Sessenta Minutos

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Sessenta minutos.

Foi o tempo gasto para tudo que conquistei até aqui entrar em ruínas. Todo suor, todas noites mal dormidas, todos livros escrito com tanto carinho, toda força de vontade... tudo se deteriorando em segundos, por causa de um arquivo. Esse é o poder que temos em nossas mãos, é preciso somente de um click para arruinar com a vida de alguém. Isso é a porra de um Xadrez e eu não sei as regras!

— Larga esse celular Karina!

Olho para Quezia sentada no sofá me repreendendo com seus olhos castanhos escuros. Sendo minha melhor amiga desde o fundamental ela sabe que todos esses comentários sobre minha vida intima tem o poder de acabar comigo. Jogo o celular sobre a mesa de vidro escutando o barulho do estralo da tela. Certamente quebrou a tela.

— É só um livro certo? Não entendo porque tanto alvoroço. Até parece que esse povo não transa!!

— Você fez um capítulo para cada pessoa que você fez sexo na vida. Capítulos picantes e cheios de fetiches explícitos. As pessoas transam, só não estão acostumados com isso.

Reviro o olho sabendo que Quezia está com a razão, mas eu estou irritada demais para assumir isso no momento, então retruco:

— Primeiro que eu não fiz um capítulo para todas as pessoas que fiz sexo, foram somente para as especiais. Segundo que não fui eu que publiquei esse merda! Era meu livro! Meus fetiches!! — percebo então que estou gritando no apartamento. A esse ponto meus vizinhos já escutaram a fofoca em primeira mão.

Quezia me olha com os olhos estatelados, prendendo seu cabelo cacheado em um coque.

— Eu falaria para você não gritar que os vizinhos vão escutar, mas não vai fazer diferença. E eu vou só te irritar mais.

Semicerro meus olhos incrédula, que mesmo tentando não me irritar ela consegue se sair muito bem falhando na missão.

— Onde está a acessória? — questiono.

— Provavelmente te abandonaram.

— Quezia!!! — grito perdendo a paciência.

Ela ri em meio a minha desgraça, mas logo percebe meus olhos se encharcarem de lágrimas. Então corre até a cozinha para pegar um copo de água, e redimir sua falta de empatia. Ao me estender a água, bebo sem hesitar, deixando o liquido frio me acalmar.

A campainha toca! Olho para Quezia temendo ser algum repórter ou influencie de fofoca.

— Eu atendo. — ela diz e sai andando.

Me sento no sofá com o copo vazio em mãos, de longe observo Quezia abrir a porta lentamente. Logo por ela Emma, Yan, Will e Robson entra eufóricos.

— Menina eu não sei o que você aprontou, mas o babado é grande. Lá em baixo tem repórter para vender e vender. — Robson fala se aproximando de mim para me cumprimentar com um beijo na bochecha. Seu cabelo está bem cortado e sua barba grisalha bem aparada.

Retribuo seu cumprimento.

Robson é o cara do marketing. Responsável por divulgar meus livros e minha imagem, não sei se ele vai querer continuar divulgando minha imagem depois dessa.

— Karina! — Yan e Will falam junto acenando com a cabeça. Yan é mais novo tem cabelos longos e se encontra frequentemente com roupas largas, diferente de Will que apesar da mesma idade é o oposto de Yan, mesmos sendo irmãos.

Desejo ObscuroOnde histórias criam vida. Descubra agora