Falsas promessas para os que acreditam em finais felizes.

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— Elizabeth! O que você tá fazendo?

A mulher escuta aquela voz familiar preocupada gritar de longe. Ela imediatamente olha pra trás, com seus olhos cheios de água, prestes a escorrer.

— Thiago. — ela sussurra.

— Liz! Para! — Thiago correu em sua direção, em completo desespero

Ele nem a olhou direito naquele momento, somente a envolveu com seus braços, puxando-a com força para perto. Liz permaneceu estática por alguns segundos, parecendo estar em completo choque. Pelo visto, nem mesmo ela sabia o que estava fazendo com aquela arma apontada para sua própria cabeça enquanto olhava para um porta-retrato.

O que ela estava fazendo com aquela arma na mão?

— O que você pensa que tá fazendo?! Você tá ficando louca?! Não! — Thiago grita. Apesar de parecer, ele não está com raiva. Tudo aquilo preocupação e puro desespero de ver sua amada naquele estado.

Ele sabia que as coisas ficaram difíceis nesses últimos tempos. Ele sabia que Liz carregava um fardo pesado pra caralho, e completamente sozinha. Ela se recusava a pedir ajuda.

Ainda era possível escutar o tic-tac do relógio de parede pendurado naquele quarto monótono, repleto de cores escuras, iluminado somente pela luz da lua que invadia o ambiente pela enorme janela.

— Thiago — Foi a única palavra que Elizabeth teve capacidade de dizer naquele momento, antes de desabar completamente em lágrimas. Lágrimas essas que estavam presas por tanto tempo, lágrimas que nunca se atreveram a sair.

Ela agarrou o corpo de Thiago com a pouca força que tinha naquele momento, gritando. Suas cordas vocais poderiam romper naquele momento. Um grito da alma. Um grito desesperado, carregado de tristeza e angústia.

Ambos caíram no chão, sentados. Elizabeth apoiava-se no peitoral de Thiago, que acariciava seus cabelos grisalhos com carinho. Ele odiava vê-la daquela forma, mas sabia que ela precisava colocar aquilo pra fora.

Naquele momento, nada mais importava.

— Thiago — Liz fala, entre soluços e lágrimas que caíam incontrolavelmente. — Você disse que eu não tinha que me culpar. Mas como? Como não me culpar?

— Liz, a culpa pode matar se você permitir. E é exatamente isso que ela fez com você, minha querida — ele suspira, o tom triste de sua voz era nítido. — Você não tem que se culpar por tudo o que aconteceu. Você não tem controle sobre tudo, ninguém tem o controle sobre tudo.

— Thiago, as coisas que eu poderia ter feito! As coisas que eu poderia ter impedido! Eu poderia ter impedido a morte do Alex, ele não tinha porra nenhuma a ver com tudo aquilo! Eu poderia ter impedido a morte do Daniel, a morte do Chris, a morte de tanta gente inocente, a sua morte! Eu poderia ter feito tão mais pelas pessoas... Eu consegui falhar miseravelmente em tudo isso! — Liz grita aquelas palavras.

— Elizabeth, eu não admito que você fale isso sobre você mesma! — Thiago se afastou dela, segurando em seus ombros. — Olha pra você! Tudo o que você fez! As vidas que você salvou! Você é uma mulher incrível pra caralho e é a única que não enxerga isso! Você não tinha o controle sobre tudo, nem ninguém nunca teve! Não é um peso que você tem que tomar pra você, não é uma dor que você tem que carregar. Liz, esse lugar não é seu!

Ele colocou o cabelo dela atrás de sua orelha. Era possível ver água nos olhos arregalados do homem. Águas caíram de seus olhos.

Tic-tac. Tic-tac. Tic-tac.

— Elizabeth, não é o fim do mundo — Thiago falou, segurando o rosto de Liz. — Você tem segurado um fardo muito pesado que ninguém é capaz de suportar. Você sabe muito bem disso. Mas você é teimosa a ponto de pensar que você tem essa obrigação de ter todas as respostas o tempo todo, de querer proteger e salvar as pessoas que são importantes pra você. Você cria essa... essa obsessão por cuidar dessas pessoas e esquece completamente de você! E se alguém tenta se aproximar, você não permite!

A Hundred Fake Promises - LIZAGO / ONE SHOTOnde histórias criam vida. Descubra agora