Operação Sinclair- Wenclair

Planos

Acordo com o despertador tocando uma música irritante. Enid sempre colocava essa, pois caso contrário não levantávamos. Sento na cama e olho ao redor; o quarto está extremamente claro, pois as janelas estão abertas, sinal de que a loira já levantou há tempos.

Vou ao banheiro escovar os dentes e logo após saio pelo corredor em direção à cozinha, onde Divina preparava ovos mexidos, como toda segunda-feira.

Agora, no meu apartamento, moramos nós quatro: eu, Enid, Yoko e Divina. Eu e Enid moramos juntas há três anos, depois que nos reconciliamos meses após sairmos da escola. Tudo estava ótimo; eu estava trabalhando como tradutora em uma empresa produtora de livros, e Enid estava no último período de Medicina.

— A Nid já foi para o plantão? — Pergunto, sentando à mesa.

— Foi, ela saiu cedo. Parece que tinha que resolver umas coisas do estágio. — Confirmo, pegando uma caneca de café.

— Oi, linda, oi, Addams! — Yoko aparece na cozinha e vai até Divina lhe dar um abraço, enquanto minha amiga despeja os ovos em um prato.

— Oi, Sanguessuga! — Ainda mantemos os mesmos apelidos da escola, mas confesso que já havia me acostumado com Yoko e seu jeito.

— Ah, lembrei de uma coisa, você e a Enid vão completar quatro anos de namoro semana que vem! — Divina diz, sentando-se à mesa, assim como Yoko.

— Sim, eu estava pensando se vocês não liberam a casa dia 17, se não for pedir muito. — Elas trocam olhares e eu reviro os olhos.

— Vocês não prestam! — Digo olhando para as duas e depois para meu café.

— O que estão tramando, Wednesday?

— Eu... estava pensando em pedir a Enid em... casamento.

Um silêncio se faz presente antes de Yoko pular da cadeira e Divina correr em minha direção.

— Já estava na hora, aaaa!

— Pode contar com nossa ajuda, tudo que quiser, sério.

Sorrio com a alegria delas, mas eu estava nervosa. Não sabia se era o momento certo; eu sabia que amava Enid, para mim era o momento, mas será que seria para ela?

— Eu... tenho que ir trabalhar! — Levanto, indo até o quarto e pegando minha mochila que estava sobre a cama.

— Vejo vocês mais tarde! — Digo, passando pela cozinha e indo até a porta.

...

Desligo o carro no estacionamento e sigo até a editora onde trabalho. Cumprimento alguns colegas e entro em minha sala.

— Oi, Wed! — Kate, minha assistente, acena do sofá onde estava.

— Oi, Kate! — Digo, sendo simpática e sentando à minha mesa.

— O que temos para hoje? — Ela se levanta, vindo até mim com uma pilha de papéis.

— Uma reunião com a Douglas e um almoço comigo hoje. — Ergo o olhar para a garota.

— Como?

— Vamos, Wed, você nunca sai para almoçar. Precisa melhorar seu humor um pouco. Dá para ver sua tensão a quilômetros.

— Só estou preocupada com umas coisas pessoais.

— E o que melhor que desestressar um pouco, não é?

Penso um pouco e sorrio. Seria bom me distrair um pouco.

— Tudo bem, mas aqui no refeitório mesmo, não estou afim de sair.

A ruiva acena e volta a sentar no sofá para analisar uns papéis, e pensar que há alguns anos era eu ali. Aquela oportunidade foi tudo para mim na época, e eu fazia de tudo para que fosse a de outras pessoas também.

Trabalho um pouco no novo livro que estava preparando para ser o próximo lançamento quando meu celular toca.

— Oi, amor! — Digo, apoiando o celular no ombro enquanto olho para o computador onde faço um relatório.

— Oi, linda, tudo bem?

— Tudo, e com você?

— Estou indo para casa, resolvi tudo por hoje na faculdade, consegui o estágio no hospital geral, começo daqui duas semanas.

— Que maravilha! — Digo, animada, e desligo o computador, prestando total atenção nela.

— Isso merece uma comemoração, que tal lagosta no Ocean, seu favorito!

— Maravilha, beijos até mais tarde.

— Te amo! — Digo.

— Eu te amo mais! — Ela diz, desligando.

Observo Kate me olhando e dou de ombros.

— Sua namorada?

— Sim! — Digo, sorrindo.

— Parecem se gostar muito. Faz tempo que estão juntas?

— Desde o ensino médio, na verdade.

— Nossa, isso é difícil hoje em dia. — Ela volta a olhar para suas folhas e eu para meu relatório.

Não demora a dar a hora do almoço, e saio com Kate para almoçar no refeitório.

— Wednesday, semana passada achei um manuscrito em cima da sua mesa, é a nova que vamos publicar?

— Na verdade não, é um trabalho próprio.

— Você escreve?

— Às vezes, tive uma ideia ano passado e comecei a escrever, mas não vou publicar por um bom tempo, não sei se é bom o suficiente.

— Posso dar uma olhada? — Dou de ombros, não seria mal uma opinião.

— Pode, se quiser te dou uma cópia para ler, depois quero sua opinião.

— Pode deixar!

Beijos da Torry😘