JungKook
5 de abril de 2014
Dois dias antes do adeus
— Você não come nada há dias. Por favor, JungKook. Pelo menos um pedaço do sanduíche — implorou minha mãe, sentada diante de mim.
A voz dela me irritava mais a cada dia.
Ela colocou o prato na minha frente e me pediu de novo que comesse.
— Sem fome — respondi, empurrando o prato de volta para ela.
Ela assentiu.
— Eu e seu pai estamos preocupados, Jun. Você não fala com a gente. Não nos deixa ajudar. Você não pode reprimir as emoções desse jeito. Precisa falar com a gente. Me fala o que você está pensando.
— Você não quer saber o que estou pensando.
— Quero.
— Acredite em mim, não quer.
— Não. Eu quero, querido. — Ela segurou minha mão, tentando me consolar.
Eu não queria que ela me consolasse.
Queria que ela me deixasse sozinho.
— Tá. Se você não quer falar com a gente, pelo menos fale com seus amigos. Eles ligam e passam aqui todos os dias, e você não trocou nem uma palavra com eles.
— Não tenho nada a dizer.
Levantei da mesa e me virei para sair, mas me detive quando ouvi minha mãe chorar.
— Estou arrasada por te ver assim. Por favor, fale qualquer coisa que estiver pensando.
— O que estou pensando? — Virei para ela, minha testa franzida, minha mente nublada. — O que estou pensando é que você estava no volante daquele carro. O que estou pensando é que você saiu de lá ilesa, só com um braço quebrado, porra. O que estou pensando é que a minha família morreu e você estava dirigindo, você... VOCÊ MATOU OS DOIS! Você fez isso! Você é a culpada! Você matou minha família! — Senti um nó na garganta, minhas mãos fechadas em punho.
Minha mãe chorou ainda mais, seus gemidos ficando cada vez mais altos.
Meu pai veio correndo e a abraçou, trazendo-lhe um pouco de consolo.
Olhei para ela, percebendo a distância entre nós.
Eu sentia que o monstro dentro de mim crescia a cada momento.
Eu deveria ter me sentido mal ao ver suas lágrimas caírem e não sentir pena.
Eu deveria ter me sentido mal por não querer confortá-la.
Eu simplesmente a odiava.
Eles morreram, e ela era a culpada.
Por causa dela, eu também estava morto.
Eu estava me transformando num monstro, e monstros não precisam consolar pessoas.
Monstros destroem tudo que aparece pela frente.
≈
Quando entrei no galpão, bati a porta e tranquei-a.
— Merda! — gritei, olhando para a escuridão, para as paredes e prateleiras.
As lembranças pressionavam meu corpo, sufocavam minha mente, meu coração.
Eu não aguentava mais.
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Breath of Life - Jikook
FanfictionComo superar a dor de uma perda irreparável? Todos me alertaram sobre Jeon JungKook. "Fique longe dele", diziam. "Ele é cruel." "Ele é frio." "Ele é perigoso." É fácil julgar um homem pelo seu passado. Olhar para JungKook e ver um monstro. Mas eu...