Felipe suspirou, olhando para fora da janela com uma expressão melancólica. —Sabe, Miguel, eu sou novo nesta cidade.
Sua voz carregava um tom de tristeza que me pegou de surpresa. —Oh, sério?— respondi, preocupado. —O que o trouxe até aqui?
Ele hesitou por um momento antes de responder. —Minha família. Eles acharam que seria melhor para todos nós nos mudarmos.—
—Entendo.—, murmurei, sentindo a gravidade de suas palavras. —Deve ter sido difícil deixar tudo para trás.
Ele assentiu, um lampejo de tristeza passando por seus olhos verdes. —É, eu não queria vir. Eu amava minha cidade, meus amigos, minha rotina. Mas, enfim, aqui estou eu.
Fiquei em silêncio por um momento, ponderando sobre a situação de Felipe. Então, uma ideia repentina surgiu em minha mente. —Sabe, às vezes as coisas que parecem ruins no começo acabam se tornando grandes aventuras. Quem sabe o que essa cidade reserva para você?
Ele olhou para mim com surpresa, como se não esperasse ouvir algo assim. —Você acha?
—Com certeza!— exclamei, tentando injetar um pouco de otimismo em sua perspectiva. —E, hey, enquanto você estiver aqui, eu posso te mostrar todos os cantos legais da cidade. É uma oferta de um amigo novo.
Um sorriso tímido surgiu em seus lábios. —Obrigado, Miguel. Acho que seria bom ter um guia local.
—É para isso que estou aqui!—respondi, determinado a fazer com que ele se sentisse bem-vindo e em casa naquela cidade desconhecida.
Percebendo que o clima havia ficado um pouco pesado, decidi mudar o foco da conversa para algo mais leve. —Aliás, você já percebeu como é interessante observar as pessoas no ônibus? Eu tenho esse hobby estranho de criar histórias e teorias sobre elas. Quer tentar?
Felipe olhou para mim, seus olhos brilhando com curiosidade. —Claro, por que não? Parece divertido.
E assim, entre risadas e teorias mirabolantes, mergulhamos em uma conversa descontraída que nos ajudou a esquecer, pelo menos por um momento, das preocupações e incertezas do mundo lá fora. Era como se estivéssemos criando nosso próprio universo de fantasia dentro daquele ônibus, onde qualquer coisa era possível e a amizade era o ingrediente principal.
—Então, Felipe, você vê aquele casal ali, se beijando e sorrindo?— perguntei, indicando discretamente o banco à frente, onde um casal trocava gestos de carinho.
Felipe seguiu meu olhar, surpreso.
—Sim, o que tem?
—Bem, eu aposto que aquele cara é um traidor profissional—, continuei, com um tom conspiratório. —Eu os vejo no ônibus quase todos os dias. Eles vivem grudados, mas é apenas uma questão de tempo até ela descobrir que ele tem um outro alguém.
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A última parada
Romance"5 capítulos e uma esperança." Lembrem de sempre comentar para mostrar seu Feedback. 💭 🥇#Incidente 02/05/2024