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Enquanto o ônibus continuava seu percurso pelas ruas da cidade, uma sensação de familiaridade e conforto começou a se estabelecer entre Felipe e eu

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Enquanto o ônibus continuava seu percurso pelas ruas da cidade, uma sensação de familiaridade e conforto começou a se estabelecer entre Felipe e eu. No entanto, havia algo que eu precisava compartilhar com ele, algo que sempre me impedira de me conectar verdadeiramente com alguém.

—Felipe—, comecei, minha voz suave e repleta de emoção, —eu nunca me relacionei com ninguém. Sempre fui uma pessoa solitária, isolada. Ninguém nunca se aproximou de mim, achavam-me estranho, diferente...

    Felipe me olhou com uma expressão de incredulidade, balançando a cabeça suavemente. —Miguel, eu discordo completamente. Desde o momento em que nós conhecemos, eu vi algo incrível em você. Você é uma pessoa sincera, autêntica, bonita até.

    O elogio inesperado me deixou um pouco nervoso, sentindo uma mistura de surpresa e emoção surgir dentro de mim. —Bonito?—, repeti, sentindo meu rosto corar levemente.

    Felipe sorriu, seus olhos verdes brilhando com sinceridade. —Sim, bonito. De uma maneira única e especial. Sua autenticidade é o que o torna verdadeiramente cativante.

    Fiquei sem palavras diante de suas gentis palavras, sentindo um calor reconfortante se espalhar dentro de mim. Por um momento, esqueci-me de todas as minhas inseguranças e dúvidas, permitindo-me apenas apreciar o momento de conexão entre nós.

    Por um tempo, ficamos em silêncio, apenas nos encarando, perdidos em nossos próprios pensamentos. Foi então que percebemos que o ônibus estava consideravelmente mais vazio do que antes, os assentos ao nosso redor vazios e a luz da cidade brilhando suavemente através das janelas.

—Uau, parece que perdemos a multidão—, comentei, tentando quebrar o silêncio com um toque de humor.

    Felipe riu, o som alegre enchendo o espaço entre nós. —É verdade! De repente, temos todo o ônibus só para nós. Uma situação rara, devemos aproveitar ao máximo!

—Então, Miguel—, começou Felipe, com um brilho travesso nos olhos, —alguma vez você já pensou em fazer uma grande viagem? Tipo, explorar o mundo, conhecer novos lugares, essas coisas?

A pergunta pegou-me de surpresa, mas não pude deixar de sorrir com a ideia.

—Bem, Felipe, considerando que a viagem mais emocionante que já fiz foi neste ônibus, acho que uma grande aventura pelo mundo seria uma experiência e tanto!

    Felipe riu, concordando. —Isso mesmo, Miguel! Quem sabe, talvez possamos até mesmo fazer uma viagem juntos um dia. Você como o especialista em teorias de ônibus e eu como o novato destemido.

—Acho que seria uma combinação imbatível—, respondi, entrando na brincadeira. —Você, com sua coragem de mudar de cidade, e eu, com minha habilidade de prever quando alguém vai descer do ônibus!

—Ah, sim, essa habilidade é realmente impressionante—, disse Felipe, com uma piscadela divertida. —Quem sabe, talvez você possa prever o momento certo de nos tirar dessa cidade e nos levar para uma grande aventura!

—Claro, porque quem precisa de mapas quando se tem um especialista em teorias de ônibus, não é mesmo?— respondi, rindo junto com ele.

    Enquanto trocávamos piadas e ideias sobre possíveis destinos para nossa futura viagem, percebi o quão confortável e divertido era estar na presença de Felipe. Seu espírito aventureiro e sua disposição para embarcar em novas experiências eram contagiante, e eu me sentia grato por tê-lo conhecido naquela noite chuvosa de ônibus.

Tentando disfarçar a ansiedade em minha voz disse:

—será que vamos nós ver novamente depois desta viagem de ônibus?

    Felipe olhou para mim com uma expressão suave, mas percebi uma sombra de incerteza em seus olhos. —Eu adoraria, Miguel. Mas, você sabe como é, a vida pode ser imprevisível às vezes.

    Eu assenti, compreendendo sua preocupação. —Sim, é verdade. Mas quem sabe, talvez o destino tenha planos diferentes para nós.

    Com um sorriso triste, Felipe concordou. —Sim, talvez.

    Decidimos então tentar trocar nossos números de celular para mantermos contato, mas quando peguei meu celular no bolso, percebi com desânimo que estava descarregado.

—Ah, droga—, murmurei, segurando o celular sem bateria. —Meu celular está descarregado.

Felipe olhou para mim com uma mistura de surpresa e compaixão. —O meu também está fora de serviço—, admitiu ele, com um suspiro. —Ele teve que ir para a assistência técnica há dois dias atrás.

    Uma sensação de desapontamento se apoderou de mim enquanto processava a notícia. Parecia que o universo estava conspirando contra nós, tornando ainda mais incerto o futuro de nossa amizade.

—É uma pena—, murmurei, tentando esconder a decepção em minha voz.

    Felipe colocou a mão gentilmente em meu ombro. —Não se preocupe, Miguel. Nós sempre teremos esta noite e as memórias que compartilhamos juntos.

Eu olhei para ele, a gratidão brilhando em meus olhos. —Você tem razão, Felipe. Obrigado por esta noite.

    Então, num gesto de determinação, sugeri: —Que tal fazermos um trato? Nos encontramos na mesma parada de ônibus amanhã à noite, mesmo lugar, mesma hora. O que acha?

    Felipe sorriu, uma faísca de esperança surgindo em seus olhos. —Eu adoraria, Miguel. Será um encontro marcado.

@-ptrmaximoff ♧

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