“Falavam que eu tenho sorte. Eu disse-lhes que tenho audácia”– Carolina Maria de Jesus
Universidade Federal de São Paulo, 27 de abril.Verônica Torres estava vivendo o que sempre sonhou, em todas as suas fases que se recorda. Aprovada em Direito. Era a sensação de um milagre particular que só a mesma entendia, que só a mesma sentia. Verônica Torres sempre soube que a audácia, a sede de viver, a levariam longe, a levariam ao seu sonho.
Mas o que Verônica necessitava, era saber se sua audácia a levaria ao seu desejo: Anita Berlinger. Sua professora de Direito Penal, Anita, não era uma mulher comum. Para Verônica, Anita era um ponto cego, era algo desconhecido, era envolvente.
Queria ser sua sinfonia, estar na sua pele, necessitava que o maldito espaço gritante entre as duas deixasse de existir, queria que Anita Berlinger fosse a mulher a ocupar sua cama por todas as noites e manhãs. Tinha sua vida inteira para carregar, tudo que já atravessou-lhe amargamente o peito, mas seu fardo mais pesado sem dúvidas, era esconder o quanto ansiava pela mulher de fios dourados.
A mulher que adentrou sua sala e jamais fora retirada do interior de Verônica, dos seus pensamentos. A mulher, aquela mulher... De onde vem essa mulher? Quem a fez? Quantos interiores ela adentrou até aqui? Verônica queria Anita para si. Queria seus olhos verdes e insinuantes fixados em seu corpo, queria suas mãos firmes envolvendo sua cintura, queria seus lábios vermelhos deixando rastros em sua pele, queria ser a dona da sua cabeça, queria possuí-la.
— E com isso, encerramos nossa aula de hoje. Lembrem-se de revisar o código penal para próxima semana. Boa noite. — os pensamentos de Verônica são interrompidos pela voz que protagoniza seus pensamentos.
Anita, no centro da sala, sorri levemente. Com passos largos que vão até sua mesa, onde recolhe suas pastas e se retira, dando um último aceno com a cabeça, deixando os alunos em uma conversa entretida após o fim da aula.
Aos olhos de Verônica, Anita era dona de um corpo escultural e muito bem desenhado, tinha braços levemente musculosos e mãos com veias marcadas, saltitantes. Trajando roupas sempre em tonalidades escuras, que deixavam seu pescoço marcado, que destacavam a cor pálida da sua pele. Com as unhas de coloração cinza, lábios cor de sangue que pareciam sussurrar segredos, olhar penetrante, Anita Berlinger era envolta por uma aura impermeável, indescritível. Como uma personagem que pertencia a um suspense, Anita beirava à magnitude. E se existia um jogo na vida, Anita era a dama no xadrez.
Verônica recolheu seu material e levou pouco menos de 10 minutos para completar seu caminho até o estacionamento. Preferia sair pelo estacionamento, que pela entrada da universidade: era mais próximo de sua casa, e menos movimentado. Verônica preferia assim, era mais prático e conveniente para si.
Ao chegar no estacionamento parcialmente vazio, Verônica avista Anita, não muito longe, encostada em seu Jaguar F-Pace, teclando em seu celular. Provavelmente estava ali há um tempo, inerte no aparelho.
Anita ao ouvir passos, permanece encostada em seu carro, desviando o olhar do celular e vê sua aluna Verônica, da turma da última aula, que ocorreu há pouco. Seus olhos verdes fitam Verônica de cima a baixo, mantendo-se na mesma posição, apenas seu olhar se movimenta. Seu olhar penetra Verônica, que quase como um ímã, aproxima-se.
— Professora, que bom que te vi. Na aula sobre Responsabilidade Penal, surgiu uma dúvida. Quando exatamente uma pessoa pode ser considerada culpada por omissão? — o tom de Verônica era calmo, parecia interessada. De fato estaria, se já não soubesse sobre tal assunto. A verdade, era que Verônica queria um motivo para apenas ela ouvir as explicações da sua professora naquele momento.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Fascínio - Veronita
FanfictionVerônica Torres, estudante de Direito, encontra-se intensamente seduzida por sua professora de Direito Penal, Anita Berlinger. Verônica, envolvida pelo desejo proibido, questiona não apenas o mundo da lei, mas também os limites de sua própria fixaçã...