Meu coração estava acelerado. Minhas mãos suavam. Os lábios abriam e fechavam em tentativas inúteis de dizer alguma coisa. Mas não havia nada a ser dito, ou feito. Não quando Aono parecia estar tão contente em um universo que não me cabia. O que eu estava pensando? Havia tomado como missão, salvar Aono de um futuro que tomei como certo. Mas e se eu estivesse errada? E se tudo o que fiz até agora só tivesse o prejudicado? E se eu estivesse próxima dele por interesses meus? Sou tão egoísta a esse ponto?Meus lábios se abriam em um pequeno sorriso de conformação ao perceber que Aono estava cercado de pessoas que o queriam bem. Mas será que esse era o único motivo que me deixava conformada? Meus olhos, apesar de apreciarem a cena do grupo de amigos, apenas enxergavam Aono e a garota de cabelo curto. Seria por causa dela que todos os sentimentos estavam conflitando em meu corpo? Ela era a causa da minha conformação?
— Jones! — Sem perceber, fiz o caminho de volta à saída do bar, apertando a alça da minha bolsa entre os dedos. Aono me interceptava a poucos metros da porta, me parando ao envolver os dedos no meu braço. — Você veio.
— Ah, é. — Sorri, ainda sem me virar. Não queria ter que encontrar o rosto do garoto, e voltar atrás na minha decisão. — Eu disse que viria.
— Ei, Sou! Quando você vai ajudar a...-- – Do palco, uma voz masculina se calava ao perceber a minha presença e a mão de Aono, ligada ao meu braço. E em segundos, todo o grupo estava espalhado ao nosso redor. — E quem seria essa?
Percebendo a ligação em meu braço, Aono pigarreava, se afastando.
— Essa… É a Jones. Ela estuda comigo no colégio. Mas… Eu acho que ela já está de saída.
— Não brinca! — O garoto exclamou, passando o braço em volta do meu ombro. Me retesei, sentindo a aproximação repentina. — Vai chover hoje?
– Na verdade, o meu nome é Sop...--
— Sério, eu achei que ele nem estivesse estudando. Essa é a primeira vez que eu vejo alguém da Hachi. — A garota de cabelo vermelho concluía o raciocínio, me olhando de cima a baixo. No final, ela arqueou a sobrancelha, imediatamente me fazendo olhar para baixo, temendo ter colocado uma meia de cada cor.
O grupo de amigos prosseguiu com os comentários acerca da minha presença, me deixando com a clara sensação de não estar ali. Eles me arrastaram até o bar, jogando para debaixo do tapete a minha tentativa de sair sem ser notada. E entre risadas e cochichos, os amigos do Aono se voltavam para mim, como se estivessem encarando um produto em liquidação.
— Desculpa o nosso jeito, é que… Realmente o Sou não convida ninguém do colégio dele para assistir às nossas apresentações.
— Então, Jones...--
— Ichikawa. — Interrompi. — Sophie Ichikawa.
— Por quê o Sou te chama de Jones? — O garoto que tocava baixo, que até então estava calado, me olhava com curiosidade. Naquele momento percebi que precisava saber o nome deles.
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Minha Nova Vida Sendo a Estrangeira
Hayran Kurgu"Essa não é uma história típica dos contos de fadas. Troque a maçã envenenada por uma tentadora taça de vinho. A bruxa maléfica, por uma donzela da sociedade. E o mais importante: a mocinha não é a personagem principal. Até agora." Emilli não acorda...