Celestia já havia experimentado muitas perdas em sua longa vida, primeiro havia perdido seu professor depois dele ter feito um sacrifício em prol da segurança de Equestria. Alguns anos depois perdeu uma grande amiga, quase uma irmã para Celestia, Princesa Amore, tragicamente assassinada por um pônei sombrio. Em seguida foi uma de suas primeiras aprendizes, Radiant Hope, que fugiu em busca de seu melhor amigo. Todas essas percas causaram um grande abalo em Celestia, mas nenhuma delas lhe havia causado tanta dor quanto o banimento de Luna.
Ter que banir a própria irmã já era um fato difícil de lidar e torna-se mais angustiante quando ela percebe que foi total e completa culpa dela que as coisas tivessem chegado aquele ponto. Estava tão ocupada consigo mesma, com suas tarefas, com a sua grandeza, que havia ignorado o fato de que Luna também estava abalada com as percas que sofreram, estava abalada com a solidão que sentia todas as noites, desejando ter a mesma atenção que Celestia recebia durante o dia apenas para não se sentir tão sozinha.
Depois de mais de novecentos anos veio mais uma aprendiz, Sunset Shimmer, que desejou ardentemente muito mais do que poderia ter e fugiu para o desconhecido quando não conseguiu o que queria. Agora tudo o que a restou novamente foi um enorme palácio, amontoado de guardas que mais enfeitavam o palácio do que o protegiam de fato. Tendo reuniões e pilhas de papéis para distrair a mente de seus problemas, Celestia agora se encontrava em seu trono, distraindo-se com duas pilhas de documentos a serem assinados e entregues no mesmo dia. Sua atenção foi retirada da papelada ao ouvir a porta da sala do trono ser aberta bruscamente por um de seus guardas, um garanhão terrestre marrom e robusto, ele parecia chocado com algo, recuperando o fôlego brevemente e curvando-se, o garanhão disse:
"Vossa alteza! Houve um deslizamento de neve num vilarejo próximo as montanhas de cristais congeladas ao nordeste daqui..." O guarda manteve sua expressão apreensiva.
Celestia rapidamente deixou de lado a pena e os papéis e levantou-se do trono num pulo, chocada e tão preocupada quanto o guarda. "A equipe de busca já foi enviada? Os suprimentos também estão a caminho?"
"Sim vossa alteza, acontece que..." o guarda olhou para a porta e mais uma vez para Celestia, ainda mais apreensivo. "Quando a equipe chegou lá, foram informados de que todos do vilarejo estavam fora perigo."
"Oh isso é um alívio..." a agitação de Celestia diminuiu. As penas de suas asas, antes eriçadas, agora estavam lisas.
"No entanto... Uma potranca, ela... É melhor a vossa alteza ver com os próprios olhos. Powder Bomb! Traga-na para a princesa." O garanhão marrom chamou.
Do outro lado da porta veio um unicórnio garanhão, cinza azulado, um pouco mais robusto e alto que o seu colega, logo atrás dele vinha uma potranca rosada, com a crina colorida, ela parecia apavorada, aquilo tocou o coração de Celestia mesmo que ela ainda estivesse confusa com a situação. A princípio, a potranca parecia um unicórnio normal, até que ela decidiu abrir um par de asas felpudas em formato de pente, com um degradê roxo escuro nas pontas das penas. Celestia ficou chocada, sem acreditar no que seus olhos viam. Os guardas viram a expressão de choque no olhar da princesa e se entreolharam sem saber o que fazer. Powder Bomb deu um passo a frente.
"Vossa alteza, nós... Nós a encontramos em meio a multidão do vilarejo, pelo que entendemos dos moradores, esta senhorita foi quem os salvou do deslizamento." O garanhão azul olhou para a potranca, dando-lhe um sorriso tranquilizador. "Vamos, não seja tímido..." O guarda estendeu o casco para ela. A potranca aceitou e se aproximou do garanhão azul.
"Qual é o seu nome, mocinha?" Celestia se abaixou até ficar na altura da potranca. A potranca ainda parecia assustada, ela se encolheu com a proximidade de Celestia.
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Solstício de Cadance
FanfictionDepois de mais de novecentos anos perdendo seus entes queridos, Celestia se vê sozinha em um enorme palácio, cercada por guardas que serviam mais como decoração. E logo após receber a notícia de que uma vila inteira foi salva de um deslizamento de t...