta!

Tentei olhar mais não tive coragem....

- Sai daqui, sua velha nojenta! Se não eu  estouro seus miolos!

- Eu mandei você sair!!!!!!!!!
Foi quando eu ouvi um barulho de disparo, por impulso, gritei o nome de Simone, mas não fui atendida, quanto tive coragem, olhei em direção ao celeiro. Simone estava deitada sobre o chão, o revólver caído ao seu lado, vi dois homens correndo em direção a um carro preto e logo sumirem de vista.
Corri desesperadamente ao encontro de Simone, me joguei no chão e abracei seu corpo.

- Simone! Sisa! Responde!
Eu dava leves batidinas em seu rosto, mas não recebia nenhuma resposta. Eu já estava aos prantos. Vi uma mancha de sangue em sua barriga, foi quando me desesperei mais ainda... Simone havia sido baleada. Comecei a gritar loucamente por Simone e por ajuda, mas parecia que ninguém me ouvia.

- Simone meu amor! Por favor Simone! Acorda! Não me deixe ....
- Simoneeeeeeeee!

Foi quando eu fitei seu rosto, vi seus olhos abrirem com muita dificuldade.

- Simone meu amor! Por favor,  fique acordada! Não feche os olhos!
Ajudaaaaaaa! Por favor, alguém me ajuda!

- So..... Soraya....
Simone começou a tossir pelo esforço ao tentar falar.

- Oi meu amor... vai ficar tudo bem...
Não me deixe Simone!

- Eu te amo oncinha!

Foi a última fala de Simone antes dela fechar os olhos novamente, comecei a gritar desesperada, até que Renata, dona Fairte e o capataz chegassem. Eu não sabia o que fazer! Chamaram a ambulância, eu estava deitada no gramado com a cabeça de Simone sobre meu colo, dona Fairte estava tão desesperada que desmaiou,sendo segurada por Renata. Quando a ambulância chegou, tiraram Simone de meu braços, e colocaram minha vida na ambulância... eu sentia uma dor tão forte eu meu peito! Queria que fosse eu ali... eu não podia perder Simone! Eu não posso! Entrei na ambulância, segurei firme sua mão fria...

- Simone... por favor não me deixe... você é tudo que eu tenho...

∾❃∾

.

.

.

🥺

Fazenda Monte Azul (Simone & Soraya)Onde histórias criam vida. Descubra agora