Droga... droga.
Abro a porta de casa e atravesso a rua, com pressa, o calor das chamas ferve tudo ao redor, inclusive minha pele.
Observo a dimensão do incêndio, o teto da casa já nem existe, as paredes estão em ruínas. Já começou há muito tempo.Ouço um zumbido no ouvido e começo a suar, entro por cima, a máscara parece não ser o suficiente para conter a fumaça, começo a tossir repentinamente.
Meu coração está acelerado, completamente. Procuro em seu quarto mas não a encontro, passo por cima dos escombros e sinto que estou derretendo, o calor é imenso minha visão começa a girar.
Uso de toda a minha força para abrir cada porta daqueles cômodos e mesmo assim não a vejo, desço as escadas que já não existem e o que me tira a atenção na destruição da cozinha é a única parte de seu corpo que aparece: a mão.
O ar some de meus pulmões e rapidamente começo a tirar as madeiras que estão queimadas sobre seu corpo, não consigo ver muito bem e a fumaça faz meus olhos arderem.
Por favor, esteja viva.
Empurro o mais longe possível todo aquele peso, mas perco a força na mesma medida que perco o ar. Tudo está desabando com o fogo e respirar se torna uma missão impossível.
Nem acredito quando seu corpo ainda se move, empurrando algumas madeiras que estão sobre suas costas, sua mão está sobre seu rosto e vejo seu chakra reluzir.
Apesar de todos os seus ferimentos e seu sangue, percebo que ela está usando um jutsu para ainda respirar, mesmo que seu olhar esteja zonzo e os olhos vermelhos.
Ergo-a com força, tirando-a das cinzas, pego-a no colo e procuro a saída, a saída da qual está completamente bloqueada.
Uma madeira cai sobre nós e uso meu corpo para protegê-la. Sem saber descrever como dói, como arde, como queima.
Estou completamente tonto quando consigo ver a saída. Sinto minhas costas queimarem e a pele derreter, cerro os dentes de tanta dor, estou em chamas, meu corpo está, mas continuo levando-a até onde aguento.
Não vou muito longe, mas consigo nos afastar de tudo aquilo. Não consigo respirar e perco a força, caindo de joelhos.
Deito-a na grama e caio ao lado, tossindo incansavelmente.
As cinzas entraram nos meus olhos e não vejo nada, absolutamente nada. Minha visão está turva.Ergo os olhos para ela e meu coração parece parar, seus cabelos castanhos caem sobre os ombros, os olhos escuros me encaram e apesar de eu não enxergar nada além de cores borradas, vejo as marcas roxas em seu rosto.
Fecho os olhos fortemente.
Por favor Rin, já chega... não sei o quanto ainda aguento.
Por que Rin tem aparecido mais evidentemente essa semana? Em meus pensamentos, meus sonhos... o que está acontecendo?
Quando abro os olhos outra vez vejo Naomi, ninguém além dela, não existe nada da Rin e saber disso me mata.
Eu sempre soube que não conseguiria viver em um mundo que ela não existe.
Eu sempre soube que não conseguiria seguir sem tê-la ao meu lado.
Só não queria aceitar.Nem o fogo, nem as queimaduras... nada me consome tanto quanto a dor. A dor que sinto há tantos anos. A dor que continuarei sentindo pelo resto da minha vida.
Desisto, a sensação de desmaio me invade, olho para o céu, coberto por fumaça.
Pai... Rin... Obito... quando vou encontrá-los?