Escondendo os sentimentos

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O corredor parece mais comprido que o normal. Ouço somente o barulho de meus passos apressados para atravessá-lo e chegar no departamento de cenografia mais uma vez. Com essa, já é a terceira vez que sou obrigado a voltar depois de sair para entregar pastas e mais pastas para um gerente ou outro da empresa.

Ao entrar, o vento fresco do ar-condicionado parece o paraíso e um suspiro escapa de meus lábios. Me arrasto até a cadeira que costumo sentar e de repente, uma dor aguda surge no canto do meu pé, onde fica o dedo mindinho. Ao fechar os olhos, vejo milhares de pequenas estrelas e um xingamento quase escapa da minha boca, mas por um milagre, não o solto.

— Está tudo bem, Jin? — Yoona me pergunta preocupada.

— Está. Apenas dói um pouco — menti, meu dedo dói como o inferno.

— Tenha cuidado, ou não sobrará dedo até o fim da semana, já que com essa, é a terceira vez que bate o pé essa semana — ela ri timidamente.

— Eu vou tentar, na verdade, se eu quiser meu pé inteiro, preciso conseguir — suspiro.

— Tudo bem — não insiste no assunto e olha algo em seu tablet. — Acredito que não tenha mais nada a ser entregue hoje, então gostaria que me ajudasse na cenografia do próximo show.

— Certo, já fiz o rascunho e vou te mandar por e-mail.

Ela sorri, faz um ok com a mão e sai.

Yoona é a gerente de uma das equipes de cenografia da Clap Eventos e responsável por minha orientação desde o primeiro ano de estágio. Gentil e inteligente, ela é extremamente respeitada em toda a empresa, principalmente por sua capacidade de resolver os imprevistos com maestria. Tenho muito que aprender e agradecer, já que graças a ela, estou ajudando em um grande projeto, mesmo que esteja quase indo a óbito no processo.

Os dias passam como um relâmpago atingindo um céu chuvoso, ou seja, rápido e causando muitos estragos na minha imagem, já que a rotina pesada, cansaço e as olheiras, estão me deixando tão bonito quanto um zumbi de The Walking Dead.

O projeto que Yoona me pediu ajuda é enorme, a cenografia de shows para uma dessas empresas responsáveis por inúmeros grupos de k-pop e pior, é semana de comeback de um grupo grande, além do debut de uma banda com tudo o que tem direito, álbuns, photobook, o último showcase e finalmente o debut, resumindo, me ferrei muito.

Todos os dias corro para inúmeros cantos dessa empresa e sinceramente, já estou totalmente cansado. O lado bom: não irei precisar de academia tão cedo. O lado ruim: ainda tenho que pegar mais alguns materiais para a iluminação do palco da banda, além de ornamentos para a sessão de fotos.

Vou até o depósito e separo cuidadosamente em duas caixas as luzes de led e os ornamentos para o cenário, empilho uma sobre a outra e saio devagar em direção ao elevador.

Na pior das hipóteses, se eu não for contratado como um funcionário regular, posso ser equilibrista.

Rio da minha desgraça e como todo azar para um estagiário é pouco, a porta do elevador está fechando...

— Segura o elevador pra mim, por favor — grito e vou correndo até o elevador. — Obrigado.

A caixa me impede de ver a quem agradeço.

— Precisa de ajuda?

Pela voz, percebo que é um homem que pergunta.

— Não, obrigado. Está tudo bem — respondo com sinceridade.

— Para qual andar você vai? — A voz bonita e grave pergunta.

— Para o oitavo, por favor.

— Pronto! Não precisa mesmo de ajuda? Parece pesado.

Amor Platônico - NamjinOnde histórias criam vida. Descubra agora