Piadas brutas

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— Óia quem já chegou! — Matinha falou alto chamando a atenção dos dois irmãos Rio Grande enquanto entrava na sala. Cutucava o próprio irmão com o cotovelo que a acompanhava um passo atrás. — Agora ocês podi cunversá direito. — Tinha um sorriso largo no rosto.

O de cabelo comprido bufou e desviou o olhar, parecia irritado como sempre. Mesmo assim o gaúcho sorriu agradado ao vê-lo, finalmente alguém que realmente queria conversar e conhecer melhor. Se levantou e estendeu a mão para cumprimentá-lo animado.

— Tchê. Que bom que chegaram. Eu já tava ficando entediado aqui.

Matin retribuiu o gesto, mas não esperava ser puxado para um abraço de brother afetuoso. Mesmo assim as batidinhas no ombro foram fortes, acabou abrindo um sorrisinho de canto, realmente previa uma boa amizade com o barbudo. Enquanto cumprimentava o nordestino viu Sul beijando a mão de sua irmã, não gostava muito daquilo mas parecia que não ia ter problema com isso.

— Eu vou lá pegar uma cerveja pra mim e já volto. — Falou entredentes indicando a cozinha.

— Peraí xirú, que eu vou junto. — O gaúcho se adiantou em acompanhá-lo.

— Xirú?

A expressão de dúvida no rosto alheio era hilário. RS não resistiu de rir de sua cara, o que desencadeou uma reação de irritação no maior. Apoiou a mão amigavelmente no ombro dele explicando.

— Não é xingamento, relaxa. — Olhou-o diretamente. — É uma forma de chamar alguém a que se tem respeito ou que seja mais velho.

Viu o maior bufar novamente e desviar o olhar, começava a achar que aquilo era nervosismo. Finalmente ambos foram atrás da cerveja do centro-oestino deixando Matinha e Norte para trás.

Os dois observavam a interação dos respectivos irmãos com satisfação, parecia o prenúncio de uma boa amizade. Olharam um para o outro e perceberam o mesmo sentimento.

— Eu fico feliz qui o Matin agora tem um amigo qui num parece di tê medo dele. — A mulher comentou divertida.

— E eu fico feliz do Sul ter alguém que entende as piadas brutas dele visse. Ôh cabra que sabe ser grosso.

— Num preocupa qui o Matin podi sê até pior.

— Só o tempo pra dizer.

Sorriram um para o outro, estavam realmente felizes com aquilo, seus deveres de irmãos iriam aliviar um pouco.


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— Vumbora Ceará! Nós ficamos de ajudar com a comida cabra! — Piauí reclamava alto com o outro logo na entrada.

— Arriégua! Nós já tamo aqui caralho! — O cearense replicava energético. — Não fui eu que atrasei porque não sabia que roupa usar!

— Eu demorei porque tu sujou a primeira!

— Vejo que chegaram bem. — Bahia interrompeu a briga com um sorriso ameaçador fazendo-os parar imediatamente. Piauí se adiantou estendendo uma travessa para a morena.

— Onde eu coloco isso mainha?

— Lá atrás com o Buco. — Indicou para que entrassem logo.

— O Buco tá aí? — Ceará se animou.

— Ele veio comigo minino. — Viu o menor passar rapidamente por si, como uma criança que não quer apanhar da mãe. — Vai lá ajudar ele agora.

— Sim sinhora! — Respondeu alto de costas para ela.

Origens [Hiatus]Onde histórias criam vida. Descubra agora