52_ O meu sofrimento faz com que você se sinta melhor?

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Torry Jasper

Pego o gloss e começo a passar nos meus lábios vagarosamente. Sim, eu voltei a passar maquiagem, a cuidar mais de mim sabe. Eu me sinto bem, e mais linda ainda.

É incrível saber que não tem nem duas horas que o Thales saiu daqui. Faz duas semanas que ele dorme comigo e para não sermos flagrados, nós colocamos alarme. Ele acorda todos os dias com o alarme ou mesmo antes.

O mais engraçado de tudo isso é que nós ainda brigamos e teve dias que nós dormimos brigados. Termino de passar o gloss e pisco um olho para o meu reflexo no espelho antes de encarar o meu quadro e sorrir.

Eu desenhei o pingente que o Levi me deu e ao lado eu desenhei um coração, os dois causam um turbilhão de sentimentos. Um deles causa um sentimento ruim.

Pego o quadro e a minha mochila e depois saio do quarto. Desço as escadas e vou direto para a cozinha onde encontro as gêmeas e a minha tia comendo.

- Bom dia. - Cumprimento guardando o quadro no chão ao lado da cadeira e me sento na mesma.

Ninguém me responde e eu levanto o olhar confusa. Maria Isis estava com os olhos arregalados assim como a tia Julia e a Maria Eduarda.

- O que vocês...

- Mãe, chame um médico. - Falou a Maria Isis assustada deixando o garfo cair na mesa.

- Acho melhor uma ambulância. - Disse a Maria Eduarda ainda chocada.

- Você está bem, querida? - Perguntou a minha tia largando o café na bancada e se aproximando de mim. - Está com febre? - Perguntou tocando na minha testa, apreensiva.

- Acho que vocês é que estão com febre. - Acusei totalmente confusa. - O que deu em vocês?

- Você nunca nos dá bom dia. - Declarou Maria Isis.

- A menos que seja com um insulto no final. - Continuou Maria Eduarda.

- Ou para pedir algo. - Completou a Tia Julia e eu abri a boca chocada.

- Quem vocês pensam que eu sou? - Perguntei ofendida.

- Uma pessoa cruel. - Maria Eduarda respondeu.

- Falsa. - Continuou a Maria Isis.

- Você até está mexendo no celular enquanto a gente está falando. - Falou a tia Julia e eu sorri amarelo, largando o celular na mesa.

É claro que mexer no celular não impede de eu escutar o celular enquanto elas falam. Até porque eu oiço com os ouvidos e não com os olhos.

- Eu só quis dar bom dia. - Falei e em seguida dei uma mordida no meu pão.

- Assim, animada? - Perguntou Maria Isis e vi a minha tia sentada na mesa tomando o seu café.

Em que momento ela foi pra lá?

Será que sou assim tão ignorante que eu nem percebi em que momento ela foi parar ali?

- Quem disse que eu estou animada? - Perguntei.

Elas me encararam de cima à baixo.

- Você parece outra pessoa. Você anda tão animada e se eu não te conhecesse diria que você está apaixonada. - Falou a Maria Isis e eu revirei os olhos.

Eu agora estava deixando o quadro na sala de artes assim como os meus colegas só que os quadros estavam tapados e assim tinham que ficar até depois dela avaliar. Ela só colocará os melhores quadros no corredor para que todos vejam.

Eu espero não ter que voltar a fazer porque se o meu não tiver exposto eu tenho que voltar a fazer, o que é uma chatice porque pintar é tão difícil.

Ou talvez foi porque eu pintei uma semana antes e não um mês antes como os outros.

- Você ainda não vai me falar o que você desenhou? - Perguntou a Coroína enquanto saíamos da sala.

- Não. - Respondi e ela bufou.

- Isso é injusto! Eu te falei o que eu desenhei. - Reclamou e eu dei de ombros.

- Porque você quis. E desenhar lábios, digamos que... não é grande coisa. - Falei simples e pelo canto do olho vi a Coroína me encarar incrédula.

Ela não disse nada apenas parou de andar e eu continuei, não me importando com a sua reação. Isso logo passa.

O sino começou a tocar e não demorou muito para o corredor encher de gente. Parecem formigas. Uma garota chama a minha atenção e não é a garota que acabou de tossir na cara de uma outra garota mas sim uma garota de cabelo rosa que gosta de brincar com vibradores.

Eu não consigo mais negar, eu estou com muitas saudades da Barbie de quinta categoria. E eu não deveria sentir isso porque eu não mereço ter amizade de uma pessoa como a Ana Liz, eu vou acabar destruindo ela.

Mas eu não aguento mais ter que ficar longe dela e ver ela rindo com outras garotas como agora. Eu sei que eu sou a pior pessoa mas eu sinto um afecto pela Ana Liz.

Caminho passos rápidos e decidida a fazer isso.

Afinal de contas, o sofrimento adora companhia.

- Precisamos conversar. - Falei assim que cheguei onde estava a Ana Liz. Ela se virou lentamente para mim quase surpresa por me ver.

Ela intercalou os olhares com as meninas e depois voltou o olhar para mim, confusa.

- Você quer conversar comigo? - Perguntou.

- Sim, podemos?

Ela me encarou por segundos como se estivesse processando as minhas palavras. Então ela cruzou os braços e disse: — Não.

Eu suspirei colocando as mãos na cintura.

- Se não vai ser por bem, vai ser por mal. - Dei um sorriso diabólico e antes que a Ana Liz falasse alguma coisa eu agarrei o seu braço e comecei a puxar ela.

- Me solta. - Ana Liz se debatia mas era em vão, eu não estava disposta a soltá-la. Todos encaravam a gente no corredor mas eu não me importava, eu só queria falar com a Ana Liz. - Torry, me solta.

Eu arrastei ela por mais alguns corredores até uma sala vazia e assim que entramos nela eu soltei a Ana Liz e tranquei a porta ficando contra a mesma para ela não sair.

Eu encarei a Ana Liz que parecia furiosa comigo e com razão.

- Você ficou maluca de vez? - Gritou. - O que você quer? Me ofender mais do que já ofendeu? - Perguntou com dor na voz e eu senti um nó na garganta. - Você não percebe que só tem me machucado? O quê? O meu sofrimento faz com que você se sinta melhor? - Ela tinha acabado de explodir e eu sentia o meu coração apertar o meu peito. - Eu já aceitei o facto de que você não será a minha amigas mas por favor pare de me fazer sofrer. - Implorou.

- Pare de me quebrar, por favor. - Suplicou. - Eu-

- Desculpa. - Falei e ela me encarou perplexa.

- O que...

Eu me aproximei dela.

- Eu sinto tanta a sua falta, Ana Liz.

Continua

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