🩸: ao som da música o vampiro se perdeu

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Godsmack tocava quando Frank abriu a porta dupla do bar, Immune inundava o lugar em ondas sonoras embriagantes. Olhou todas aquelas bebidas à disposição nas prateleiras de vidro; um familiar prostrava-se como barman. Propriedade de Laurent Shark estava escrito no crachá prateado em seu peito, próximo ao coração como sempre. Evitava que outros vampiros chegassem perto demais.

Não havia anoitecido ainda. Eram três e meia da tarde, andou sob o sol e apreciou a solitude das vielas; suas veias surgiram por debaixo de sua pele intangível em linhas vermelhas, verdes e azuis; nada muito grave, pôde observar e admirar suas tatuagens se tornando tão vibrantes quanto a estrela de fogo no espaço sideral; a visão o fascinava.

Partiu discretamente enquanto todos ainda dormiam em direção ao único bar em élet a halálban. 'O bar' como era chamado, muito criativo, pensou com certa ironia.

Não havia ninguém ali ainda. Era muito cedo. O familiar olhou em sua direção em clara confusão antes de contornar o balcão para fechar as cortinas apressadamente. Ele pediu desculpas pelo inconveniente como se tivesse cometido um pecado.

Frank olhou para si mesmo, para as veias e as tatuagens voltando a sua cor normal. Era sempre tão frustrante.

"Não tem problema. Só...me dê algo para beber e mantenha esse som." Disse, sentando-se à um dos bancos no balcão. Pôs os cotovelos ali e apertou as mãos no rosto enquanto observava a quantidade acolhedora de álcool misturado com sangue dispostos nos vidros translúcidos. E não era só álcool, ele notou, havia uma variedade de outras drogas também.

"O que o senhor vai querer?" O familiar perguntou, ansioso enquanto concertava os óculos quebrados em seu rosto fino.

"Qual é o seu nome?" Perguntou, deixando o humano um tanto quanto embaraçado, olhando para os lados como se estivesse perdido. "Me desculpe, você não pode falar?"

"Não peça desculpas senhor, sou apenas um familiar." Ele disse, decididamente desta vez. "Já que o senhor deseja saber, me chamo Newt. Sou propriedade do senhor Laurent Shark." Apontou para o próprio crachá.

Frank refletiu por um segundo. "Esse Laurent parece um idiota, se não consegue arrumar um óculos melhor para o seu escravo. Sua haste vai partir a qualquer momento." Disse, afastando as mãos do rosto e as apoiando no balcão. "Não são todos os vampiros assim, ou são, Newt? Nem todos os familiares são tratados dessa maneira."

Ele reteseu por um momento, segurando um pano firmemente em sua mão. "Não, senhor."

"Não me chame de senhor. Me chame de Frank. Se você acata à ordens, então obedeça a minha."

"Sim, sen-Frank!" Ele se corrigiu rapidamente.

"Posso ver que você tem fentanil em sangue." Observou, tilintando os dedos lentamente sobre a madeira. "Além de cerveja, uma vez ou outra, maconha na adolescência e LSD - apenas uma vez na juventude - nunca experimentei nada mais. Sou um tanto quanto iletrado quando se trata de drogas." Aquilo estava mais para uma reflexão do que um pedido, o barman o encarou em expectativa, pronto para realizar suas vontades. "Fentanil é forte?"

"É uma droga muito forte, sen-Frank! Desculpe, dizem que essa droga esta devastando os Estados Unidos. Chamam de droga zumbi. Poucos vampiros se aventuram, a maioria procura por coisas mais leves, como a metanfetamina e a morfina, por exemplo."

Frank sorriu, aventureiro. "E teria algo mais forte ainda?"

Newt arrumou seus óculos mais uma vez. "Bem, sim, há uma droga chamada Krokodil. Dizem que é pior que crack e heroína. Em humanos, é necessário uma aplicação intravenosa. Muito perigoso. Pode causar necrose na pele e deformação. É um tipo de morfina sintética, muito simples de ser produzida. Mas...é claro, para os vampiros é...apenas um porre muito forte. Também é considerada uma droga zumbi."

my sweet vampire † frerardOnde histórias criam vida. Descubra agora