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Quando mais nova sempre teve a capacidade de manter a mente tranquila, em estado de plenitude para lidar com situações complexas, o pai sempre dizia que uma mente em paz era a oficina das boas ideias. Mas naquele momento a própria mente estava entrando em curto, creio que entrou assim que se apaixonou por Enid anos atrás.
Porque se a antiga Wednesday estivesse nas suas devidas faculdades mentais, apenas querendo saber sobre assassinatos, sobre ervas venenosas e possíveis formas de tortura, nunca, jamais, teria se relacionado amorosamente com nenhum ser humano. Mas tudo foi para os ares com a loba que estava ao lado.
E agora tinha certeza da teoria da mente estar em curto, porque não estava sabendo absorver aquela nova informação, e não era nem por conta do incômodo no olho graças ao soco que levou. Era porque parecia absurdo, absurdo pensar que os olhares de Enid para pontos vazios, era, na verdade, Alivia.
De repente os dizeres da mãe deixaram a mente mais confusa ainda, era aquilo que ela queria dizer, ou era sobre tudo que cercava Enid. Os cortes e os pensamentos suicidas que a rondavam, que para minha infelicidade, eu temia.
Apenas Enid era capaz de despertar o medo em minha pessoa, e toda vez que ele aparecia, não era um bom sinal. Escutou muita coisa nas poucas horas em que estava ali, coisas que estavam aos poucos sendo digeridas, e me causando uma verdadeira sensação de ânsia de vômito. E nunca gostou de ter aquela maldita sensação.
A viu fechando os olhos e contando até dez, era quase como estar escutando ela fazendo aquilo, mesmo que não estivesse se comunicando comigo através do dom. Levou o olhar para suas mãos, a direita estava em cima do abdômen e a esquerda tinha o punho fechado. Mas notou a força com que a mesma mantinha ela fechada, suas veias saltavam do dorso.
E para piorar aquela situação, estávamos sendo observadas do outro lado, um homem que não conhecia, mas que já tinha uma imensa vontade de meter uma bala na cabeça.
Respirou fundo e achou estranho o cheiro de nicotina que veio no ar, ou melhor, das roupas de Enid. Foi automático levar o nariz para a dobra do seu pescoço, fazendo ela se afastar e me olhar intrigada.
— O que está fazendo? — Sussurrou, não estávamos em posição de fazer barulho.
— Você andou fumando? — Não se importou se levaria outro soco, voltou a se debruçar em sua direção e inspirou a fragrância que estava em sua roupa — Puta merda Enid, eu não acredito que está fumando.
— Estamos sendo observadas por um possível psicopata e eu te contei que vejo uma aparição — Sua voz carregava incredulidade — É sério que você está preocupada com isso?
— Eu estou preocupada com tudo, mas fumar, sério? — Queria saber que horas aquele cara se cansaria de procurar para poderem se levantar, aquela posição não era nada confortável — Droga, você nunca botou um cigarro na boca em quatorze anos, por que começar agora?
— Tenta ter a porra da Alivia na cabeça vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana e a desgraçada assombrando até em sonho para ver se você não surta e faz coisas impensáveis — Ela encostou a cabeça na parede e me fitou — E para sua informação, eu fumei três vezes no máximo.
— Isso já é demais para mim.
— Escuta aqui, eu já sei que esse vício é uma merda, foi justamente por isso que tirei ele da Violet.
— O cigarro era da garota? — Aquilo foi uma baita surpresa.
— Era Wednesday, assim como isso aqui — Ela enfiou a mão no bolso da jaqueta e retirou uma caixa de lâminas, me fazendo engolir a saliva que estava na minha boca na tentativa de umedecer minha garganta — Semelhantes se encontram.
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Silence
FanfictionATENÇÃO⚠️⚠️⚠️: Abordará assuntos como, depressão, automutilação, bullying, suicídio, psicose, psicopatia e até mesmo abuso sexual. A gatilhos em todos os capítulos, repito, em todos. Essa fanfic terá assuntos delicados sendo abordados do início ao...