Cega pelos holofotes |TEMP 1|

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Impressionante rosto da perfeição, até na hora de sua morte, você brilha como diamante.

2 anos antes

- Eu não quero usar esse vestido. Por Deus, vão me chamar de vulgar!

- Vão haver mulheres que vão estar com roupas mais vulgares que a sua e serão elogiadas.

O que eles acham que você é?

- Mas-

- Larga de pagar de santa e usa logo a droga do vestido! – a voz gélida da sua empresaria preenche o local onde se encontrava só você e seu estilista – Já te viram com roupas piores.

Sem nenhum argumento, você simplesmente abaixa a cabeça e se recusa a olhar para o estilista ao seu lado que, como todos em sua volta, te olham com olhar de pena.

Desde que você entrou para a indústria da moda, suas vontades foram
esmagadas, foram cuspidas, pisadas e jogadas foras por sua empresaria e donos de empresas que te patrocinam.

- Se você quiser, pode colocar um blazer por cima. Vai ficar chique e irá mostrar menos do seu corpo. – Te diz com um sorriso fraco. – Vai te deixar mais linda do que é.

- Obrigada Steve, irei aceitar sua recomendação.

Ao sair da cabine de roupa, você vai direto para o carro, entra e senta no banco de trás e passa o caminho inteiro olhando pela janela e admirando a vista e a liberdade das pessoas e imaginando se algum dia poderá ser assim também. Livre.

O desfile começaria em menos de três horas e você não poderia se atrasar. Caminhando por passos lentos até o elevador, evita contato visual com todo o tipo de pessoa que te da oi ou boa tarde. Ao chegar ao seu quarto, olha para o chão revestido de titânio, para iluminaria de ouro puro e para osmóveis de madeira romana. A parede pintada com cores frias e nem um pouco alegres sendo enfeitadas por quadros vitorianos e de época renascentista melhoram um pouco do vazio. No
centro, uma cama king saze que caberia umas cinco de você e ao lado, um criado mudo da mesma cor que os móveis.

Você caminha até o espelho e tenta sorrir. Vai, você é boa nisso e sempre foi. Você olha sua aparência, olha seu cabelo, sua maquiagem e algo dentro de você se quebra.

Mas você não era inquebrável?

Sua dignidade, seus sonhos, todos perdidos. Seu estado é de pena, até seus amigos se afastaram de você não por vergonha,
mas dor por não suportar ver a amiga nesse estado, sendo alguém que nunca foi.

Seus amigos se tornaram inimigos,
‘’seria vergonhoso caso alguém visse você com esse tipo de pessoa’’ eles disseram.
Sem perceber você começa a chorar. Você está sozinha não precisa ter medo de chorar, nem vergonha, você é humana,
também sente dor. Seus fãs não julgariam, eles te amam e se compadeceriam por você, agora só o seu reflexo te vê e ele está
tão triste por te ver quebrada.

Como uma máquina, você para de chorar, se olha no espelho, respira fundo e sorrir, um sorriso quebrado, onde todos as suas
rachaduras são mostradas e todas suas feridas abertas. Dói tanto.

Mas não era para doer, você está feliz, não está?

Você vai tomar banho e com a água você deixa levar todas as suas tristezas, ou pelo menos quase todas elas. Sai do banheiro
põe o vestido, solta o cabelo, passa sua melhor maquiagem e promete a si mesma em frente ao espelho que hoje você irá se
divertir.

Desse de elevador e quando as portas se abrem, todos olham para trás e sorriem por tão bela visão. Você estava brilhando,
como nunca brilhou antes, as pessoas não conseguiam parar de olhar para você, eles olhavam e admiravam seu sorriso,
admiravam a sua roupa e seu corpo, admiravam sua postura, sua maquiagem e seu cabelo. Tudo para eles era perfeito.

O brilho era sua assinatura.