Parte 1

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          O relógio engolia o tempo como quem não comia há semanas, e cada vez mais rápido engolia minha paz de espírito. Os meus olhos penetravam em si mesmos buscando uma fuga dos olhos dele, andando em círculos. Assim, me vinha uma tontura em forma de ventania fria embrulhado meu estômago no véu da preocupação contida. Cada batida do meu coração era calculada e, por medo de morrer, batia mais rápido carregado pela aflição em meu peito. Subiam as ondas no meu barco, cada vez maiores, mas não me engoliam nunca, era como se tudo dependesse de mim por um instante de covardia e no outro, me dando um susto, nunca me matava. Eu esperava que algo acontecesse, a cada segundo eu dava a chance pra mim mesma de ser engolida ou lutar contra o vento. E quando fui arrancar a chance, ele desceu do vagão. O mar se acalmou, o tempo já estava satisfeito, mas minha paz ainda não havia voltado.
             Só me restou um buraco no estômago, e a dúvida de que não houvesse uma outra chance. Eu tinha sonhado com ele mais uma vez aquela noite.

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⏰ Última atualização: May 04 ⏰

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