Já não sabia que dia da semana era
Não lhe importava mais
Todos os dias eram iguais
Tomados de uma turbulência
Um caos indecoroso e característico
E ele era apenas um homem morto respirando
Morria em meio a desordem
Era como se não se importasse mais
Ao ver tudo desmoronando ao seu redor
Desmoronamentos causados por ele mesmo
E ninguém mais se importava em ajudar
Afinal, ele era apenas um homem morto respirando
Perdera amigos, perdera família
Perdera todo o juízo que tinha
Seus atos eram inconsequentes e irreflexivos
Nem mesmo os cortes lhe davam algum sentimento
Nem mesmo os prazeres carnais
Que em pessoas normais causavam sensações
Não bebia mais, sequer usava drogas ilícitas
Até mesmo suas válvulas de escape
Não o faziam escapar de coisa alguma
Era um imenso e corrosivo vazio
De alguém que já vivera tudo e nada
Um vazio de um homem morto respirando
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POEMAS DE UM BORDERLINE
PoesiaPoemas de um borderline escritos enquanto internado em uma clínica psiquiátrica.