Após receber um convite do chá revelação da prima Vívian de ver doida ao ter que reencontrar a família após anos do pior acontecimento de sua vida, ao se ver num beco sem saída ela não tem outra escolher a não ser levar seu vizinho o apresentando co...
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A relação de Vivian com seus sobrinhos era, por assim dizer, uma verdadeira aventura. Sua paciência para lidar com crianças era bastante limitada — tanto que eles aproveitavam para fazer o que queriam, só para evitar tirá-la do sério.
— Tília: Eu não gosto desse pão! — cruzou os braços, em plena birra.
— Gabriel: Quer que eu corte ao meio? — perguntei, e ela concordou com um aceno. Cortei o pão, mas, para minha surpresa, ela se emburrou de novo.
— Gabriel: O que foi agora?
— Tília: Nada, obrigada! — respondeu, passando generosamente requeijão no pão. Lancei um olhar para Vivian, que suspirou fundo e balançou a cabeça, claramente rendida à situação.
Enquanto Tília fazia tempestade por causa do pão, Jorge se esbaldava, comendo de tudo: tapioca com Nutella, iogurte, pão com queijo, suco... parecia que tinha ganhado uma maratona gastronômica.
— Vivian: Chega! — cutucou Tília. — Já está ficando gulosa demais. — Jorge largou a tapioca, bebeu um copo d'água e fez uma careta.
— Vivian: Está doendo, né? — perguntou, e ele assentiu, fazendo uma careta digna de novela.
— Vivian: Não para, rapaz! — disse, impaciente. — Vamos dar uma volta, isso ajuda a aliviar.
Ela saiu, e fiquei sozinho à mesa com Tília. Como meus sogros foram conversar com os donos da pousada, ficamos os dois.
— Tília: Queria minha mãe! — disse, com os olhos marejados.
— Gabriel: Já ficou tanto tempo longe dela assim?
— Tília: Só na escola. — Secou a lágrima, um verdadeiro charme.
— Gabriel: Então finge que está na escola. Qual é a sua brincadeira favorita?
Ela sorriu, sapeca.
— Tília: Eu sei trançar cabelo.
— Gabriel: Ah, é? — coloquei a mão na nuca, meio desconfortável.
Tenho um nervoso enorme quando alguém passa a mão na minha cabeça, mas ela claramente sentia falta da mãe, e se a tia dela cortava meu cabelo, por que não deixar que ela fizesse uma trança?
— Gabriel: Você trouxe alguma coisa para fazer penteados?
— Tília: Um monte de coisas rosas! — chamou-me para sentar numa poltrona próxima.
Sentei-me no chão, e ela na poltrona, começando a puxar meu cabelo com uma força desumana. A dor era quase um ultraje.
— Gabriel: Tem outro penteado aí? — olhei para ela. — Esse está me machucando.
Ela franziu o cenho e estalou os lábios, impaciente.
— Tília: Esses homens são moleza, não aguentariam um dia sendo mulher! — sussurrou com firmeza. Sorri, sem jeito.