Voltei rs.
Boa leitura!
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Olhos no teto. O ar condicionado era o único responsável por trazer algum tipo de ruído para dentro do quarto, cuja iluminação vinha das luzes da cidade para além do quadrado amplo da janela. Com as mãos espalmadas contra os lençóis, Verônica se dispersava da realidade, como já estava se tornando totalmente costumeiro. Paulo estava estranho desde o momento em que haviam se encontrado, evitando olhares mais profundos, se distanciando sempre que ela o procurava. Parte dela agradecia.
Os olhos se abriam e fechavam, em piscadas lentas que sempre acabavam com o foco no mesmo lugar. Era tarde da noite. Tarde demais para que seu corpo estivesse em total combustão, e não era necessariamente alívio que Torres buscava, era... Algo que ainda não possuía nome, mas possuía fome intensa.
Com cuidado, o corpo fora se movimentando ao se arrastar pelo lençol branco embaixo de si, até se sentar de vez. A mão temerosa viajava na direção do celular que repousava sobre a pequena mesa ao lado da cama. Por um segundo ela parara. O ar adentrava suas narinas, viajando até o mais profundo de seu ser e assim ela o soltara. Mais uma vez. O toque se fechara ao redor do aparelho, o trazendo para perto com rapidez. Por um minuto, seu corpo gelara.
Paulo apenas suspirara mais profundamente, se virando para o lado contrário enquanto a parte traseira da cabeça da escrivã se recostava na cabeceira da cama. O dedo deslizava rápido, fazendo com que o seu celular ganhasse vida e cores, iluminando bem seu rosto. Era exatamente duas da manhã quando Verônica Torres perguntara qual nível de insanidade estava se apossando de sua mente.
Revezando-se entre aplicativos que em nada chamavam sua atenção, a mulher relutava contra a vontade de apenas abrir aquele que lhe daria acesso livre a mensagens para uma única loira que ela nem mesmo sabia em que local da cidade estava. Minutos se escorriam como seu desejo e assim ela finalmente cedera. O abrir do possibilitador de seus anseios lhe trouxera adrenalina, e banhada nela, os dedos digitavam rápido.
📲 . Não quero esperar até sábado.
Dois pequenos símbolos em formato de V surgiram, se tornando verdes em questão de segundos. Não havia mais volta.
📲 . Duas da manhã, Verônica! Seja mais específica.
Com a ponta dos dedos ela clicava rapidamente, escrevendo a frase sem dúvida alguma enquanto seus olhos iam da tela para a figura ao seu lado, totalmente adormecido.
📲 . Me espera na porta da sua casa.
Segundos a separavam naquele momento. Anita acabava de se deitar em sua cama apenas trajando uma camisola preta, cruzando seus pés enquanto se divertia com aquele momento no mínimo inusitado.
📲 . Você não sabe onde eu moro, como te esperaria na porta?
📲 . Essa é a hora que me manda sua localização doutora.
A loira sorrira ao empunhar o celular. A câmera revelara a imagem que estava logo a sua frente, deixando visíveis suas pernas bem torneadas e uma tatuagem escondida sempre pelas roupas que usava. Sua camisola subia de forma indecente e assim o momento fora capturado. Desejo eternizado em questão de segundos. Anita logo enviara, com a localização em tempo real logo embaixo.
📲 . Estou indo a trabalho, doutora!
📲 . É claro que está, escrivã.
O corpo que antes repousava intacto contra lençóis frios agora andava na ponta dos pés, organizando tudo o que necessitava para apenas sair dali. Primeiros as roupas eram trocadas as pressas, pertences mínimos eram tomados em posse e por fim, na ponta dos dedos, ela carregara os sapatos. Estava a passos da porta quando os olhos se fecharam. Um pingo de culpa cortava sua mente. E assim voltara-se para a cômoda onde um bloco de notas repousava. Ali um bilhete impessoal fora escrito, revelando o motivo de sua saída noturna: trabalho, uma ligação importante e uma ordem irrecusável.
Adrenalina ao correr no corpo em puro desejo não causava remorso. Verônica sabia muito bem disso.
A saída de casa fora rápida e o trânsito incrívelmente fluira enquanto o caminho lhe era mostrado. Não demorara a chegar e nem queria demorar, não queria que a adrenalina se findasse. Queria manter a sensação de se sentir verdadeiramente viva por mais algum tempo.
A confirmação de que seu sangue corria rápido demais viera assim que o carro parara na porta da casa muito bem apessoada: Anita estava com a camisola incrívelmente indecente, parada a frente da porta meio aberta. Fora o necessário para que a saída do carro fosse rápida, assim como os passos que a levavam até a delegada.
Olhos se miravam até que estivessem em uma distância considerável, fazendo Anita lhe sorrir sem mostrar os dentes. Ela negara com a cabeça ao ver Verônica com a camiseta do avesso, aumentando o curvar dos lábios. Um silêncio confortável se instalava a medida que a escrivã tentava se esgueirar entre o corpo que tanto lhe despertava desejo e a fresta da porta. Porém, a mão dominante tomara para si sua cintura, a colando contra o batente da porta.
────Trabalho, Verônica? ────Uma vez mais seu toque viajava para além dos limites que cobriam a cintura da outra mulher, deslizando mínimamente para cima.
────Aquele... Caso... O caso que você me disse ontem! ────Berlinger meneava sua cabeça, não deixando o sorriso sair de sua boca, agora em tom natural, nem mesmo por um minuto.
────Que caso? ────Sua mão se posicionava exatamente na volta da cintura quente, apertando com força, a empurrando contra a superfície. ────O nosso, Verônica? É esse caso que você quer resolver? ────Os olhos claros desciam para o pescoço com veias bem ressaltadas, e depois para o peito que subia e descia rapidamente.
As mãos, antes trêmulas demais, agora estavam estáveis o suficiente para subirem na mesma medida, desaguando na nuca da delegada. O toque se fixara ali, apertando o suficiente para traze-la em sua direção, deixando os lábios a uma distância perigosa.
────Não vai me convidar para entrar e discutir o caso? ────As posições eram invertidas a medida que o nariz de Berlinger franzia minimamente, em um claro sinal de provocação.
────Entra... Não é como se eu precisasse convidar, né? ────A sala estava a meia luz naquele momento, porém o desejo a cegava bem demais para prestar atenção em qualquer coisa que fosse.
Os corpos acabavam por bater em móveis ao caminhar, não se importando com o barulho que faziam naquele horário. Os dedos de Verônica subiam em direção aos fios macios, os apertando com a mão cheia, os puxando para trás. Um suspiro satisfeito fora dado, ao que ela olhava Anita a sua frente por alguns segundos. A mulher sempre tão imponente parecia se desmantelar com o mínimo de sua proximidade.
────Você quer isso também, não é? Da mesma forma que eu! ────Os fios eram puxados um pouco mais, virando um tanto o rosto da delegada, que sorria como uma perfeita cafajeste.
────Quem está negando aqui desde o começo é você, Verônica... Não sou eu. ────A boca quente se aproximava de seu pescoço em completa abertura, fazendo sua postura acabar por cair de vez, sentindo a língua da escrivã deslizar em seu ponto de pulso. Um gemido baixo fora o suficiente para o toque em seu cabelo se tornar ainda mais forte. ────Hm Verônica. ────Seus lábios se abriam sem nenhum pudor algum ao deixar a frase sair lenta, mordiscando o inferior a medida que a dor se convertia em prazer, como já lhe era comum.
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"Ah Aline eu vou gritar na sua porta porque você terminou assim". Não grite rs.
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Under a secret | veronita fanfic
FanfictionQuantos segredos São Paulo era capaz de guardar sob suas luzes coloridas e prédios bem apessoados? O casamento de Verônica e Paulo sempre fora sinônimo de harmônia para quem quer que tivesse o prazer de cruzar o caminho dos dois, uma paixão avassal...