2022
Era meio do ano na Austrália, nas colinas mais altas nevava lindamente. Frank se pegou admirando o clima e a paisagem, sozinho sob o céu noturno e estrelado.
Desde o incidente com o Krokodil quase no final do ano anterior não falou mais com Gerard. O beijo desestabilizou o que já era um desastre entre eles, e Way parecia desinteressado em manter contato de qualquer maneira, ele não está interessado, Frank repetia em sua psique, nunca esteve interessado; e seu coração esmaecia dentro de suas catacumbas internas. Isso era algo que ele odiava admitir para si mesmo, então não deixava que o pensamento e as palavras viessem a sua mente. As bloqueava. E também o evitava, pois doía, e já estava cansado de sofrer em silêncio. Não era estúpido, percebia o que tomava conta de si, mas também era esperto o suficiente para manter o segredo, em prol de sua auto preservação – se é que aquilo ainda era um segredo, tinha noção de que seus amigos tinham suas próprias percepções a respeito daquilo.
Timmy ocupou-se de ser um propagandista, junto de Gerard. Às escondidas, eles espalharam a palavra da revolução e angariaram mais seguidores. Era de se imaginar que o governo vampirico já tivesse noção disso, embora estranhamente não fizessem nada a respeito; era como se duvidassem que eles seriam capazes de fazer algo definitivo. Um insulto passivo agressivo. Mas um erro tático gigantesco.
Eles eram bons no que faziam. Muito bons. Estavam em viagem pela Rússia há três meses agora, embora houvesse uma guerra na região. Era primavera lá, e eles convenciam clãs de centenas de milhares de anos à estudarem a causa e se unirem à ela com paciência e determinação. Era inspirador, para falar a verdade. Fazia seu coração se acender como uma chama. Como se algo poderoso estivesse vindo.
Naquele meio tempo, fez o que Timothée lhe aconselhou à fazer, conversou com mais vampiros além daqueles que viviam em sua casa. Sem álcool ou entorpecentes dessa vez. As vielas falavam, era como se uma hidrelétrica estivesse se rompendo, vazando litros de água para todos os lados.
Nunca mais voltou àquele bar, com uma única exceção – ao caminhar no centro de Sydney sob uma lua cheia brilhante avistou uma quantidade exímia de óculos nas prateleiras brancas de uma ótica exageradamente iluminada. Não refletiu sobre o assunto, sentou-se em uma praça próxima e esperou pela madrugada afim de invadi-la; na noite seguinte entregou seu presente para Newt com o pedido singelo de que ele nunca contasse ao seu vampiro de onde o novo objeto havia surgido (o familiar o assegurou com um rolar de olhos que Laurent sequer notaria se tingisse o cabelo de verde, então o agradeceu pelo ato de bondade, embora o grau estivesse um pouco mais alto do que normalmente usaria).
"Eventualmente, a miopia ficará pior de qualquer maneira." Ele se desculpou pelo ato falho do vampiro, arrumando os novos óculos no rosto. "Obrigado, Frank."
Aquele pequeno ato de altruísmo ruminou em sua mente por semanas. Sorria sempre que se lembrava do rosto daquele humano. Ainda era capaz de fazer coisas boas.
Do alto da colina fria olhou para baixo, para as árvores-garrafa espalhadas pela areia encoberta de neve rala. Algo capturou seus olhos à distância. Uma chaminé expulsava uma notável quantidade de fumaça na noite congelante; pulou de uma montanha à outra até estar perto o suficiente para ver uma pequena casa feita de troncos e palha reforçada, com janelas e portas de cedro, ambas gradeadas. Abriu os olhos melhor para fitar o que pareciam ser runas desenhadas na madeira escura.
Sentiu que havia movimentação lá dentro, mas não tinha intenção de perturbar, estava quase dando meia volta quando, para sua surpresa, a porta e a grade rapidamente se abriram, revelando uma linda mulher de cabelos pretos, longos e cacheados. Seus olhos eram tão lilases quanto a ametista mais cristalina, e seus lábios eram fastosamente carnudos. Ela usava um tipo de decote vermelho aberto nos seios, mostrando a fartura da região para quem quisesse apreciar, um corset preto enfeitava seu estômago magro e uma saia longa de mesma cor se ajustava ao redor de suas coxas bem nutridas, botas de couro com pontas pontiagudas e laços bem feitos calçavam seus pés pequenos e luvas de lã branca iam até seus ombros.
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my sweet vampire † frerard
RomanceFrank é filho de um caçador de vampiros. Gerard é um vampiro. Uma história sobre amor e ódio, a passagem do tempo e os problemas de ser um vampiro no século 21.