Ecos do Passado

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*Jennie POV

Eu acordo com o coração batendo forte, o suor grudando meus cabelos na testa, fazendo com que eles se colem à pele. Meus lençóis estão encharcados e minha respiração está ofegante, como se eu tivesse corrido uma maratona. O sonho recorrente era sempre o mesmo que me assombrava novamente, como tem feito todas as noites desta semana. Eu estava em um lugar que parecia familiar, mas não conseguia identificar.

Enxugo o suor da testa, e a sensação da perda ainda está fresca em minha mente. Já era a terceira vez naquela semana que eu tinha o mesmo sonho, sempre com a mesma figura misteriosa ao meu lado, seu rosto sempre escapando de minha visão. Eu sabia que era uma mulher pela sua silhueta elegante e os longos cabelos negros que fluíam como um rio de ébano. Ela usava um vestido branco que contrastava com os tons vibrantes das flores ao nosso redor. Apesar de não ver seu rosto, havia algo profundamente familiar nela, algo que fazia meu coração doer de saudade e ao mesmo tempo vibrar de esperança.

Sempre sonho com essa figura misteriosa. Às vezes, estamos em um vasto jardim antigo, repleto de flores cujas cores parecem vibrar de forma surreal. O céu está tingido com um tom alaranjado, como se estivesse eternamente ao entardecer. Havia uma fonte ao centro do jardim, com água cristalina que refletia a luz de maneira hipnotizante. O local, embora desconhecido, trazia uma sensação de déjà vu, como se eu já tivesse estado ali em outra vida.

Outras vezes, estamos em uma floresta densa, onde a luz do sol mal consegue penetrar através das copas das árvores altas. O chão é coberto por uma camada espessa de folhas secas que crinham sob nossos pés. Há um silêncio quase absoluto, interrompido apenas pelo canto distante dos pássaros. A mulher misteriosa está sempre à minha frente, movendo-se com graça entre as árvores, mas nunca consigo ver seu rosto.

Em algumas noites, sonho com ela em uma cabana rústica, escondida em meio à natureza. O interior é acolhedor, com uma lareira crepitando e o cheiro de madeira queimando. A mulher está sentada em uma poltrona, de costas para mim, olhando para o fogo. Sinto uma paz inexplicável nesse lugar, mas a frustração de não ver seu rosto sempre retorna quando tento me aproximar. Toda vez que eu tentava me aproximar ou girar ao seu redor para ver seu rosto, ela se afastava suavemente, como uma miragem que desaparece quando estamos prestes a alcançá-la. Era frustrante, essa dança interminável entre nós, mas a conexão que sentia com ela era inegável. Era como se ela fosse uma parte perdida de mim, uma peça crucial do quebra-cabeça da minha vida que eu precisava desesperadamente encontrar. 

A sensação de desconforto não me abandona enquanto relembro o sonho recorrente que me assombra. Aquela mulher misteriosa, sempre à minha frente, mas sempre escapando de minha visão quando tento me aproximar. É como se ela estivesse fugindo de mim, evitando que eu descubra quem ela é.

E o perfume no ar... Doce e familiar, como uma lembrança que tenta se agarrar à minha mente, mas que escapa sempre que tento lembrar. Sinto que conheço aquela mulher, que compartilhei momentos com ela. No entanto, suas características permanecem um mistério, como se estivessem guardadas em algum lugar profundo de minha mente.

Os sonhos se repetem noite após noite, deixando-me com o coração apertado, ansioso para ver o rosto daquela mulher. Quem seria ela? Por que aparecia nos meus sonhos? A imagem da mulher misteriosa era um eco que me atormentava, uma sombra que não deixava minha mente descansar. No pequeno apartamento em Auckland, longe de tudo o que conhecia, sentia-me cada vez mais solitário e frustrado com o sonho. Era madrugada, e naquele dia ainda pegaria um voo para Seul.

Havia deixado Seul aos doze anos, depois que minha mãe morreu em um acidente inesperado. A Nova Zelândia era um novo mundo, mas nunca pareceu um lar para mim. As pessoas falavam uma língua estranha, o céu tinha uma cor diferente, e o vento soprava de maneira esquisita. A única coisa que eu levava de Seul era a lembrança de minha mãe e a sensação constante de abandono. Meu pai, mergulhado em trabalho e desgosto, mal falava comigo.

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