É como queda livre: o frio na barriga, o vento no meu rosto, o estômago gelado.
É como estar livre: o som da brisa como música de fundo, o ruído do canto de pássaros.
Há quanto não me sinto livre? Há quanto não me sinto vivo o bastante para respirar sem medir o movimento de meus próprios pulmões.
Eu inspiro fundo e fecho meus olho. Tem cheiro de relva, mas eu nunca senti esse cheiro. Tem cheiro da terra depois da chuva, mas a chuva é ácida e eu sei que nunca senti esse cheiro antes. Tem cheiro de tranquilidade, mas essa palavra é tão infiel a seu significado, há tantos anos, que posso compará-la a minhas próprias mãos.
— É uma piada. — Digo. — Só pode ser isso.
— Não se cobre demais. — A voz que vem do meu lado é familiar. Tanto que me nego a abrir meus olhos para encontrar a imagem de quem as dita. — Seu caminho só tá no início, deixe as cobranças pra quando forem realmente necessárias.
Eu suspiro. Pressiono meus dentes um contra o outro antes de perguntar:
— Eu te decepcionei?
— Tá dizendo como se você tivesse terminado.
— Eu terminei. Eu estou fugindo, pai. — Sussurro. — Eu deixei o Norte, Narae. Eles têm razão, eu não acho que me entreguei. Eu realmente acho que escolhi isso.
— Parabéns, desertor. — Agora, a voz de Junghwan é que me diz. — É como os heróis das histórias que ouvíamos.
Eu ainda não abro os olhos, mas sei que os tenho um a cada lado meu.
— Você não terminou ainda. Como pode ter me decepcionado?
Eu penso um pouco.
— Mas e você? O senhor não já terminou, meu pai?
— Ah, não... Ainda estamos longe de terminar. Tem uma fração de tudo o que eu fui em cada um de vocês dois, se seu caminho é longo o meu também se estende.
— Ei, Seonghwa! — Junghwan chama animado. Ele cutuca minhas costelas e eu rio pelas cocegas, mas o ato parece muito mais físico do que o ambiente à minha volta. — Você devia ver isso.
Eu sinto quando ele me cutuca outra vez, e parte da minha risada se desfaz em reclamação:
— Junghwan! — Repreendo e abro meus olhos.
Mas Hwan não está ali. Estão ali os olhos meio confusos - mas ainda sorridentes - de Wooyoung. Ele nega e aponta para o próprio rosto, como se me mostrasse quem é.
— Wooyoung. — Eu sussurro.
Seus olhos estão brilhantes, a pele parece menos pálida do que na noite anterior durante o jantar. Os dentes amarelos reluzem ante a luz da manhã enquanto ele aponta para frente e para cima ao se levantar. Ele olha em volta e praticamente pula no mesmo lugar, arrancando fácil um sorriso de minha parte - não porque é engraçado, mas porque a felicidade cai bem a Wooyoung e ele parece muito mais bonito do que j-
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Estandarte de Jade |• ATZ (Poliamor)
FanfictionO futuro traiu Park Seonghwa. Essa é sua crença, depois da morte de seu pai, Kim Narae, o render apenas um posto de importante e de reconhecimento junto aos membros do Alto na Colônia Oficial do Norte. Ele odeia Kim Narae de todas as formas, desde...