Capítulo 2 - Fortalecendo laços

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19:32 pm - 05 de Setembro de 2021.

Rhode Island, New England.

O ambiente do bar da universidade era acolhedor e vibrante, com o som de conversas animadas e risadas preenchendo o local. As luzes suaves e o aroma de comida e bebida pairavam no ar, criando uma atmosfera convidativa enquanto nos reuníamos em uma mesa no canto.

Vic, Júlia, Emily, Amélia e eu, o quinteto titular que deveria começar os jogos, nos acomodamos ao redor da mesa, sentindo uma mistura de excitação e relaxamento depois do treino intenso. Os garçons circulando entre as mesas, entregando bebidas e petiscos enquanto nós cinco começávamos a compartilhar histórias e risadas.

Amélia foi a primeira a quebrar o silêncio com um sorriso animado. "Vocês sabiam que o nosso primeiro jogo da pré-temporada vai ser contra a UConn?" Seus olhos brilhavam com antecipação enquanto ela compartilhava a notícia.

"O que? Já teremos um Paige versus Olívia na primeira semana de amistosos?" Emily, a mais alta entre nós, não conseguia conter a excitação, enquanto eu me concentrava em mastigar a bata frita que havíamos pedido.

Meu coração deu um salto dentro do peito ao ouvir essas palavras, confesso. O time da UConn era uma das equipes mais temidas do país, conhecida por suas jogadoras talentosas e história de sucesso. Enquanto sorria e acenava em resposta, por dentro eu sentia uma mistura de emoções tumultuando meu peito.

"Vai ser um jogo animado pra quem tiver assistindo..." comentei.

Por um lado, havia uma sensação de empolgação dentro de mim. O desafio de enfrentar uma equipe tão forte era a oportunidade perfeita para provarmos nosso valor e competir no mais alto nível. Eu ansiava pelo desafio e pela oportunidade de testar minhas habilidades contra jogadoras de elite.

Mas também havia uma pitada de ansiedade e insegurança. A ideia de enfrentar uma equipe tão talentosa trazia consigo a pressão de dar o meu melhor e não decepcionar minha equipe. E, é claro, havia o persistente medo de que meu joelho pudesse não estar completamente recuperado, colocando em risco minha capacidade de contribuir plenamente com o jogo.

Enquanto as conversas continuavam ao meu redor, eu lutava para manter um sorriso no rosto e participar ativamente. Por dentro, porém, um turbilhão de pensamentos e emoções estava em pleno furor. Eu sabia que teria que encontrar uma maneira de superar meus medos e incertezas antes do dia do jogo.

"A Point Guard delas me assusta mais do que a Bueckers... Aquela Croata altona mete medo em qualquer um" dessa vez foi Vic quem falou, pontuando um ponto muito importante.

Nika Mühls.

Nika jogava como Point Guard por Uconn pela segunda temporada e já era chamada por muitos fãs do programa da Universidade de Connecticut de "A nova Sue Bird".

Mas enquanto o tempo passava e as horas avançavam, eu me esforcei para encontrar um equilíbrio entre a excitação e a apreensão que me consumiam. No fundo, eu sabia que teria que confiar na minha preparação, na minha equipe e no meu próprio talento para enfrentar o mais aquele desafio.

E assim, entre risadas e brindes, eu me preparei para o que viria pela frente: o confronto com a UConn, um teste de fogo que exigiria o melhor de mim e de todo o time.

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Passaram-se semanas desde o nosso primeiro treino juntas como equipe, e cada dia nos aproximava mais do tão esperado confronto contra a UConn. Durante esse tempo, mergulhamos de cabeça nos treinamentos, trabalhando incansavelmente para aprimorar nossas habilidades individuais e fortalecer nossa química como equipe.

A cada treino, o quinteto titular da Providence se tornava mais coeso e entrosado. Nossos movimentos se sincronizavam de maneira quase intuitiva, como se pudéssemos antecipar os próximos passos uma da outra antes mesmo de acontecerem. O entrosamento estava lá, crescendo a cada dia, como se estivéssemos nos comunicando em uma linguagem própria, sem a necessidade de palavras.

Eu me encontrava cada vez mais confiante no controle da bola, meu domínio sobre ela se tornando quase instintivo. Não era mais uma questão de pensar sobre onde passar ou para quem lançar; simplesmente acontecia. Eu podia sentir a presença das minhas companheiras de equipe sem nem mesmo olhar para elas, sabendo exatamente onde estariam e como poderia encontrar uma brecha para entregar a bola em suas mãos.

Os arremessos de três pontos se tornaram uma arma confiável no meu arsenal. A cada treino, eu aprimorava minha técnica, trabalhando na precisão e consistência do meu arremesso. E, à medida que o tempo passava, eu me vi acertando os arremessos com uma regularidade impressionante, o som reconfortante da rede balançando se tornando uma melodia familiar para os meus ouvidos.

Nos treinos, o jogo fluía com facilidade entre nós. Movíamos a bola com rapidez e inteligência, encontrando espaços abertos e oportunidades de pontuação com facilidade. Cada uma de nós sabia o seu papel e estávamos dispostas a desempenhá-los com excelência, confiando umas nas outras para alcançar o sucesso.

À medida que os dias passavam e os treinos se intensificavam, uma transformação silenciosa acontecia dentro de mim também. O que antes era uma fragilidade constante, meu joelho lesionado, agora se transformava em uma fonte de força e determinação. Cada passo que eu dava em direção à quadra era um lembrete do quão longe eu havia chegado desde o dia da lesão. A dor havia cedido lugar à resiliência, e a incerteza tinha sido substituída pela confiança renovada.

E eu me desafiava mais a cada dia, testando os limites do meu corpo e superando obstáculos que antes pareciam intransponíveis. Com a orientação cuidadosa dos nossos treinadores e a dedicação incansável dos meus colegas de equipe, eu ganhava confiança na minha capacidade de enfrentar qualquer desafio que viesse pela frente.

E não foram apenas os treinos que me ajudaram a recuperar minha confiança. Os jogos amistosos contra a Universidade de Brown foram uma oportunidade crucial para testar minhas habilidades em um ambiente de competição. Lembro-me vividamente do momento em que pisamos na quadra para enfrentá-las. 

O ar estava carregado de eletricidade enquanto nos preparávamos para o confronto.

Os jogos foram acirrados, cada posse de bola disputada com ferocidade e determinação. Mas, à medida que o relógio avançava, foi ficando cada vez mais claro que éramos a equipe mais forte durante os confrontos. 

Nossos passes estavam precisos, nossos arremessos certeiros, e nossa defesa impenetrável. No final, saímos vitoriosas, celebrando não apenas a vitória, mas também o progresso que havíamos alcançado como equipe e como indivíduos.

Para mim, foi mais do que apenas uma simples vitória do time e sim uma vitoria pessoal. 

Foi uma confirmação de que eu estava no caminho certo, que minha jornada de recuperação estava dando frutos e que eu estava pronta para enfrentar os desafios que estavam por vir. Cada vez mais, eu me via olhando para o futuro com esperança e determinação, pronta para enfrentar o que quer que o destino reservasse para mim e para a minha equipe.

E assim, enquanto o dia do jogo contra a Uconn se aproximava, eu me sentia cada vez mais preparada e confiante. Não apenas nas minhas próprias habilidades, mas também na força e na coesão da minha equipe. Estávamos prontas para enfrentar a UConn de frente, prontas para deixar nossa marca no jogo e na temporada que estava por vir.

You drafted my heart - Nika MühlOnde histórias criam vida. Descubra agora