A Fera no Templo

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            Parte 1: A Mulher Misteriosa

Ano estelar 70.500, quinto mês.

O espaçoporto de Tempestade Nebulosa é o local onde a escória se reúne. Piratas, mercenários, caçadores de recompensa e contrabandistas. Não existe alma honesta frequentando aquele lugar. Localizado nos confins do Quadrante Delta, construído em um satélite artificial abandonado e restaurado para servir como base de operações para os mais sujos e mal-encarados sujeitos de toda a galáxia de Nova Ática. Entre eles estava Jim Hawkins.

Jim Hawkins era um jovem pirata, recém-retornado de um saque no sistema Tessaria. Jim era um pirata como qualquer outro, exceto talvez pelo fato de que tinha todos os dentes em sua boca. Mas de algum tempo, em breve essa dentição perfeita será substituída por alguns dentes artificiais.

Jim tinha pele bronzeada, resultado de uma infância no planeta-anão Hella-2, localizado no sistema de Nova Asgard. Seus cabelos eram castanhos, cortados nos lados e atrás, seus olhos eram da cor de esmeraldas profundas, daquelas que só podiam ser encontradas em Ígnea. Jim Hawkins usava roupas simples, já que não era muito vaidoso. Para ele bastava uma camisa amarela, uma calça larga, botas para proteger os pés e a jaqueta de couro preta. Jim gostava muito daquela jaqueta. Escondido em meio as suas vestes, estava um Cristal de Eminência amarelo tipo-01.

O pirata Hawkins bebia um copo de cerveja vertuliana, sentado em frente a uma janela que ficava no Escória Branca, o único bar de Tempestade Nebulosa que servia cerveja artesanal. A maioria só servia aquelas porcarias sem gosto.

Jim prometeu que beberia apenas um pouco, afinal, tinha de decolar o quanto antes. Prometeu a sua tripulação que estariam em Sinfonia para o Festival do Solstício antes do início do sexto mês. Só que não é sempre que o acaso conversa com as intenções. Quando Hawkins já ia pedir a conta, uma mulher que sentava-se na mesa em frente a sua se aproximou dele. Ela tinha pele clara, cabelos verdes, indicando ascendência de Eterna Luna e usava um vestido elegante demais para alguém que frequentava um porto pirata. Seu rosto era estonteante e seu corpo mais ainda, caminhava mexendo os quadris de forma sugestiva, o que fez Jim prestar ainda mais atenção nela.

"Acho que a tripulação pode esperar um pouco, não é mesmo?" pensou ao reparar que era com ele que a mulher queria falar. Pensou na reação de Aeliana, mas não faria nada. Queria apenas flertar um pouco. Não seria traição, não é mesmo?

A mulher puxou uma cadeira, sentou-se em frente ao pirata e depois acendeu um cigarro dando uma tragada logo em seguida e soprando a fumaça de lado.

— Por acaso é com o famoso Jim Hawkins com quem falo? — perguntou ela.

— Isso depende de quem pergunta — respondeu o jovem.

— Meu nome é Jinisha Lamp. Sou alguém com contatos.

— Nunca ouvi falar de você.

— O que significa que eu faço um excelente trabalho.

Jim deu uma risada frustrada ao perceber que a mulher não queria flertar. "E eu achando que meu carisma tava em dia".

— O que você quer, senhorita Lamp?

— Você é um pirata, não é mesmo? E piratas gostam de tesouros. Quero que você recupere um para mim.

— Um tesouro?

— Exatamente. O tesouro de Natanael Barks. Já ouviu falar?

— É difícil não ter ouvido falar do velho Barks. Ele foi um dos poucos piratas que alcançou o título de Lenda Estelar. Mas enlouqueceu e se matou.

A Fera no TemploOnde histórias criam vida. Descubra agora