Perdida

Capítulo 1

Tenho 17 anos, moro com os meus pais e estamos nos mudando. Deixamos o estado de Minas Gerais e viemos para São Paulo, cidade das oportunidades. Deixei para trás meus amigos de infância e escola, uma vida e uma história, junto com os meus pais em busca de emprego e evolução.

Somos só eu e meus pais, meus irmãos mais velhos saíram de casa cedo. Meu irmão mais velho tem 27 anos o Pedro já é casado, não no papel, mas mora junto com sua mulher. Não somos íntimos, então o contato é mínimo. O segundo irmão do meio, Micael, ele tem 22 anos saiu de casa também cedo, porém mora sozinho e ele é aquele irmão que enche o saco e também sempre está ali para me dar apoio.

E eu sou a caçula, não tenho planos para sair da casa dos meus pais tão cedo, sinto-me confortável em envelhecer ao lado dos dois. Até parece que quero me aproveitar da comodidade. É que realmente não tenho motivos para arrumar minhas malas e ir embora. Não que eu queira depender deles e cara só tenho 17 anos.

Há dois anos tive início de crises de ansiedade, fiquei muito mal, não tinha vontade de sair de casa, nem mesmo da cama. Isso aconteceu após um desastre que ocorreu na escola e chegou aos ouvidos dos meus pais onde foi motivo de briga e mais humilhação. Micael é claro ficou do meu lado, enquanto meus pais falavam barbaridades. É claro que eu merecia tudo aquilo e acho que foi por isso que acabei caindo no fundo do poço, pela minha total engenhosidade.

Meu irmão foi minha ajuda principal e também meus amigos Ana e Rafael. Os dois sempre estavam em casa, sempre conversaram que mente vazia era escritório do diabo. Então lá estavam eles falando varias bobagens para que eu me distraísse um pouco, mas sempre à noite meus medos voltavam, a vergonha preenchia meu peito. Muitas vezes ia ao quarto do meu irmão para dormir com ele, mas muitas vezes apenas eu afundava em pensamento e se questionava... E se eu simplesmente desaparecesse? Resolveria tudo talvez...

Isso também pode ter dado o pontapé para estarmos nos mudando nesse exato momento. Claro, quatro anos sendo piadas foram bem ruins, mas eu estou me recuperando, passei a me cuidar para ter uma relação boa e recuperar a confiança dos meus pais.

-Por aqui, cuidado! Essa geladeira é nova – Minha mãe diz acompanhando o descarregamento da mudança.

Nunca pensei que tivéssemos tantas coisas até carregar diversas e diversas caixas.

- Nossa não estou sentido mais meus braços, isso que só descarregamos. Ainda preciso organizar tudo no seu devido lugar – olho para minha mãe suplicando por descanso.

- Vamos começar a organizar a cozinha primeiro enquanto aguardamos as marmitas chegarem – Diz minha mãe determinada e animada com a casa

A casa era bem marcante, o primeiro cômodo é uma sala com a cozinha americana, um banheiro e área de serviço, a porta da cozinha da para um pequeno quintal. Já à esquerda tem uma escada no canto da parede que da em um corredor com três quartos e um banheiro. A primeira porta será meu quarto, determinado pelos meus pais, e do meio será o quarto de hospede ou o famoso quarto da bagunça e o último que é uma pequena suíte é dos meus pais. É uma casa maravilhosa, porque meus pais financiaram para que pudéssemos nos mudar assim que foram finalizados os últimos reparos.

Após arrumar a sala, cozinha e lavanderia, deixei meu quarto para ir conforme minha coragem. Mandei mensagem para o Micael, ele já estava morando aqui da cidade vai fazer três anos e com certeza foi um dos motivos pelo qual meus pais optaram por se mudarem para cá.

Eu:

Ei coisa feia, venha nos visitar agora e atrás uma pizza de brinde.

No mesmo instante ele respondeu

Micael:

Filhote de cruz credo, a visita não leva a comida, mas estou a caminho.

Dou risada lendo a mensagem.