Capítulo II

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Após reclamar o suficiente, Takemichi se desencostou daquela parede de madeira velha e olhou ao redor, sem ter muita ideia sobre o que deveria fazer exatamente, e sem muita segurança em andar por aí a vontade.

– Precisa de ajuda, intruso? – se assustou ao ouvir uma voz ao seu lado, se virando rapidamente, em busca da pessoa pertencente à aquela voz. Ao encontrar o dono da voz, relaxou um pouco com a figura sorridente. Um garoto loiro de olhos esverdeados, muito bonito.

– 'Ele parece legal.' – apertou a alça de sua bolsa nervoso ao se lembrar dos acontecimentos anteriores. – 'Mas o capitão também parecia ser gentil..' – suspirou pesadamente, parecia abalado ao se lembrar novamente da situação em que havia se metido.

Takemichi estudou o garoto desconhecido por um momento, ponderando se deveria confiar nele ou não. A cortesia do sorriso do garoto, infelizmente, fez com que Takemichi decidisse abrir-se um pouco. Mas claro que não confiaria nele, ninguém ali poderia ser confiável. Eram piratas, o pior tipo de ser humano nos mares, sempre roubando e matando pessoas inocentes. Respirou fundo e forçou um sorriso igualmente gentil.

– Na verdade, sim. Estou um tanto perdido por aqui. – Takemichi respondeu, tentando manter sua voz firme apesar do nervosismo que ainda sentia. – Acabei me metendo nessa situação complicada e agora não sei muito bem como sair dela. – O garoto loiro inclinou a cabeça levemente, parecendo intrigado. – tenho minhas suspeitas. – riu divertido, tampando o sorriso com suas mãos. – o capitão pode ser um pouco intenso demais as vezes, mas acredite, ele não é tão ruim como tenta parecer.

Takemichi hesitou por um momento, decidindo até que ponto poderia confiar em um bandido como esse. – não sei não. Ele parecia que ia me matar a qualquer momento. – se assustou com a gargalhada alta que o outro soltou, confuso. – eu disse que ele não era tão ruim como parece, mas se ele quiser, pode te matar a qualquer momento mesmo, puft hahaha! – voltou a rir com vontade, enquanto Takemichi se sentia mais apavorado do que nunca – 'todos nesse barco são malucos ou o que?!'

A conversa repentina que estavam tendo deixou Takemichi ainda mais perplexo e desconfortável. Ele percebeu que estava rodeado por uma tripulação imprevisível e se duvidar, até mesmo perigosa. Mesmo assim, sentiu-se compelido a tentar descobrir mais informações sobre o redor, sabe, por proteção. Lembrou de seu pai ter lhe dito uma vez que; estudar o inimigo e estar sempre acima dele intelectualmente, irá transformá-los em um simples coelho indefeso, que será caçado e terá suas entranhas servidas em pratos de ouro para o caçador.

– Então... você está dizendo que eu devo confiar no capitão? – perguntou Takemichi, buscando entender melhor o que estava acontecendo, e conseguir pelo menos alguma dica de como não morrer pelas mãos daquele maníaco loiro.

O garoto de brinco sorriu de maneira enigmática. – não estou te dizendo para confiar cegamente. Mas o capitão, apesar de sua aparência intimidadora, tem um código próprio. Ele não gosta de desperdiçar recursos, se é que você me entende. – sorriu levemente se aproximando mais do moreno.

Takemichi tentou processar essa informação, mas seu instinto ainda estava em alerta máximo. Ele não tinha certeza se poderia confiar em qualquer um a bordo daquele navio pirata. – O que você quer dizer com "código próprio"? – perguntou Takemichi, intrigado, porém totalmente cauteloso ao mesmo tempo.

– Vou te dar um conselho, parceiro. – Takemichi estranhou a informalidade na fala do outro, completamente desacostumado com esse tipo de interação. Aproximando-se um pouco mais de Takemichi, alargou seu sorriso sugestivo. – Se você quer sobreviver nesse lugar, precisa aprender a navegar nas águas turbulentas. Às vezes, seguir o fluxo é mais seguro do que lutar contra a maré.

Corsário da meia noite (Mitake)Onde histórias criam vida. Descubra agora