O Complexo das Flores Artificiais

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Hoje acordei, e quando me vi estava no carro indo para ir à escola. Apesar de esta com mais sono do que normal, eu conseguia perceber que o céu estava escuro com tons mais azulados e o clima estava fresco e úmido, um belo contraste em relação a outros dias. Eu só não estava preocupado com a mudança climática porque estava em um estado de sono que me fazia ficar dopado ao meu redor, então eu só queria entrar na escola e acabar logo com esse dia.

Ao chegar lá percebi que o portão principal estava fechado, então tentei entra pela porta da secretaria e estava fechada, porem achei normal, visto que ela é uma porta automática, e realmente ela abriu depois de alguns segundos, apesar de demorar mais que de costume.

Quando entrei, percebi que o local estava escuro e sem ninguém, no primeiro instante já pensei em ligar para ir embora em um estado de confusão, visto que não tinham avisado nada sobre. Porem quando eu olhei para a porta a qual levava ao corredor principal, eu vi algo estranho, parecia uma garota com um vaso de flores, porem com uma peculiaridade, ela estava usando uma máscara de flor, não sabendo de qual tipo. Ela me olhava através da porta de entrada para o corredor, então acabei me rendendo a curiosidade e tentei entrar lá, porem na hora que eu abri a porta, ela acabou correndo para a longe, em um ato de medo e pânico.

Após essa reação, eu tentei segui-la para ver aonde ela ia, talvez eu a tenha assustado mais. Porem enquanto a seguia, eu via as salas de aula, cheias de vasos com flores, murchas porem ainda vivas, porem enquanto eu olhava e tentava decifra o que estava acontecendo, a garota de máscara de flor me sufocava com algo que eu não sabia o que era na hora, eu conseguia sentir a ânsia dos meus pulmões, a dor interna que eu sentia para conseguir respirar de novo.

No momento que estava um fio de murchar como uma flor, a garota tirou as folhas que estavam me sufocando, como se ela tivesse um remorso, dava para ver no olho de sua máscara. A esse ponto eu não sabia se era uma máscara ou realmente era sua pele, eu só queria saber como ajuda-la, ela parecia com medo e desesperada, então esse ataque deve ter sido por autodefesa, eu entendi o que ela sentia, mas não o que ela queria dizer.

-Olha, você consegue me entender? Eu falei

Ela acenou com a cabeça em afirmação

-Entendi, olhe eu não sei como te ajudar, mas eu percebi que você parece estressada, tem algo a ver com as flores dentro das salas?

Ela afirma com a cabeça de novo

-Entendi, olha... talvez na secretaria tenha alguns papeis e um lápis, assim nossa comunicação pode melhorar, então eu...

No momento em que tento entra na secretaria, ela pega em meu braço com muita força como se estivesse passando algo, como se as veias de planta em seus braços tentassem se entrelaçar com as minhas. Sentia uma dor em meu braço muito estranha, não tive reação na hora, apenas conseguia ouvir:

-Nós precisamos de luz... a luz que nos crescera e prosperara a nossa espécie ao grande mundo... você tem a chave... use a para abrir as portas...

Depois disso ela tira suas veias de meu braço e acaba o acariciando como um ato de desculpa pela dor que sofri.

Depois disso eu apenas fiz o que ela disse sem questionar muito, abri todas as portas das salas a qual ela não conseguia, e pagava algum dos vasos e botava para fora da escola, mais especificamente na parte da entrada.

Após um tempo indeterminado, todos os vasos foram postos ao céu, eu e ela sentamos no chão de todo o trabalho que fizemos levando os vasos.

Após um tempo olhando o céu esperando o sol aparecer, eu estendi minha mão a ela e perguntei

- Se não for um motivo muito pessoal, por que você me atacou mais cedo hoje?

Ela usou as veias de comunicação em meu braço de novo e disse:

- Você me lembra eles. Eles que prenderam meus irmãos aqui. Eles podem ter nos criados, mas nunca nos controlarão. Nós não somos produtos para serem vendidos a casas de luxo para representar a falsidade de seus donos, as flores merecem um tratamento natural, assim como a mãe natureza desejava.

Antes que pudesse perguntar mais coisas, o sol apareceu. Iluminando nossos olhares e principalmente as flores as quais nós trabalhamos para leva-las a luz.

Ao contato do sol, as flores que antes eram murchas, cresceram como nunca iriam antes presas em seu local de fabricação, formando algumas formas humanoides como a garota flor.

-Você foi leal a nossa espécie, nossa eterna gratidão a ti e suas criações, lembre-se, suas veias são nossas veias, nós todos somos da natureza, apesar de alguns de nós serem feitos de plástico, nada nos impede de sentirem naturais e prosperarem nosso dilema, muito obrigada.

Eu agradeci porem achei algo estranho, eu conseguia ouvir ela sem as veias de comunicação que ela punha em minha pele. Quando olhei a meu braço, vi que ele estava muito arranhado, como se espinhos tivessem penetrado mais do que deveriam, até que comecei a ter uma tontura de olhar para ele, tanta que acabei caindo no chão, e quando abri meus olhos depois da queda e olhei pro céu, vi uma paisagem que era linda e absurda ao mesmo tempo, todas as flores humanoides haviam se fundido com o seu, formando um sue verde, amarelo, rosa, a mistura das flores mais bonitas misturada com o verde das altas arvores que rasgavam o céu.

-Isso. Isso é...

Quando pisquei de novo estava em minha cama, era 6:00 do amanhã, meu braço ainda estava com algumas cicatrizes e quando olhei a mesa que estava ao meu lado, via uma flor artificial, com espinhos muito similares ao que eu vi naquele lugar, eu não lembro o que tinha ocorrido antes, mas quero ver isso como uma metáfora que eu possa usar em algum momento na vida...

eu espero.

o complexo das flores artificiaisWhere stories live. Discover now