No seu copo, no seu colo e nesse bar

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Nem todas as pessoas gostam de comemorar aniversários - isso é fato -, mas ao menos algumas delas faziam questão de viver esse momento como se fosse o último. Bem, casos assim são conhecidos como Kaedehara Kazuha. Ela tinha seus motivos para não comparecer em sua faculdade e exigir que sua namorada fizesse o mesmo, afinal, não se faz vinte e um anos de novo e qualquer coisa seria melhor do que ficar estudando.

Mas lá estava ela, a aniversariante do dia revirando os olhos de tão cansada. Depois de ser levada para compras no shopping, jogar em fliperama, um karaokê, passar no parque de diversões e um cineminha depois do almoço para trocarem beijinhos no escuro.

Mas agora, tudo que passava na mente de Kunikuzushi era de descansar, cumprindo seu desejo em uma mesinha dentro de um bar vazio. Este, que ela precisou insistir para poder relaxar, antes que Kazuha puxasse seu pé para mais uma rota louca, como se o mundo fosse acabar nas próximas horas por um meteoro gigante na terra.

Kunikuzushi suspirou aliviada por conseguir convencer a outra, mas lamentou não ter pensado em dizer desde o segundo passeio que fizeram de manhã. Afinal, quem que acordava às seis em ponto já pronta e programada para sair de casa - infelizmente Kazuha -?

E como o dia estava sofrendo um surto IMENSO de calor e para piorar, era uma terça-feira à tarde. Isso afastava a maioria da população para praias ou apenas internação dentro de casa - coisa que a aniversariante amaria estar fazendo -, ou seja, todos os lugares que o casal iam geralmente estavam vazios e por isso, Kunikuzushi não viu problema em sentar no colo da namorada enquanto elas dividem um único copo de refresco com café e limão.

Os pensamentos de tomar um banho frio e deitar na cama enquanto joga no celular, foi gradativamente interrompida com a voz rouca da platinada.

- Amor, eu quero mais um gole - Kazuha pediu manhosa pela segunda vez, antes de apertar o corpo aconchegado em seu colo.

- Bem que poderia ser uma cerveja, né? Ao menos duas, eu mereço beber no meu aniversário - solta Kunikuzushi, fazendo sua namorada bufar em seu pescoço e sorrir antes de responder.

- Você prometeu ficar sóbria hoje, então o seu pedido está negado.

Era sempre assim, Kazuha no controle de tudo. Kunikuzushi não achava seu relacionamento tóxico, mas com certeza sua namorada precisa de um curso com mais de trezentas horas, para entender o que era "parceria". Mas tinha que ter paciência, pois sabia que sua boca era grande demais e fazia pessoas sensíveis como Kazuha chorarem, mesmo sem estarem no período menstrual.

- É assim né, então não vai tomar sua limonada! Toda hora isso, como se um copinho de licor fosse me derrubar, tá me achando com cara de palhaça?

Resmungou, batendo os braços ao cruzá-los e fingindo estar com raiva, quando na verdade estava pensando num método de iniciar uma conversa sobre os presentes exagerados que recebeu logo quando acordou, além dos passeios sem pausa - só não reclamaria do café na cama, pois era inegável seu amor por esse simples gesto -.

Mas nada afastava o lado vingativa e birrenta quando o assunto era lidar com Kazuha, era assim que a aniversariante do dia se comportava quando queria apenas provocar seu amor por diversão. Mas sem interromper o carinho suave entre suas coxas descobertas e o aperto gostoso na cintura, que somente Kazuha tinha a mais pura cara de pau em fazer, mesmo na frente do único funcionário do bar, que ainda finge não olhar a safadeza descarada.

- Não seja má comigo - sussurrou Kazuha entre um estalar de beijo na pele leitosa em sua frente, como sempre fazia quando queria ganhar qualquer coisa - é pelo seu próprio bem, antes da nossa próxima parada!

Destacou a de mechas brancas, agitada ao lembrar todo seu planejamento para o grande dia da namorada.

Já a mente de Kunikuzushi nem se dava mais ao trabalho de funcionar, quando o assunto era saber para onde seria levada depois de terminar seu drink compartilhado. Tudo parecia tão corrido, como um filme acelerado cortando as melhores cenas que desejava lembrar, pois mal paravam em um canto e já era puxada para outro completamente aleatório. Já fazia alguns minutos que a pergunta não parava de entalar na garganta da aniversariante, mas não tinha coragem de fazer seus questionamentos e atrapalhar toda a felicidade que esbanjava no sorriso claro de Kazuha.

Pressa de Viver - {Kazuscara; KazuhaxScaramouche}Onde histórias criam vida. Descubra agora