Ao nascer, somente um doce e inocente bebê. Doces e inocentes bebês condenados a viver. Não escolhemos este estado, somos do dinheiro escravos; e, é, isto a todos é claro. Todavia, há um fator superior, da nossa realidade, dominador: O inexo sexo. Sexo acima do monetário, é absoluto, é necessário. Uma necessidade atroz. Uma necessidade... De todos nós. Ainda que imaculado morra, o sexo irremediavelmente aprisionará-o em vossa masmorra. Em vossa criação. Não planejei ser eu, a tantos, o revelador, porém, é a realidade do desgraçado pecador. Cada osso, cada gota de sangue, cada anatomia que seus olhos vêem... Sêmen. Miseravelmente, sêmen. É indubitável. É inescapável. Você sabe como é? Já lhe contaram, não é? Quando adolescentes, fodemos lindas garotas brancas no colegial, engravidamos elas e, se, com sorte, tudo não encerrar-se em um funeral, verá seu pequeno rapper em seu momento triunfal. Não é racial, é a justiça judicial. A ti não cabe a decisão, foder, foder... Todos irão. E através desta tarda e romantizada rima, venho a vós esclarecer a minha sina. Sexo é morte. Sexo é vida. E é... A minha sina.
A sina jamais escolhida.
Eu não beijo porque eu quero.
Eu não dispo-me porque eu quero.
Eu não toco seus corpos porque eu quero.
Eu não transo porque eu quero.
Eu não fodo porque eu quero.
Eu não sinto dedos úmidos se deliciarem de vossa marionete porque eu quero.
Eu não enceno como uma princesa pornográfica porque eu quero.
Eu não sinto seios e pênis livremente festejarem e higienizarem-me como privada porque eu quero.
Eu não sinto meu sêmen se tornar sangue porque eu quero.
Eu não sou molestado porque eu quero.
Eu não escolhi viver, jamais haveria de escolher. Eu poderia viver qualquer outra vida... Estaria definitivamente melhor.
Eu admiro aqueles que sofrem bullying e, pela sociedade, são abominados. Não há garota que se atreva a beijar.
Eu os invejo.
Eu invejo estes, estes que jamais souberam o que é ser devorado com os olhos. Estes que jamais souberam o que é saber que a mulher em sua frente estupraria você se recebesse alguma chance. Estes que nunca souberam o que, realmente, se acontece no sexo...
Pingos d'água derramados sobre minha nua anatomia. Minha deformada anatomia. A água gelada corrente por meus ossos, devaneios inescapáveis e um coagulado sangue. Meu arruinado pênis, encarava em repulsa. Negras cicatrizes e peitoral cintilantes na umidade. Diariamente, fico despido e sou forçado a encarar meu corpo outra vez. Popularmente entitulado "banho", eu abomino. Recentemente, havia determinado-me a não cometer este ato, por um longo tempo. Não é uma mísera aversão a água... Talvez eu apenas não queira despir-me outra vez. Talvez eu apenas não queira ter este corpo nu. Eu jamais desejaria ser eu. Se eu fosse um branquelo virgem de pau pequeno, sei que a minha vida seria infinitamente melhor! Soa como mais uma piada... Porém, não é. Definitivamente... Não é.
Apesar disto, neste dia, conveniente escolhi banhar-me. Para manter o realismo para os heróis. Se eu pegasse uma infecção e morresse, seria um golpe de sorte. Manteria meus olhos fechados, confiaria na precisão de meu tato. A idéia é ridícula e envergonhar-se do seu próprio corpo é o se espera de uma patricinha com bulimia. Entretanto, acreditem, se estivessem em minha pele, arrancariam seus próprios ossos com as mãos.
Vejam bem, que história fascinante... Suponho que seja um tanto divertido ouvir esta narração. Em meu pequeno e utópico mundo, não há o que possa simplesmente acontecer! Não há simples e cotidianas tarefas que somente são feitas. Não, não... Um simples banho? Solitário? Estaria sendo abusado se desejasse não ser espionado durante a porra de um banho. Ainda que meus olhos estivessem fechados, seria impossível não identifica-la. Alguém espionava meu corpo nu, e este alguém era Bridgette Banks.
- Você...
Meus olhos, abri, permitindo escapar uma leve gargalhada. Tornou-se senso comum que homens molestam mulheres. O oposto? Inimaginável! Imagine só... Impossível, não é? Garotas tão honrosas e dóceis... Que fariam de tão mau?
- Cliff... Você cresceu... Estive certa de que não somente seus músculos.
Cardan não estava lá. Demonstrou-se aflito, mas há pouco desaparecia. Passione e todos, certamente trabalhos. Sua voz penetrava meus tímpanos e os apavorava. De repente, todos os áudios de uma só vez. Atravessando meus olhos, queimando-os como ácido, meu mais apavorante devaneio, concretizando-se. Com um vestido branco e seu repulsivo sorriso, atravessava os corredores, direcionando cada um de seus malditos passos em minha direção. Eu sou amaldiçoado? Há forças sobrenaturais? Devemos simplesmente considerar "azar"? Por que eu vivo a minha vida?
- Não me toque, sushi.
Desta vez não havia riso para acompanhar. Soava inteligente ironizar com a minha vida, sabendo que seria impossível dela escapar. Espero que agora compreendam meus problemas aquáticos. Bridgette é uma sereia. Como reza a lenda sobre belas e aquáticas mulheres que atraem caçadores e atacam-os... Mas como os atacam?
Jamais deveria aprender a nadar.
- Sabe que não pode me matar... Seja um bom menino e beije-me.
Minhas cordas vocais entrelaçaram-se, meu estômago contorceu-se. Eu vomitaria. Eu teria a matado desde os quatorze se fosse capaz... Deveria fugir da sede? Cometer suicídio naquele mesmo instante? Para o inferno... Desde que não tocassem-me outra vez.
Bridgette agressivamente aproximava-se... Seu asqueroso corpo a cada instante, mais próximo do meu. O objetivo era tocar meu pênis. Se eu não agisse, eu sabia, seria abusado mais uma vez. Estupro jamais mostrou-se um problema para Bridgette... Se não me fodeu durante todos os dias, foi por não ser capaz. Meus ossos paralisaram, meu pulmão esvaziou-se. Eu estava com medo? Pff... É óbvio que não. Eu cresci, tornei-me poderoso, intocável. Ninguém conseguiria me molestar outra vez. Nenhuma vadia tocaria meu corpo novamente... Desgraçada. Eu deveria arrancar sua maldita vagina.
- Vadia...
Apenas milímetros de distância entre Bridgette e meu pênis. Exausto, segurei sua mão, quebrando todos os ossos que possuía. Eu sabia que seria incapaz de acabar com a sua vida... Eu só queria não precisar ver seu rosto... Jamais. Por uma fração de segundos, assisti-a gritar e contorcer-se por dor, foi delicioso, mas completamente em vão. Bridgette não seria capaz de estuprar-me novamente. Não seria tão fácil realizar os seus joguinhos. Eu gostaria de tortura-la, trucida-la, mas acabaria piorando tudo. Precisava ser racional, foda-se a porra dos meus sentimentos.
- Você acha qu-
Na lenta perca de minha sanidade, segurei-a pelo pescoço, meu dedo indicador pressionando sua jugular. Isto a mataria? Eu a mataria? Estúpido filho da puta.... Do que adiantaria? Ela voltaria! Retornaria infinitamente pior. Sempre. Sempre. Sempre! Por outro lado, obviamente não seria denunciado. Sua obsessão por mim era genuína, jamais permitiria que eu fosse preso, isto nos afastaria imensamente. Embora, não possa declara-lo como um benefício. Eu iria para a prisão se significasse não precisar viver a minha vida. Mas eu estava exausto... Em um ato de fúria, compulsivamente soquei Bridgette. Não com intenções assassinas, somente uma falível tentativa de recompensa-la por nossos belos momentos. Foi então que percebi... Minha epifania. Seu rosto pavorosamente curvado em um enorme sorriso. Os gemidos escutados não simbolizavam dor, mas prazer. Somente meu toque... Apanhar por minhas mãos... Alimentava sua fetichização. Ativava seus orgasmos. Brilhante, Okami! No final das contas, realizou exatamente o que sempre desejou! Sim. Brilhante... Merda... Vai se foder... Eu já não era aquele pivete de quatorze anos. Não havia o que temer. Bridgette seria incapaz de me molestar como no passado... De... Finitivamente. Jamais seria violado por alguma vadia novamente. Bridgette não passava de uma repulsiva e inofensiva prostituta. E jamais tocaria meu corpo novamente.
- Você será meu, Okami Clifford.
Ela riu, confiantemente afirmando suas palavras, que nada me causavam, se não nojo. Erguendo-se, devorou-me com os olhos por um último momento e, finalmente, lançando asqueros beijos aos ares, partiu. Certamente estava satisfeita tendo seus orgasmos compensados por minha avassaladora estupidez. Bridgette foi a vadia mais repulsiva dentre todas as minhas perseguidoras. Não somente uma paparazzi, era um... Pesadelo. Tudo o que eu vivo desde o meu nascimento é um eterno pesadelo. Um pesadelo do qual, eu sei... Jamais conseguirei acordar.
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Between Sex and Blood
AksiNÃO RECOMENDADO PARA UM PUBLICO SENSÍVEL!! Em um mundo repleto de caos e violência, falemos agora sobre o nosso amado protagonista Clifford Okami. Herdeiro do trono do mundo sucumbido, vulgo, aquele que deveria um dia governar o inferno. O mesmo é u...